MEMÓRIA

Núcleo de Animação produz filme sobre Castro Mendes

Curta-metragem de Maurício Squarisi resgata a história do ilustre campineiro que dá nome ao teatro

Fábio Trindade
02/10/2013 às 21:20.
Atualizado em 25/04/2022 às 01:10
A atriz e jornalista Katia Fonseca durante gravação do curta-metragem 'Zeca', do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas ( Divulgação)

A atriz e jornalista Katia Fonseca durante gravação do curta-metragem 'Zeca', do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas ( Divulgação)

Você sabe quem foi José de Castro Mendes? Bom, que pelo menos há um teatro com seu nome na Vila Industrial, em Campinas, isso provavelmente sabe. Aliás, o único teatro público em funcionamento da cidade. Portanto, ele deve ser alguém ligado ao tema, talvez um ator, ou maestro, como Carlos Gomes. Será? Poucos têm propriedade para dizer, exatamente, quem foi Castro Mendes, mesmo ele sendo uma importante figura na história de Campinas. Isso, simplesmente, porque a trajetória desse ilustre personagem se perdeu com o tempo, sendo pouca explorada. Felizmente, um equívoco que será sanado muito em breve.“Neste dia 26 de janeiro de 1970, foi encontrado morto em sua cama, o campineiro José de Castro Mendes, um dos maiores e mais fidedignos historiadores — além de talentoso artista — que Campinas já teve.” Esse parágrafo, que anuncia a morte do campineiro, poderia ter sido retirado de qualquer reportagem da época. Afinal, foi a mais triste notícia daquele dia. Mas, na verdade, o texto é o início do curta-metragem 'Zeca', desenvolvido pelo Núcleo de Cinema de Animação de Campinas contando a vida do historiador, escritor, pintor, jornalista, poeta, fotógrafo e cronista que fez tanto pelo município onde nasceu, viveu e morreu.Foi em 27 de junho de 1901 que o município ganhou esse personagem, um homem que dedicou boa parte da vida justamente à história da cidade, por mais contraditório que isso possa parecer hoje em dia, já que praticamente ninguém sabe quem ele foi realmente. Esse artista empregou seus múltiplos talentos na busca pelo passado, resgatando em seus textos e imagens um município que não existia mais. Mendes trabalhou no Correio Popular de 1927 (ano da criação do jornal) até o final de sua vida, publicando inúmeras séries a respeito de Campinas, sendo a mais famosa delas 'Retratos da Velha Campinas', na década de 50.“Poucos sabem, por exemplo, que Castro Mendes foi um dos maiores opositores da derrubada do Teatro Municipal Carlos Gomes, em 1965, demolido pelo prefeito Ruy Novaes e que nunca mais foi reconstruído. Tanto que, poucos anos depois, quando o novo prefeito, Orestes Quércia (1938-2010) comprou o Cine Casablanca e o adaptou para teatro, foi novamente Castro Mendes quem fez campanha para que se remontasse 'O Guarani' no local em comemoração aos 100 anos da ópera, em 1970. Só que ele morreu antes de conseguir concretizar o fato, e então a campanha passou a ser feita para que o teatro levasse seu nome”, conta Maurício Squarisi, idealizador do projeto do filme.Essa é apenas umas das história envolvendo Castro Mendes. “Ele teve um trabalho muito importante no Instituto Agronômico de Campinas, fez uma série de aquarelas retratando as fazendas do Interior do Estado. Tanto que boa parte delas está no Instituto, já que ele também se aposentou lá. Ele fez tirinhas para o Diário do Povo, contando sobre a fundação de Campinas, em uma época em que as tirinhas nem tinham humor. Trabalhou anos e anos no Correio Popular. A biografia dele é impressionante”, completa Maurício.RoteiroO curta-metragem foi idealizado como se fosse uma reportagem que seria publicada no dia da morte de Castro Mendes. Além da animação em desenho, o projeto conta com a participação da atriz e jornalista do Grupo RAC, Katia Fonseca. “Eu sou a jornalista que chega na redação para escrever essa notícia e, a partir dela, como normalmente acontece em reportagens desse tipo, eu conto toda a trajetória do noticiado”, diz Katia, responsável também pelo texto de 'Zeca', forma como Castro Mendes era conhecido.“Eu conheci a história dele com o curta. O Maurício fez todo o trabalho difícil, a pesquisa necessária para conseguir contar essa trajetória, e me passou tudo muito mastigado para escrever o texto. Claro que eu sabia que ele dava nome ao teatro, mas eu realmente achava que ele era alguém apenas ligado à área teatral. Me surpreendi com a pluralidade desse artista”, diz a jornalista. Rodado no Palácio dos Azulejos, local encontrado para reviver a época, 'Zeca' tem previsão de ser lançado em março do ano que vem no Teatro Castro Mendes, claro. E, com isso, não há mais como ter desculpas para desconhecer essa pessoa que marcou Campinas. 

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