Novo samba de Bruna Volpi é um manifesto feminino

Escrito por Bruna Volpi e musicado pelo maestro e compositor RildoHora, o samba "Cala a Boca Já Morreu" aborda as regras sociais que tentam moldar e limitar as mulheres em cada fase da vida, desde a infância até a vida adulta. Como um grito de resistência—com melodia envolvente e uma letra afiada —, a canção desafia as imposições históricas sobre o que uma mulher pode ou não pode fazer e chega às plataformas musicais" para inspirar, provocar e, acima de tudo, ecoar as vozes de todas as mulheres que se recusam a se calar", diz a cantora. Lançado no dia 11 de março, o novo samba pode ser ouvido gratuitamente pelos links disponíveis no Instagram @calaaboca_jámorreu 

Bruna Volpi, artista multifacetada e apaixonada pela  música brasileira, sempre repete ter como missão fazer com que o samba volte para as paradas de sucesso, ocupando um espaço proporcional à sua importância. 

"Na cultura brasileira, o samba não é só um ritmo, ele é cultura, é história e tem importância social, pois nasceu num contexto de resistência e de luta", afirma. É nesse contexto que ela firmou parcerias importantes em sua  carreira, como por exemplo com Rildo Hora, responsável por cuidar da carreira de vários artistas, como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Elza Soares e outros. O maestro, compositor, gaitista e produtor cultural foi responsável pela melodia do novo samba e confessa que "foi fácil, pois a letra que ela me mandou era um poema bem feito, elegante e inteligente, já com ritmo, digno da maior cantora  de samba da atualidade.” 

Bruna conta que uma noite estava se preparando para dormir, quando sua mente hiperativa começou a enviar lembranças e cenas de infância. "Sempre fui fora da curva, sem me encaixar naqueles papéis de gênero impostos pela sociedade", relata. O sono foi embora e trouxe para perto o papel e a caneta, para registrar o filme que se passava em sua mente, com as normas ouvidas inúmeras vezes. "Era tão comum eu escutar—e ainda escuto—que não pode fazer tal coisa porque é menina, ou por ser mulher, que eu fui relembrando e em cinco minutos tinha escrito uma letra. No dia seguinte mandei para o Rildo avaliar e logo ele me retornou com a melodia, foi assim, tudo muito rápido, uma enorme sintonia e logo fizemos a gravação, com orientações dele para a produção", conta. 

O resultado foi uma enorme visualização do vídeo postado pela artista no Instagram no dia 11 de março, que alcançou até a semana passada 130 mil visualizações e 2 mil compartilhamentos. Esse resultado foi considerado surpreendente por se tratar de um vídeo longo postado sem o uso de ferramentas de impulsão.

"Tenho recebido muitas mensagens de mulheres que se emocionaram e se identificaram com a canção", comenta Bruna. Ela explica que o título "Cala a Boca Já Morreu" resgata a famosa frase usada por gerações para reafirmar que ninguém pode silenciar o outro. Rildo Horta atribui a repercussão do novo samba à temática tão atual da luta das mulheres pela igualdade, mas também pela qualidade do trabalho e pela voz potente e afinada de Bruna, que ele considera "uma das melhores cantoras de samba da atualidade".

A campineira Bruna Volpi começou sua jornada musical ainda criança—aos 8 anos de idade—com formação no Conservatório Carlos Gomes e no Conservatório de Tatuí e, além de estudos de canto e teatro, também se dedicou à fisiologia da voz. Tem mais de 40 canções lançadas em todas as plataformas digitais, três álbuns e um EP em parceria com Nelson Rufino, participação em shows de artistas como Dudu Nobre e Xande de Pilares e, no ano passado, sua música "O Que é Puta Pra Você?"— feita em parceria com Chiquinho dos Santos—viralizou no Tik Tok, alcançando mais de 6 milhões de reproduções.

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