ERUDITO

Novo disco traz Villa-Lobos segundo Mário Adnet

Compositor, violonista e arranjador lança o CD Um Olhar Sobre Villa-Lobos

Kátia Camargo
19/02/2013 às 15:44.
Atualizado em 26/04/2022 às 04:03
O músico Mario Adnet (Divulgação)

O músico Mario Adnet (Divulgação)

Mesclando elementos de sua memória afetiva com o que acredita fazer parte de sua mais pura essência, o compositor, violonista, arranjador e produtor carioca Mário Adnet lança o CD 'Um Olhar Sobre Villa-Lobos' (Borandá, R$ 34,90). Para interpretar as obras do conterrâneo Heitor Villa-Lobos (1887-1959), a quem considera o pai da música contemporânea brasileira, Adnet convidou cantores como Edu Lobo, Mônica Salmaso, Milton Nascimento, Muiza Adnet e Paula Santoro e violonista gaúcho Yamandu Costa.

“Para mim, Villa-Lobos musicalizou o Brasil. Ele influenciou e continua influenciando muitas gerações. Quando você escuta as bachianas e os choros, vê que está tudo lá. O próprio Villa-Lobos dizia que suas músicas eram cartas que ele escreveu para a posterioridade, sem esperar resposta. A música dele tem o poder muito grande de beneficiar as almas, ser interiorizada por muitas pessoas. Por isso, acredito que mereça ser destacada sempre”, afirma Adnet.

O compositor conta que na infância e na juventude era muito comum ouvir as músicas de Villa-Lobos em casa. Sua mãe estudava canto e o coral que integrava chegou a se apresentar para Villa-Lobos. “Posso dizer, com segurança, que ele lavou a alma de várias gerações que passaram a gostar de música por sua causa. Colocou todo o Brasil para cantar, sem distinção de classe social, em colégios e nos estádios de futebol”, ressalta Mário.

A proposta inicial de Adnet era mostrar a música de Villa-Lobos sem fronteiras, e a escolha do repertório foi intuitiva. “Eu e minha filha Joana escolhemos aleatoriamente as canções. Depois percebemos que tínhamos coberto todas as fases de sua vida. Com isso, o CD acabou virando um passeio por várias décadas”, conta.

No processo de criação dos arranjos e orquestrações, ele afirma que quase não interferiu. Mas algumas músicas que eram para piano ganharam orquestra. Temas com canto lírico foram transpostos para o popular sofisticado. “Não mexi muito, porque é genial. Não desconstruí. Não desmontei o que ele fez”, conta Mário.

O CD conta com 14 faixas, entre elas composições como Realejo, Tristorosa, Trenzinho do Caipira, Dança - Martelo, Ária, Cantilena e outras. Peças instrumentais também integram o CD, que conta com participação do violonista Yamandu Costa.

Mário Adnet

Mário Adnet é compositor, violonista, arranjador e produtor carioca. Atua profissionalmente desde 1980, quando foi lançado o disco Alberto Rosenblit & Mario Adnet. Em 1984, lançou seu primeiro disco solo, Planeta Azul. Nos anos 90, passou a ser gravado no Exterior por intérpretes como Lisa Ono, Charlie Byrd, Chuck Mangione, entre outros. Em 1994, Tom Jobim incluiu em seu último álbum, Antonio Brasileiro, o arranjo de Maracangalha (Dorival Caymmi) feito por Adnet, o que projetou seu trabalho. Em seguida, lançou o CD Pedra Bonita, com a participação de Jobim, e excursionou pelo Japão ao lado de Lisa Ono. Em 1999, lançou o CD Para Gershwin e Jobim gravado entre o Rio e Nova York. Depois vieram Villa-Lobos — Coração Popular (2000) e o segundo volume de Para Gershwin & Jobim, além de produzir, ao lado do saxofonista Zé Nogueira, o álbum duplo premiado Ouro Negro, dedicado à obra do maestro Moacir Santos.

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