Inspirada na obra de Jane Austen, novela promete prolongar boa safra de tramas de época na Globo
As mulheres da família Benedito: Ofélia (Vera Holtz ) com as filhas Elisabeta (Nathalia Dill), Jane (Pamela Tomé), Cecília (Anaju Dorigon), Lídia (Bruna Griphão) e Mariana (Chandelly Braz); matriarca é capaz de fazer de tudo para arranjar bons maridos para as suas meninas (Divulgação)
A influência da obra de Jane Austen no cinema é notável. Desde os anos 1940, seus livros e contos são adaptados ou servem de inspiração para comédias mais leves como O Diário de Bridget Jones e As Patricinhas de Beverly Hills. E, sobretudo, para longas de prestígio e reverentes aos textos originais, casos de Razão e Sensibilidade, de 1995, e Orgulho e Preconceito, de 2005. Dramaturga inglesa que em pleno século18 contrariou a hegemonia de escritores e protagonistas masculinos, Austen se destacou ao colocar questões do universo feminino como centro da ação de suas histórias e segue como referência, agora na teledramaturgia com Orgulho e Paixão, próxima novela das seis da Globo. Com previsão de estreia para o início de março, a ideia de fazer um apanhado dos textos da escritora e transformá-los em uma novela surgiu da cabeça do roteirista Marcos Bernstein e logo animou os executivos da Globo, que escalaram o diretor Fred Mayrink para a empreitada. "A obra da Jane Austen tem tudo o que um bom folhetim precisa para encantar o telespectador. Minha ideia foi trazer essas histórias para o Brasil do início do século 20 e ambientá-la durante o ciclo de ouro do café. É uma forma de aproximar o texto à nossa realidade", conceitua o autor. Na trama, em uma sociedade onde o casamento é visto como o único futuro possível para uma jovem que se preze, Ofélia, de Vera Holtz, tem muitos motivos para se preocupar. De forma incansável, a matriarca da família Benedito é capaz de tudo para arranjar um bom casamento para suas cinco filhas, Elisabeta, Mariana, Jane, Cecília e Lídia, personagens de Nathalia Dill, Chandelly Braz, Pamela Tomé, Anaju Dorigon e Bruna Griphão, respectivamente. Quem não compactua muito com essa ânsia de lucrar com o matrimônio das cinco filhas é o patriarca do clã, o modesto Felisberto, de Tato Gabus Mendes. É ele quem vai apoiar todas as decisões da primogênita, Elizabeta, que não se encaixa nos padrões impostos pela mãe. Libertária e cheia de sonhos, ela tem uma ousadia natural em sua personalidade, que pode encantar ou afastar um possível pretendente. A jovem entra em conflito ao conhecer Darcy, de Thiago Lacerda, um homem de caráter admirável e com posição social elevada. Rico e aristocrata, ele desperta nela uma paixão arrebatadora. O amor entre a dupla, entretanto, só terá chances de acontecer quando Darcy questionar seus preceitos tradicionalistas e Elizabeta superar seu orgulho e se deixar levar pela paixão. "Minha personagem serve como um contraponto às regras. Mesmo apaixonada, ela não quer ser a esposa de alguém, quer continuar sendo ela mesma", garante uma encantada Nathalia Dill, protagonista da história. Cenário ideal Além de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito, livros mais famosos de Austen, o autor também faz referências às obras A Abadia de Northanger e Lady Susan, de onde retirou a trama de Suzana, vilã de Alessandra Negrini. Empregada de Julieta, de Gabriela Duarte, mulher que enriqueceu por meio do cultivo de café, Suzana sente uma inveja doentia da patroa e fará de tudo para tomar o seu lugar. "Julieta perdeu o marido e com muita desenvoltura consegue manter os negócios prósperos, a ponto de ser chamada de rainha do café. É uma personagem muito rica e com um figurino maravilhoso. As roupas, locações e cenários da novela são um show à parte", valoriza a atriz, que está desde Passione, de 2010, sem atuar em uma trama de forma integral. Em pré-produção desde meados do ano passado, Orgulho e Paixão encontrou o cenário ideal para as suas primeiras sequências em fazendas de Vassouras e Valença, cidades do interior do Rio de Janeiro que ainda resguardam o estilo colonial. Com todas as locações escolhidas, ao longo do último mês de dezembro, o diretor Fred Mayrink retornou ao local com uma equipe técnica reduzida e os atores principais para realizar as gravações iniciais. Depois das festas de final de ano, foi a vez de equipe e elenco visitarem as pequenas cidades mineiras de Mariana, Carrancas e Lavras. Os cafezais, ferrovias e cachoeiras dessas regiões terão grande destaque na trama. "A escolha dessas locações foi feita justamente para que haja uma diversidade de paisagens, com cachoeiras, matas, cafezais, de forma a criar um jogo de imagens, trazendo uma riqueza geográfica que ressalte a delicadeza que Orgulho e Paixão vai mostrar ao telespectador", detalha Mayrink. Elenco integrado viaja para o campo em clima afetuoso Segundo o elenco, que ainda é formado por nomes como Malvino Salvador, Ary Fountoura, Letícia Persíles, Bruno Gissoni, Maurício Destri e Agatha Moreira, o tempo gravando longe de casa foi essencial para que todos chegassem aos estúdios mais integrados. “Para o trabalho, é incrível essa vivência de viajar com a equipe. Vamos poder levar para o cotidiano de gravação essa experiência de campo, com essas sensações que vivenciamos, com uma energia e astral muito bons”, valoriza Nathalia Dill.