MEMÓRIA

'Noites Armoriais': para relembrar a boemia

As cenas de uma Campinas romântica e tranquila e sua transformação em uma grande metrópole são rememorados pelo músico José Maria Bueno

Delma Medeiros
delma@rac.com.br
15/09/2017 às 19:37.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:26

José Maria Bueno, ou JMBueno, o autor de 'Noites Armoriais': prefácio é de Zaiman de Brito Franco r (Guilherme Gongra/AAN )

As cenas de uma Campinas romântica e tranquila e sua transformação em uma grande metrópole são rememorados pelo músico José Maria Bueno, ou JMBueno, no livro  lançamento da Pontes Editores. A narrativa começa no final dos anos 50, desde sua infância nas ruas do bairro Taquaral, seguindo pela adolescência, envolvimento com a música e suas andanças depois por bares e casas noturnas de Campinas, locais que marcaram época. “Fui músico da noite campineira e trabalhei também em outras áreas, o que me permitiu uma visão global da trajetória de Campinas. Relembro a época de ouro no mundo e em Campinas, que começou na década de 1970 e seguiu até começo dos anos 80. Naquele período Campinas tinha uma vida noturna muito ativa e refinada. Não é um livro saudosista, mas uma forma de contar como era a vida naquela época até praticamente os dias atuais” , diz Bueno.  A começar pelo nome da publicação, que presta uma homenagem a um dos restaurantes dançantes mais chiques e elegantes da cidade, o Armorial, do saudoso Angelo Lepreri e sua Madame Solange. “Por lá passaram grandes pianistas da época, como Paulo Afonso, Arnold, Edmur, Hortêncio, Dindo e outros” , conta Bueno no capítulo dedicado ao restaurante. “Esta foi uma época que, para quem a viveu, deixou muita saudade”, diz. Bueno resgata da história outros locais marcantes, como o Monsieur Clicquot, a boate do Tênis Clube, os restaurantes Bahamas e Palácio do Chopp; os dancings Duton, Cangaceiro e Flor de Lys, as famosas casas Galo de Ouro, Boate Stop, Alcazar, sem esquecer a internacional boate El Cairo, febre entre os jovens da época pelos shows de strep-tease. E mais: o restaurante Buzon e as discotecas Mai-Tai, Apô, Xalé e tantos outros locais onde havia música e músicos. O escritor relembra até o figurino que era praticamente um uniforme para os jovens de então: “sapatos Top, calça Levis e camiseta Hang Ten” . O autor aborda também empresas pelas quais passou como funcionário administrativo, desde a Rivema, primeira concessionária Volksvagen do Brasil, passando pela Adere, indústria de adesivos; a Carborundum, de Vinhedo; a Ottocar, pioneira no comércio de automóveis, e a Varig S/A, na época a maior multinacional brasileira. Lembra ainda outros músicos como o compositor Evaldo Gouvea, as cantoras Dagmar e Soninha, o violonista Paulinho Nogueira e outros famosos que passaram pela cidade, como Dick Farney, Ivan Lins e Cauby Peixoto. Traz à tona até mesmos os professores do colégio Ateneu Paulista e a rivalidade entre os colégios Ateneu, Culto à Ciência e Cesário Mota. “Relato os fatos, locais e pessoas com isenção. Não faço julgamento se antes era melhor ou pior. Mas, com certeza era diferente”. O livro tem prefácio do jornalista Zaiman de Brito Franco. O processo de pesquisa e preparação da obra consumiu em torno de 4 anos de trabalho.

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