Nobre senhora de 90 anos

A Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas (OSMC) é Patrimônio Imaterial de Campinas. O registro foi aprovado na última quinta-feira pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc) e anunciado no mesmo dia pelo prefeito Jonas Donizete (PSB) e pelo diretor artístico e maestro titular Victor Hugo Toro, em coletiva de imprensa para informar sobre os eventos comemorativos pelo 90º aniversário da Sinfônica, a mais longeva em atividade no Brasil. “Queremos fazer uma temporada inesquecível pelos 90 anos, que começa com os concertos de abertura neste fim de semana e continua pelo resto do ano, com várias ações paralelas ocorrendo durante toda a temporada. O objetivo é fazer uma grande festa pelos 90 anos desta “nobre senhora”. E hoje (quinta) celebramos o registro de Patrimônio Imaterial. Pelo que sei, no Brasil, apenas a Sinfônica de Porto Alegre detém tal registro”, afirmou o maestro Victor Hugo Toro. “Teremos um ano de festa em que a Sinfônica reafirma sua importância como patrimônio cultural no cenário regional e nacional. Queremos olhar para o passado, para tudo o que tem sido construído nestes 90 anos e, assim, pensar e imaginar o que pode ser o futuro, redefinir o espaço da OSMC na sociedade atual e torná-la cada vez mais atuante e viva”, disse o maestro. Na programação do ano estão previstas três exposições temáticas; construção de acervo histórico da OSMC com materiais diversos ofertados pelos cidadãos; banco de dados de todos os concertos e apresentações com base no acervo do Centro de Memória da Unicamp (CMU); produção de programas relativos aos 90 anos que serão transmitidos pela TV Câmara; transmissão pela Rádio e TV Cultura de concertos relativos aos 90 anos; lançamento de livro; instauração da moeda “90 Anos OSMC” e realização de concurso de composição comemorativa. “Este ano é muito especial, primeiro pelo que a Orquestra representa como símbolo para a cidade e também por ser, senão a única, uma das poucas a chegar a esta longevidade, com tal dinamismo e excelência”, reforçou o prefeito Jonas Donizete. “Queremos convidar toda a população de Campinas e região a estar presente nesta grande festa que faremos durante este ano”, acrescentou, lembrando da importância da Orquestra para a terra de Carlos Gomes, o maior compositor operístico das Américas, que será foco de uma minissérie, O Selvagem da Ópera, escrita por Maria Adelaide Amaral, com estreia prevista para 2020 na Globo. O primeiro programa sinfônico da OSMC, que marca a abertura da temporada 2019, teve uma apresentação ontem para convidados, e prossegue hoje, às 20h, e amanhã, às 11h, no Teatro Municipal José de Castro Mendes, com entrada franca. Sob a regência do maestro Toro, o programa traz repertórios de Carlos Gomes, com três canções: Addio, Mon Bonheur e Mamma Dice; e a versão convertante da ópera Cavalleria Rusticana, do compositor italiano Pietro Mascagni, considerada uma das primeiras composições do realismo operístico italiano. Na ópera, o concerto tem a participação de cinco solistas – a soprano Tati Helene, o tenor Eric Herrero, o barítono Marcelo Ferreira, e as mezzo-sopranos Mere Oliveira e Juliana Taino. Participam ainda os coros Contemporâneo de Campinas, Collegium Vocalle de Campinas e Madrigal Vivace de Jundiaí, respectivamente sob as regências dos maestros Angelo Fernandes, Akira Kawamoto e Vasti Atique. CURIOSIDADES Durante a temporada 2019 a orquestra chegará as 500 apresentações com o maestro Victor Hugo Toro como diretor artístico e maestro titular. Em fevereiro a Orquestra fez uma série de 11 concertos didáticos para alunos da rede municipal de ensino, que alcançou cerca de 7 mil crianças de 48 escolas, sendo que muitas delas tiveram pela primeira vez a oportunidade de ir a um teatro e de ter a experiência de ouvir ao vivo “sua” Orquestra Sinfônica. Os concertos didáticos terão nova série em agosto e setembro. Uma homenagem a Cyro Pereira, que também teria cumprido 90 anos (em 2019). Homenagem também a dois dos maiores compositores brasileiros: Claudio Santoro (em 2019 se completa 100 anos de seu nascimento e 30 de sua morte) e Heitor Villa-lobos (lembrando os 60 anos de sua morte) Apresentação, pelo quinto ano consecutivo, no Festival de Campos do Jordão e participação no Festival de Música Contemporânea Brasileira (FMCB). Maestro Victor Hugo Toro completa 8 anos à frente da Orquestra, se tornando o segundo regente em longevidade, atrás apenas de Benito Juarez, que ficou por 25 anos. A ópera Cavalleria Rusticana é das mais conhecidas do compositor. Foi mostrada na cena que antecede o final do longa O Poderoso Chefão 3, de Francis Ford Coppola. O Intermezzo da ópera também foi apresentado no primeiro concerto da OSMC, em 1929, sob regência do maestro Salvador Bove. AGENDE-SE O quê: Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas - abertura da temporada Quando: Hoje, às 20h; e amanhã, às 17h Onde: Teatro Castro Mendes (Praça Corrêa de Lemos, s/nº, Vila Industrial, fone: 3272-9359) Quanto: Entrada franca PROGRAMAÇÃO COMEMORATIVA Três exposições durante o ano: Uma no Museu da imagem e do Som (MIS), com data a ser definida; outra com um elemento importante da história da OSMC, que será apresentado no foyer do teatro Castro Mendes em cada concerto da temporada; e uma galeria dos maestros titulares, exposta permanentemente no foyer do Castro Mendes Construção de um acervo histórico, com chamamento à população para fornecer qualquer material que tenha sobre a OSMC (ingressos, programas, recortes de jornal, fotos, vídeos, folders antigos, documentos, ingressos, gravações, curiosidades). Criação com o CMU de uma base de dados de todos os concertos e apresentações da OSMC nestes 90 anos (obras apresentadas, maestros, solistas, etc.) que estará disponível online no site da Orquestra para consultas. Produção pela TV Câmara de uma série de programas relativos aos 90 anos, que serão continuamente apresentados na programação habitual da TV, além de transmissão ao vivo de alguns concertos da temporada. Parceria com a Rádio e TV Cultura para transmissão dos concertos da temporada sinfônica deste ano. Lançamento do livro da musicóloga Lenita Nogueira, com todos os comentários para os programas da orquestra entre 2003 e 2016, projeto do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC). Desenvolvimento, com grupo da Unicamp, de um projeto de investigação relativo ao período de 1929 – 1974 (fundação da Orquestra até a entrada do maestro Benito Juarez) Instauração da moeda “90 anos OSMC”, que será entregue a pessoas e instituições de Campinas que têm sido fundamentais para construir o espírito da cidade, assim como é a Sinfônica. Concurso de composição em homenagem aos 90 anos, que vai selecionar três peças que serão estreadas na temporada 2020. Apresentação de três programas especiais na história da orquestra: em lembrança aos 35 anos da participação da Sinfônica na campanha das “diretas já! ” de 1984, apresentando o mesmo repertório que foi tocado na época (em abril); duas apresentações tendo como convidados antigos músicos que foram integrantes da OSMC, executando na íntegra o primeiro programa, apresentado dia 15 de novembro de 1929, e o primeiro programa quando foi oficialmente municipalizada, em 19 de março de 1968, sob regência de Luiz de Tullio (outubro); e um concerto especial para honrar os mortos e lembrar 1 ano da tragédia na Catedral Metropolitana de Campinas (11/12), apresentando o Requiem, de Mozart (dezembro).