Agora já dá para conhecer o final da trajetória de um dos maiores traficantes da história, um homem megalomaníaco e violento: são 10 episódios ao todo
Wagner Moura como o megatraficante colombiano Pablo Escobar em cena da segunda temporada de 'Narcos': quanto mais alto, maior o tombo... (Divulgação)
Quer um spoiler? Pablo Escobar vai morrer. OK, isso não é spoiler, é só um fato histórico que será narrado ao longo dos dez episódios da aguardada segunda temporada de 'Narcos', liberados para o público nessa sexta na plataforma Netflix. Basta conhecer um pouquinho sobre a vida de um dos mais emblemáticos traficantes que já existiram para saber que o colombiano não está mais vivo. E como a série estrelada por Wagner Moura e produzida por José Padilha mostra o incrivelmente surreal mundo dessa figura, é fato que uma hora ou outra veríamos ele partir dessa para uma melhor (pior?). E o momento chegou. Como mostra a primeira temporada, Pablo Emilio Escobar Gaviria construiu seu império de cocaína à base de subornos, violência, empreendedorismo, ousadia e muita confiança no seu taco. Mas os últimos dias do patrón não serão como ele espera. A megalomania do então sétimo homem mais rico do mundo permanecerá até o fim, já que ele ainda tem o claro objetivo de eliminar todos que se opuserem a suas ideologias. Mas desde o primeiro episódio do novo ano fica claro que não são apenas os agentes do DEA, Steve Murphy (Boyd Holbrook) e Javier Peña (Pedro Pascal), que ficarão no seu caminho. Finalmente, o governo colombiano vai enfrentar com dignidade o chefão do tráfico, deixando de lado os acordos mentirosos em cadeias decorativas explorados na primeira temporada. Sem contar que seus inimigos nesse comércio ilegal, como uma medida desesperada, vão unir forças para eliminá-lo, exatamente como ele fez com alguns cabeças de cartéis concorrentes e até com os próprios sócios (R.I.P. Kiko Moncada e Fernando Galeano). A guerra é declarada pelo presidente César Gaviria (Raúl Méndez) na première, graças aos acontecimentos do season finale do ano passado na prisão La Catedral. Escobar pode até ter escapado, mas sua vontade de continuar como líder do cartel, e isso quer dizer dando as caras publicamente por aí, em vez de desaparecer, foi uma atitude considerada a gota d’água por todos. É preciso agir de uma vez por todas para eliminar esse câncer que o país enfrenta. Mas, antes de mais nada, impossível não se divertir com a forma como Escobar engana todos em La Catedral e vai parar em segurança em uma de suas casas, sendo consolado pela família. A fuga é simples. “Senhor Escobar, sinto muito, mas tenho ordens para não deixá-lo passar”, diz um militar ao dar de cara com Escobar no meio da floresta que circunda a prisão. Ele, porém, responde, antes de continuar seu trajeto, impassível: “Eu é que peço desculpas, filho. Infelizmente, não posso permitir que isso aconteça”. O caminho, claro, é liberado pelos militares, que apenas o assistem partir. Pronto. São atitudes como essa, tão absurdas que passariam pela mais pura ficção fantasiosa, que deixam 'Narcos' interessante. Ver alguém, saído do nada, virar um bilionário, seja por qual motivo for, por si só é legal. Mas nada se compara com o que esse homem fez. Ter tanto dinheiro que foi preciso enterrá-lo por todo o país; enriquecer com a cocaína e tentar ser presidente; ter as chaves da cadeia onde está preso, podendo inclusive importar lagostas, montar um cassino, fazer festas regadas a prostitutas e até comemorar o aniversário com a família; matar quem quiser, a hora que quiser, onde for, e nunca ser nem investigado sobre isso; importar animais para colocar em fazenda particular, enfim... há inúmeras extravagâncias que tornam 'Narcos' um prazer assistir. E ver ele cair, pelo menos para este que vos escreve, é mais gostoso ainda. Felizmente, ainda não consigo torcer pelos vilões, só me divertir com eles. E, de verdade, já deu ver o que se ele tornou. Hora de mudar o disco. Mas como ele chegou alto demais, o tombo é proporcional, e por isso é melhor maratonar 'Narcos' o quanto antes. Aproveite.