MÚSICA

'Narciso em Férias' estreia em Veneza e no Globoplay

Caetano canta 'Hey Jude' para divulgar o longa sobre sua prisão pela ditadura

Estadão Conteúdo
06/09/2020 às 10:37.
Atualizado em 28/03/2022 às 16:40
Memórias de Caetano Veloso, como do dia da prisão, estão no longa (Divulgação)

Memórias de Caetano Veloso, como do dia da prisão, estão no longa (Divulgação)

Quando esteve preso por 54 dias, em 1968, Caetano Veloso pa</IP>ssou todo aquele tempo sem poder olhar-se no espelho. É daí que surge o título do documentário Narciso em Férias, que chega ao Globoplay nesta segunda-feira, dia 7. No mesmo dia, ocorre a estreia mundial do filme na 77ª Edição do Festival de Veneza. Serão três exibições, uma delas na principal sala do evento, na mostra Out of Competition. Único brasileiro na competição, por conta da pandemia a equipe do documentário sobre a prisão de Caetano Veloso durante a ditadura militar vai participar por Zoom. O longa tem direção de Ricardo Calil e Renato Terra, com produção de Paula Lavigne e coprodução da Videofilmes, de João Moreira Salles e Walter Salles. Calil e Terra já haviam dirigido juntos um outro documentário, Uma Noite em 67 (2010), sobre o Festival de Música Popular Brasileira de 1967. A prisão de Caetano aconteceu no dia 27 de dezembro de 1968, quando o cantor foi retirado de sua casa, em São Paulo, por agentes do regime militar que estavam à paisana. Naquele mesmo dia, Gilberto Gil também foi preso. Nenhum dos dois recebeu explicações sobre os motivos da detenção e os jornais foram impedidos pela censura de divulgar a notícia. Inicialmente, Caetano foi para uma solitária no Rio de Janeiro e uma semana depois foi transferido para outra cela. Na sexta-feira, 4, Caetano Veloso lançou, em suas plataformas digitais, uma versão da música Hey Jude, creditada contratualmente a Lennon e McCartney, clássico dos Beatles de 1968. A versão quer chamar atenção para a divulgação do filme Narciso em Fériasem que ele aparece com relatos sobre sua prisão durante a ditadura militar no Brasil. As memórias de Caetano estarão no longa, com passagens como no dia em que ele e Gil foram retirados de casa em São Paulo poucos dias depois de o AI-5 ser decretado. Fala ainda sobre os 54 dias que permaneceu encarcerado e diz sobre Hey Jude: "Me lembro nitidamente de que Hey Jude, dos Beatles, era a canção positiva. Quando tocava, era sinal de que ia melhorar minha situação, os portões iam se abrir, a luz ia ser vista de novo", diz no documentário. Apesar de ganhar esse significado para Caetano, a canção não tinha teor político em sua composição. Paul McCartney a fez sem a participação de Lennon depois de ver Julian Lennon, seu filho mais velho, triste e solitário com a separação de seus pais. 

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