VOZES ANCESTRAIS

Mulheres indígenas Fulni-ô levam seus cantos sagrados para o palco

O espetáculo tem a participação das cantoras Nudhya, Wackta, Ewany, Khlekeynisô (Fulni-ô) e Julia Maynã (etnia Xucuru-Kariri)

Cibele Vieira/cadernoc@rac.com.br
11/05/2025 às 13:04.
Atualizado em 11/05/2025 às 14:46

Repertório de cantos sagrados será protagonizado por mulheres da etnia Fulni-ô, em yaathe, sua língua nativa (Divulgação)

A breve turnê do grupo pernambucano por três cidades paulistas — incluindo Campinas — revela pela primeira vez o repertório de cantos sagrados protagonizado por mulheres indígenas do Coletivo Eskya, representantes da etnia Fulni-ô. Elas mesclam performances e ecoam em yaathe, sua língua nativa e um dos poucos idiomas ancestrais preservados por um povo do Nordeste brasileiro. O espetáculo musical "Vozes Ancestrais — Yafeëkhet'de Sekletxase", apresentado pelo Grupo Vocal de Águas Belas/ PE, passa por Campinas, no Auditório do Instituto de Artes da Unicamp, na próxima terça (dia 13), com entrada gratuita.

A seleção de cantos mostra a preservação da cultura Fulni-ô, que tem como simbologias as cafurnas, os torés e os sambas de coco. "Cantamos com o coração para transmitir a força e a sabedoria de nosso povo. Cada melodia na nossa língua ancestral yaathe é sagrada e uma forma de sensibilizar quem nos escuta para respeitar a natureza. Enquanto houver canto, haverá resistência, cura e esperança", declara Nudhya Fulni-ô, líder do grupo. Os shows acontecem também em São Paulo (4 e 17/05) e em Santos (18/05). Os ingressos, embora gratuitos, precisam ser retirados na plataforma Sympla.

Os cantos cerimoniais das cafurnas entoadas na língua nativa serão acompanhados de danças tradicionais. Em um momento especial, as cantoras, sentadas em rodas, tecem objetos enquanto uma anciã compartilha histórias, saberes, músicas e afetos. "O tecer é ensinado de geração para geração. São as peças fabricadas pelas mulheres que sustentam famílias na aldeia. A simbologia por trás da confecção dos objetos nos conecta com a natureza, na colheita da palha, na conexão espiritual e simbólico, por meio dos grafismos feitos nos artesanatos e marca nossa identidade cultural, desde a colheita da palha, muitas vezes feita de madrugada, até a venda do artesanato", conta Nudhya.

Os torés entram em cena acompanhados de danças, orações e rituais para a proteção e o fortalecimento espiritual. "Os cantos são uma conexão profunda com o sagrado — é inexplicável e uma experiência do sentir. Quando cantamos ecoamos a natureza. Cada canto que sai de nós carrega a memória de nossos ancestrais e um chamado da Mãe Terra", comenta a líder.

O espetáculo tem a participação das cantoras Nudhya, Wackta, Ewany, Khlekeynisô (Fulni-ô) e Julia Maynã (etnia Xucuru-Kariri). A direção cênica é das cantoras Maria Luana (uruguaia) e Bruna Prado (brasileira), com arranjo vocal de Sathlê Fulni-ô. O coletivo Eskya é um projeto viabilizado por edital da lei de Aldir Blanc de fomento cultural. 

PROGRAME-SE

Espetáculo musical "Vozes Ancestrais - Yafeëkhet'de Sekletxase"

Quando: Terça, dia 13, às 19h

Onde: Auditório do Instituto de Artes da Unicamp - Rua Elis Regina, nº 50, Barão Geraldo (Cidade Universitária), em Campinas

Entrada Gratuita*

*Os ingressos são gratuitos, mas precisam ser retirados com antecedência na Plataforma Sympla

Informações: @eskyafulnio

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