ESTREIA

Mulher-Maravilha é só bom (e isso já é ótimo)

Novo filme da DC não é uma obra-prima, mas conta com uma protagonista cheia de feminismo, sarcasmo e princípios: ela tem conquistado o planeta

Fábio Trindade
02/06/2017 às 19:54.
Atualizado em 22/04/2022 às 19:11
A atriz israelense Gal Gadot em cena de Mulher-Maravilha (Divulgação)

A atriz israelense Gal Gadot em cena de Mulher-Maravilha (Divulgação)

O novo hype do mundo do cinema atende pelo nome de Mulher-Maravilha. A heroína tem conquistado o planeta graças ao filme “que realmente faz jus ao que ela merece”, como tem sido dito por aí. Ou mesmo que a produção “é o melhor filme da DC”, e que o longa “é tão bom que parece Marvel, se não for até melhor”. Frases que tem elevado a expectativa do público a níveis astronômicos. Por isso, o que eu tenho a dizer é: muita calma nessa hora. As experiências da DC no cinema têm sido tão traumáticas que é normal estar diante de algo bom e, por comparação, considerá-lo uma obra-prima. Mas 'Mulher-Maravilha', em cartaz nos cinemas desde quinta, está longe de ser isso. É um filme bacana, divertido, muito bem feito e realmente uma luz no túnel que a DC construiu nos últimos anos com verdadeiros desastres como 'Batman vs Superman: A Origem da Justiça' e, o ainda pior, 'Esquadrão Suicida'. Mas não passa disso: um bom filme. O que já é ótimo, convenhamos. É muito bom saber que a DC ainda sabe brincar com super-heróis nas telonas, porque a impressão, dado os últimos lançamentos, é que o negócio tinha desandado de uma forma que até a esperança corria o risco de morrer. Mas não, eles seguem firmes na parada — de qualidade, para deixar claro, pois em bilheteria, todos os filmes surpreendentemente fizeram muito dinheiro, inclusive. O problema era roteiro mesmo, atuações, etc. E olhando por esse lado que dá para dizer que 'Mulher-Maravilha' é só bom, e não isso tudo que estão pintando aí. Há inúmeros problemas no filme também, desde buracos até cenas realmente cafonas. Só que eles são muito pequenos perto dos problemas a que estávamos acostumados, o que coloca em outro patamar. Começando com a escolha do elenco, ou alguém aí já engoliu, por exemplo, Ben Affleck como Batman? Justamente neste ponto, o herói (super-heroína, no caso), de 'Mulher-Maravilha' já sai na frente deixando as demais produções comendo poeira. Quem assistiu a 'Batman vs Superman' sabe que as únicas partes que ficam boas no filme são as que Gal Gadot estão em cena. A atriz israelense encarna a famosa personagem de um jeito deslumbrante e, por isso, vê-la em ação por duas horas como 'Mulher-Maravilha' vale muito a pena. Está melhor no papel do que Margot Robbie como Arlequina (e olha que Margot dá um show). Outra coisa. Os trailers apontavam uma Diana Prince um pouco tonta, não sabendo lidar com vestidos e uma civilização avançada. Mas no filme, a situação é outra. A mulher dá um banho de feminismo, sarcasmo e princípios, tudo com muita força e, quando preciso, graça. Sim, ela faz rir, o tempo todo, e deixa o “mocinho” da vez, Steve Trevor, vivido por Chris Pine, sem graça o tempo todo. “Quando se trata de prazer, o homem é desnecessário”, solta Diana para Steve, levando o cinema a loucura. Enredo A história é simples: a origem da Mulher-Maravilha, quando ela era ainda uma amazona e vivia numa ilha paradisíaca com outras iguais a ela, e como a bendita foto da moça durante a 2ª Guerra Mundial apresentada em 'Batman vs Superman' foi tirada. Para começar, as amazonas estão na ilha, escondidas, porque precisam treinar fortemente para uma suposta guerra contra Ares — o Deus da Guerra — que um dia há de chegar. O sinal que esse dia chegou é quando o avião de Steve cai no mar em frente à ilha enquanto o rapaz fugia dos alemães. Ele conta sobre a guerra que assola o mundo e Diana entende que esse é o momento de ela agir. A partir disso, começa a busca da princesa por Ares e para salvar o mundo. As cenas de ação são incríveis (e a trilha, claro) — com exceção de uma, quando ela invade um vilarejo tomado por alemães, que é breguíssima. Mas Gal Gadot faz tudo com tanta dignidade, que dá para relevar. O encontro da heroína com Ares também não é dos melhores. Mas melhor não reclamar, poderia ser só mais um grande fracasso da DC. E não é.

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