Exposição é um trabalho que costura a arte visual, a dança e a poesia para falar sobre a ancestralidade, o tempo e sobre relacionamentos
Abertura da exposição será nesta sexta-feira, às 19h30, com entrada gratuita (Rafael Scucuglia)
A delicadeza das relações, ancorada na tradição e ancestralidade dos trabalhos manuais com linhas, inspirou a artista da dança e das artes manuais Hellen Audrey para a mostra “Jandiras”, que chega nesta sexta-feira (16) a Campinas. O projeto – que já visitou sete cidades paulistas com coletivos de mulheres tecelãs – ficará até o dia 24 deste mês no Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo, aliando dança contemporânea, um minidocumentário e as obras de arte têxtil. Além de apresentar alguns dos principais trabalhos de Hellen Audrey, a exposição exibirá também obras das artesãs de Guapiara, Socorro, Bariri, Garça e Cananeia. A abertura será nesta sexta-feira (16), às 19h30, com apresentação do minidocumentário “Jandiras, encontros”, e a mostra também poderá ser visitada no sábado (17) e entre os dias 21 e 24 de fevereiro, de quarta a sábado, das 15h às 20h.
A tia Jandira, que iniciou Helen na arte do crochê quando ainda era criança, foi homenageada pelo título do projeto. “O nome é uma homenagem a ela, que usava o crochê para me aquietar e, assim, me ensinava a quietude das linhas e como escrever poesia por meio das rendas. E foi dessa maneira que minha tia Jandira foi me ensinando tantas coisas, junto com tantas outras mulheres de minha trajetória”, relata a artista. “Um VIVA a todas as Jandiras, filhas da terra e que nos ensinam sobre a vida, sobre as plantas que curam, sobre as linhas que criam fios de prosas e segredos; histórias que nos inspiram e que permanecem”, destaca a artista.
Bacharel em Artes Corporais pela Unicamp, Hellen Audrey atua como artista e educadora no campo da dança, da educação somática e das artes visuais. Desde 2019, também é fundadora e gestora do espaço cultural Casa Amálgama, localizado em Campinas, onde também reside. Nesse espaço, desenvolve suas criações artísticas e também oferece seus trabalhos como educadora do movimento. Seu trabalho autoral recebeu menção especial na 15ª Bienal Naïfs do Brasil (2021).
AGENDA CURTA, MAS VARIADA
Nesta sexta-feira (16), às 19h30, será lançado o minidocumentário “Jandiras, encontros”, para apresentar as gravações que a equipe teve com as artesãs das cidades visitadas, seus trabalhos, suas relações com o tempo, o corpo e a ancestralidade. A produção foi feita por Rafael Scucuglia, Hellen Audrey e Guga Costa, e a exibição abre a exposição dos trabalhos manuais com linhas. Serão apresentados alguns dos principais trabalhos de Hellen Audrey, além de obras das artesãs de Guapiara, Socorro, Bariri, Garça e Cananeia.
No dia 24 de fevereiro, também às 19h30, será exibido o espetáculo “Jandiras” em meio ao espaço expositivo da mostra. Essa apresentação é um híbrido de dança, performance e instalação de linhas.
Criada e interpretada por Hellen Audrey, com a participação do músico Guga Costa, a obra une a dança contemporânea e a execução de rendas e crochês ao vivo, com uma trama musical tecida e remixada também ao vivo, produzida apenas com voz e um pedal de loop.
A artista explica que a proposta do trabalho é estabelecer conexões com a arquitetura e o contexto de cada local. “A obra fala, a partir de um contexto feminino, sobre as relações que estabelecemos com o mundo, com as pessoas e com nós mesmos; como tudo está conectado por uma delicada renda social; como o território e sua história nos atravessam; como nos influenciamos e nos afetamos o tempo todo; e como nosso corpo se expressa, se relaciona com tudo isso, e se modifica o tempo todo. Adaptabilidade e escolhas. O corpo e as linhas como ferramentas de encontro, diálogo, cuidado, respeito, memória… ritual e política. É uma proposta que se desdobra em vários formatos e que fala sobre a poética de nossas cicatrizes, sobre a potência de cura e a adaptabilidade do corpo. Rendas e trabalhos manuais como forma de criação de diálogos e de comunidades saudáveis”, completa a artista.
UM EXTENSO ROTEIRO
“Jandiras” nasceu como uma performance no primeiro semestre de 2017, após convite para a abertura da mostra Fio da Meada, realizada no antigo espaço The Mix Bazar (Campinas) e que reuniu artistas plásticos paulistas ligados ao contexto de criações com linhas e fios. Um ano depois, a apresentação ganhou também uma versão como espetáculo de dança e instalação de linhas para espaços alternativos. Desde então, o projeto tem circulado por diversas cidades em eventos diversos.
PROGRAME-SE
Mostra “Jandiras”, de Hellen Audrey
Quando: Abertura nesta sexta-feira (16), às 19h30, com exibição de minidocumentário. Visitação da mostra - sábado e de 21 a 24/02 (quarta a sábado), das 15h às 20h
Onde: Instituto Pavão Cultural - Rua Maria Tereza Dias da Silva, nº 708, Barão Geraldo
Entrada gratuita
Informações: Tel.: (19) 99633 4104 ou Instagram @pavaocultural @jandiras.fiosemovimento
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