no interior paulista

Mostra gratuita de cinema começa nesta terça em Campinas

Evento vai exibir três longas-metragens e após as sessões terá bate-papo com os realizadores

Aline Guevara
16/08/2022 às 12:51.
Atualizado em 16/08/2022 às 12:51
Imagens do filme “São Ateu”, que abre a mostra hoje no Sesc Campinas (Divulgação)

Imagens do filme “São Ateu”, que abre a mostra hoje no Sesc Campinas (Divulgação)

Começa nesta terça-feira (16) a Mostra Filmes do Interior no Sesc Campinas com a exibição de três longas-metragens de realizadores cujas raízes estão no interior paulista. A proposta da seleção é promover, fortalecer e debater o trabalho de cineastas que atuam fora da capital do estado de São Paulo. De acordo com a organizadora da mostra, Fernanda Viana, as produções escolhidas "apontam linguagens, pontos de vistas e referenciais distintos, que mostram a pluralidade de seus idealizadores. Valorizar os filmes é dar visibilidade a essa potência que muitas vezes não tem espaço nas telas comerciais e tradicionais", explica a responsável, que também é representante do ICine, o Fórum de Cinema do Interior Paulista, parceiro do evento. Após cada exibição haverá um bate-papo com os idealizadores sobre os bastidores de filmagem, os processos de criação e os desafios da produção.

O filme de abertura da Mostra Filmes do Interior é "São Ateu", com sessão hoje, às 19h. De Hiro Ishikawa, diretor radicado em Socorro e premiado em festivais brasileiros por "Em Flor" (2007), "Assassino do Bem" (2010) e "A Plebe É Rude" (2016), "São Ateu" acompanha uma narrativa de comédia e fantasia, onde Deus, cansado da humanidade, abandona sua missão, se aposenta e deixa a função nas mãos de Dido, um homem coletor de dados de hidrômetros caseiros cuja obsessão é criar uma fórmula matemática para ganhar na loteria e ficar rico. O recém-promovido ao poderoso cargo passa a ser assediado tanto pelo diabo quanto pelas religiões. "Acho que tem uma brincadeira com o protagonista, pois a comédia vem do herói que mais se dá mal do que bem. Ele quer utilizar dos seus privilégios, mas em um mundo sem Deus, ser seu profeta não é muito importante", esclarece o cineasta. 

A segunda produção da mostra, com sessão prevista para o dia 23, também às 19h, é o documentário "Campada Maria", do diretor campineiro Danilo Dias de Freitas. Ele e sua equipe fizeram filmagens no norte da Guiné-Bissau para registrar quais foram os impactos sociais, culturais, econômicos e políticos no Vilarejo de Campada Maria depois da criação de um sistema de irrigação na horta comunitária com base na subsistência e no comércio. "Fazer da câmera uma observadora em algumas situações e participante em outras, através das pessoas de Campada Maria, foi uma forma que encontrei para dizer: 'Olha! Eu, aqui, não tenho nenhuma pretensão de reportar essa realidade no sentido de um índice de verdade'. No entanto, estou imediatamente de encontro a essa realidade", contou Danilo. 

Já o último longa, com sessão no dia 30, às 19h, é o documentário autobiográfico "Inscrições do Tempo no Corpo Presente", da diretora piracicabana Kit Menezes. A cineasta, que também é atriz e performer, traz às telas memórias, traumas e cicatrizes decorrentes de uma morte trágica na família. "Eu costumo dizer que esse é um filme sobre o silêncio. O tema é o silêncio que soterrou durante décadas possibilidades de lidar com essa memória, que nem existia. Ela foi organizada a partir desse processo de visitar o passado. Então, é uma pesquisa arqueológica, se é que posso chamar assim. Não é possível sair ileso desse processo", compartilha a idealizadora da produção.

A programação da Mostra será encerrada no dia 31, também às 19h, com uma sessão tripla na qual serão exibidos três curtas-metragens dirigidos por mulheres: "Haitianas", de Fernanda Viana, sobre haitianas que vivem em Campinas e contam suas histórias; "Ser Lua e o Caçador de Estrelas", dirigido por Rafaela Moreira Repasch, que narra a história de um menino que mora numa casa no alto da colina, perto do lago e das estrelas; e "A Mulher que Diminuía", de Laura Poli Mariucio, que retrata a vida de uma mulher em um casamento arranjado. "Essa é uma nova cinefilia. Esses acervos regionais têm história e atravessam outras manifestações culturais do interior brasileiro, em saberes e práticas que despontam claramente numa primeira série robusta de longas-metragens, realizados em paralelo à criação do ICine", analisa Ramiro Rodrigues, presidente da instituição.

PROGRAME-SE

Mostra Cinema do Interior

Quando: 16/08, 23/08, 30/08 e 31/08, sempre às 19h

Onde: Sesc Campinas - Rua Dom José I, 270/333, Bonfim

Entrada franca

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