artes plásticas

Mostra coletiva reúne obras de três artistas plásticos em Campinas

Exposição que traz obras de Egas Francisco, Jofa Blanco e Fabricius Nery será aberta nesta quinta-feira com obras que conversam entre si, embora em estilos diferentes

Cibele Vieira/ [email protected]
12/07/2023 às 12:26.
Atualizado em 12/07/2023 às 12:41
"O sanfoneiro panorama lúdico", uma das obras de Egas Francisco que integram a exposição que será aberta no espaço cultural do TRT (Denise Jardim)

"O sanfoneiro panorama lúdico", uma das obras de Egas Francisco que integram a exposição que será aberta no espaço cultural do TRT (Denise Jardim)

Eles representam três gerações de pintores com carreiras consolidadas e reconhecidas, em estilos diferentes, mas com alguns pontos em comum. O mais forte deles é a paixão pelo que fazem, e isso poderá ser conferido nas 36 telas expostas. Amigos de longa data, os artistas revelam que há muito queriam fazer uma exposição conjunta, e ao realizá-la optaram por um nome intrigante: "Pela Excitação de um Químico Caolho", título de um dos quadros de Egas Francisco. A exposição, que será aberta no Espaço Cultural do prédio do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) terá visitação gratuita até 15 de setembro. No vernissage desta quinta-feira, haverá apresentação dos músicos Pedro Buffulin e Wilma Maris

"Antes de tudo, nós fazemos uma exposição movida pela paixão, somos três artistas apaixonados pelo que fazemos e nossas obras são o resultado disso. E eu, especialmente, estou sendo movido por um sentimento que me leva ao extremo de morrer por uma grande paixão", declara Egas Francisco. Ele foi professor dos outros dois artistas, quando estavam em início de carreira. "Hoje são grandes pintores, autônomos e amigos", acrescenta. Paulistano que mora em Campinas desde os sete anos de idade (hoje tem 85), Egas foi professor de pintura e desenho em várias escolas e instituições da cidade. Em suas mais de seis décadas de carreira exibiu seus quadros em cerca de 50 exposições pelo Brasil e exterior, além de ter obras em importantes coleções particulares e em acervos de museus e pinacotecas da Europa e Américas.

A tela que batiza foi pintada há três anos, embora o desenho com o modelo ao vivo tenha sido feito em 1990, na Itália. "Na época conheci e fiquei amigo de um jovem químico - cujo nome nunca soube - com dentes estourados e olho meio fora de foco, que me exerceu um grande fascínio, e de quem fiz o desenho. Há muito tempo eu sentia o desejo de passar para a tela, traduzindo em termos visuais sensitivos essa experiência com ele, o que aconteceu tardiamente", explica Egas. Para ele, o título atendeu ao desejo dos artistas de despertar a atenção das pessoas para a mostra, sem evidenciar o tema de forma lógica. Além desta, ele expõe outras 13 grandes telas.

Unidos só pelo luar: obra de Jofa Blanco (Divulgação)

Unidos só pelo luar: obra de Jofa Blanco (Divulgação)

Gerações talentosas

O curador da mostra, Jardel Dias Cavalcanti, ressalta algumas características dos artistas e vê semelhanças em alguns deles. "A caracterização de figuras por densas massas de tinta construídas através de pinceladas livres reforça o valor das cores nas telas tanto de Egas como de Jofa. Já nas obras de Nery, um artista mais contemporâneo, enquanto a desnaturalização da figura poderia aproximá-lo dos dois, a diferenciação se dá na tendência conceitual e no uso de linhas de força geométricas na tela que desconstroem a possibilidade de um arranjo lógico para seus temas", analisa. Na obra dos três artistas, diz o curador - que é professor de História da Arte e Teorias da Arte na Universidade Estadual de Londrina - "percebe-se o valor intrínseco da própria pintura, a importância da organização e constituição plástica de cada elemento na tela, revelando a maestria no controle da cor, corpo importante de suas obras, como base para a constituição da forma final das telas".

Jofa Blanco, nome artístico de João Fábio Blanco, apresenta 14 telas nesta mostra, pintadas nos últimos dois anos. Pintor figurativo e expressionista na linguagem, seu foco é a figura humana. "Durante a pandemia, com o recolhimento de todos, os pintores que já têm uma tendência reflexiva grande, se recolheram naquelas circunstâncias que, se por um lado foi dolorosa, também resultou em uma busca por novos ares e, nesse contexto, a pintura foi companheira de consolo e também de esperança", ressalta. Uma de suas telas retrata rosas sob o título "Por que não pensar em rosas?", o que dá o tom de seus sentimentos nos quadros. "Diante de uma série de infortúnios temos que pensar em rosas e nos reinventarmos, inclusive nas relações essenciais", afirma.

A exposição coletiva é, para Jofa, "uma circunstância muito esperada por querer fazer esse convívio de gerações e telas, e 'dar a cara a tapa' para ver como as pessoas reagem a esse sopro de esperança, afinal a pintura sempre é uma forma de reflexão da vida, mostrar que queremos dias melhores". Ele começou a se relacionar com o campo artístico ainda na infância, frequentando uma escola de artes que era mantida pela Prefeitura de Campinas. Posteriormente estudou e desenvolveu técnicas sob orientação de artistas locais reconhecidos e hoje seus trabalhos "questionam a figura humana frente a uma realidade pictórica coerente com as próprias emoções".

Fabricius Nery selecionou oito quadros - na técnica acrílico sobre tela - para a mostra, a maioria em grandes formatos, que ele escolheu influenciado pelo espaço da galeria e pela combinação cromática entre eles. O artista retrata figuras humanas e revela que "existe um certo conflito entre a geometria e a questão mais orgânica das figuras humanas na minha arte e eu tento a harmonia entre esses dois contrastes", conta. E complementa com o comentário sobre a mostra coletiva: "somos três amigos, de três gerações, como uma irmandade, mas cada um com um olhar diferenciado e uma investigação sobre pontos específicos de cada arte".

Nery vive e trabalha em Campinas, onde iniciou seus estudos em artes em 2003, no ateliê de Egas Francisco, período em que frequentou também o curso de Desenho Livre no Conservatório Carlos Gomes. Sua primeira exposição (coletiva) foi no MACC em 2005 e depois disso evoluiu seu trabalho com pintura acrílica sobre tela, grafiti e carvão sobre papel, explorando elementos figurativos e geométricos em planos recortados e sobrepostos, inspirados na linguagem cinematográfica.

Cristo na piscina: obra de Fabricius Nery (Divulgação)

Cristo na piscina: obra de Fabricius Nery (Divulgação)

PROGRAME-SE

Exposição: "Pela excitação de um químico caolho" 

Quando: abertura na quinta-feira, 13/7, às 17h, e visitação até 15 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h

Onde: Espaço Cultural “Desembargador Eurico Cruz Neto”, no edifício-sede do TRT - R. Barão de Jaguara, 901, 1º andar, Centro

Entrada Gratuita

Informações: 3232 2568 - Instagram: @egasfranciscoartista - @fabriciusnery

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