parada cardíaca

Morre no Rio o ator e diretor Jorge Fernando

Morreu na noite de ontem (27), no Rio de Janeiro, o ator e diretor Jorge Fernando, de 64 anos. Ele estava internado no hospital Copa Star

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
28/10/2019 às 07:56.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:07

O ator e diretor Jorge Fernando morreu na noite deste domingo, no Rio de Janeiro. Ele tinha 64 anos e estava internado no Hospital CopaStar, em Copacabana, zona Sul, desde a tarde, após ter um aneurisma. Segundo o hospital, a causa da morte foi uma parada cardíaca em decorrência de “uma dissecção de aorta completa”. O corpo de Jorge Fernando está sendo velado hoje, no Cemitério do Caju, no Rio. Em 2017, Jorginho, como era conhecido, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC). Em julho daquele ano, ele participou do programa Mais Você para falar sobre sua reabilitação e emocionou a apresentadora Ana Maria Braga. “Tive um grande aprendizado. Você fica com medo de morrer, de morrer para a vida. Aí aprende a saborear cada momento”, disse o diretor à época. O último trabalho de Jorginho foi na direção artística da novela Verão 90, no primeiro semestre de 2019. Nascido no Rio em 29 de março de 1955, Jorge Fernando de Medeiros Rabello iniciou a carreira como ator em 1978 na série Ciranda, Cirandinha, da TV Globo. Ele é filho da atriz Hilda de Medeiros Rebello, sempre lembrada em suas produções. Como diretor, sua primeira novela na Globo foi Jogo da Vida, em 1981. Entre os principais trabalhos de Jorginho estão Rainha da Sucata, Vamp, A Próxima Vítima, Zazá, Era Uma Vez..., As Filhas da Mãe, Chocolate com Pimenta, Alma Gêmea, Sete Pecados e Guerra dos Sexos. Entre 2000 e 2001, Jorginho dirigiu Sai de Baixo, programa de humor de grande sucesso na Globo. Ao todo, ele dirigiu 34 novelas, minisséries e seriados. No cinema, dirigiu os filmes Xuxa Gêmeas e A Guerra dos Rocha e atuou em Alma Corsária e Se Eu Fosse Você. Repercussão Artistas e colegas de Jorge Fernando se pronunciaram nas redes sociais em memória ao amigo. A diretora Glória Perez escreveu: “Mais um amigo querido indo embora tão cedo! você vai fazer tanta falta, Jorginho, com sua alegria, seu entusiasmo, seu talento... Sem palavras aqui!”. Walcyr Carrasco também se manifestou: “Meu querido Jorge Fernando morreu!!!! Fizemos lindas novelas juntos como Chocolate com Pimenta, Alma Gêmea e Eta Mundo Bom! Todas grandes sucessos de público porque ele era genial. Vai alegrar o céu, Jorginho, com seu humor, sua alegria!!!! Adeus adeus! Você vai fazer falta!!!”. O ator Marcelo Adnet postou no Twitter: “que pena a partida precoce do grande Jorge Fernando. Boom! Lembrarei dele pela simpatia e sua grande energia sempre! Muito carinho e força à Dona Hilda Rabello”. O mundo sempre foi um pandeiro Por Luiz Carlos Merten Jorge Fernando era um sujeito turbinado. O repórter sabe porque teve a oportunidade — o privilégio? — de vê-lo em pleno trabalho. Foram dois sets de cinema. Jorge Fernando tinha um pique muito grande. Dava instruções ao elenco, aos técnicos e depois, ao acompanhar a cena, talvez por ter sido ator, você podia ver que ele movia os lábios como se também estivesse dizendo o texto e aí, quando surgia algum improviso, ele se surpreendia e você podia ver a alegria estampada na cara. Jorge Fernando esteve dois anos afastado da TV, devido a um AVC. Voltou este ano na direção da novela Verão 90. Era divertida, com uma pauta leve, positiva. Quem viu, e o repórter, convalescendo de uma cirurgia, assistiu a quase um mês de novela no hospital, só podia rir e se emocionar com o casal jovem, com as duas mães (a boa e a socialite, isto é, a má) e o vilão, na verdade, o irmão ambicioso, capaz de tudo, até de passar como rolo compressor sobre a própria família, para tentar chegar lá (no topo). A novela talvez tivesse um componente autobiográfico para ele, porque contava a história de um trio que começou criança, na TV, e Jorge Fernando, que morreu aos 64 anos neste domingo, iniciou-se em 1978 — há 41 anos — com Ciranda, Cirandinha. Tudo bem, ele não era criança, mas era muito jovem, adentrando o mundo do espetáculo, do showbiz. Logo aprendeu a dominar sua mecânica. Tornou-se cúmplice de atores e autores. E ele amava a comédia. Servindo ao texto de Silvio de Abreu, criou a memorável Guerra dos Sexos, em que Fernanda Montenegro e Paulo Autran contracenavam em cenas de pastelão — os dois mitos da representação dramática no teatro do País. Anos depois, Jorge Fernando os dirigiu de novo, no remake, em 2012. Nos 90, alcançou sucessos memoráveis com novelas como Rainha da Sucata, em que Regina Duarte teve um de seus grandes papéis; Vamp, uma deliciosa paródia de vampirismo; e de novo Silvio de Abreu — Deus nos Acuda e A Próxima Vítima. Os dois sempre tiveram no DNA o gosto pela chanchada e pelo teatro rebolado como expressões brasileiras. Esse mundo sempre foi um pandeiro para Jorge Fernando, como foi para Oscarito, Grande Otelo. E o Brasil parou no último capítulo de A Próxima Vítima, à espera da revelação do assassino. Misturando teatro e TV, fez história nas noites de domingo com o Sai de Baixo. Caco e Magda, Miguel Falabella e Marisa Orth, integraram-se às famílias brasileiras e o bordão ‘Cala a boca, Magda!’ adentrou o léxico nacional. Voltou a ser ator no seriado Macho Man e dirigiu a estrela Claudia Raia no musical Não Fuja da Raia. Cinema No cinema dirigiu, Xuxa Gêmeas, Sexo, Amor e Traição, com Malu Mader, Alessandra Negrini, Fábio Assunção e Murilo Benício. Foi ator em Se Eu Fosse Você 2. E dirigiu também A Guerra dos Rocha, remake brasileiro de um grande sucesso argentino — Esperando la Carroza. O filme não foi nenhum blockbuster, e foi pena porque Ary Fontoura, travestido como matriarca, poderia ter recebido todos os prêmios do ano. Estava excepcional. A crítica e o público foram preconceituosos, porque, na França, anos depois, Guillaume Galienne venceu o César, o Oscar francês, com Eu, Mamãe e os Meninos, também criando uma personagem de travesti — e no Brasil Paulo Gustavo virou fenômeno de público com a Dona Hermínia de Mamãe É Uma Peça.

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