Aos 91 anos, o figurativista colombiano que criou um estilo próprio chamado "boterismo" estava em sua casa, em Mônaco
Conhecido como “o pintor dos gordinhos”, Botero morreu em sua residência, cinco meses após sua esposa (Divulgação)
O volume nas formas sensuais sempre caracterizou o estilo do pintor, escultor e desenhista colombiano Fernando Botero, que morreu nesta sexta-feira, 15, aos 91 anos. Autodidata, começou a trabalhar no final da década de 1940 e ganhou fama e popularidade a partir dos anos 1990, graças às pinturas e enormes esculturas de bronze expostas pelo mundo. Os meios de comunicação colombianos noticiaram que o artista apresentava problemas de saúde e passou alguns dias internado em um hospital no norte de Itália, onde vivia há décadas, por conta de uma pneumonia, mas pediu para ser transferido e ir para casa nos últimos dias. Sua esposa, a artista Sophia Vari, morreu há cinco meses.
Botero iniciou sua carreira como ilustrador e chargista do jornal El Colombiano no final da década de 1940. Enquanto trabalhava, passou a ser influenciado pela obra do italiano Piero della Francesca (1415-1492), de onde nasceu o estilo inconfundível chamado posteriormente de "boterismo". Suas artes com figuras rechonchudas representavam críticas sociais sobretudo a respeito da ganância humana. Ele declarou em uma entrevista que sua pintura era "fundada sobre temas afetivos", para refutar a fama popular de ser o "pintor de gordinhos". Botero foi associado a uma arte lúdica que tinha bom-humor e tons de surrealismo, mas o artista dizia que seu estilo dava "protagonismo ao volume, o tornava mais plástico, mais monumental, quase uma comida, por assim dizer, arte comestível. A arte deve ser sensual, digo nesse sentido", comentou certa vez.
Nascido em Medelín, onde tem muitas obras em praças e pontos turísticos, foi na capital colombiana Bogotá que o artista fez sua primeira mostra internacional. Depois morou na Espanha, na Itália, nos Estados Unidos e no México, onde sua obra ganhou um teor social e político. Segundo avaliações do mercado das artes, Botero tornou-se, nos últimos anos, o pintor vivo mais popular e mais vendido do mundo. Nas redes sociais, o presidente colombiano Gustavo Petro lamentou a morte de Botero e exaltou sua importância para as artes e para o país: "Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e defeitos, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e paz". Até o fechamento desta edição não havia informações sobre o funeral.