no Sesc Vila Mariana

Mônica Salmaso e o bem que lhe faz o sertão

A visita ao cancioneiro sertanejo que ela faz em Caipira, álbum que mostra com shows a partir desta sexta-feira, 11, é um bom caminho de duas mãos

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
11/08/2017 às 14:29.
Atualizado em 22/04/2022 às 18:34

Mônica Salmaso e o bem que lhe faz o sertão (Divulgação)

Aquele homem parecia tão intenso que Mônica Salmaso precisava chegar com cuidado. Era um rio inteiro que passava ali Exuberante, místico, gracioso e triste, velho e criança, raso e imenso. Um outro brasileiro, da extremidade oposta ao sambista exaltação de si mesmo ou ao urbano, sem prosa ou poesia. Salmaso respirou fundo, entrou em sua casa e voltou com sua alma na voz A visita ao cancioneiro sertanejo que ela faz em Caipira, álbum que mostra com shows a partir desta sexta-feira, 11, no Sesc Vila Mariana, é um bom caminho de duas mãos. Uma das expressões musicais de maior poder de comunicação empresta a Mônica a possibilidade da abrangência irrestrita, algo de que seu histórico às vezes carece à revelia de suas intenções. Ao mesmo tempo, a inescapável tristeza de sua voz, um clarinete que chora sem lágrimas, torna profundo um discurso muitas vezes de relevância represada pelo preconceito. Mônica faz bem à música que canta e vice-versa. Os músicos que a conhecem muito bem sabem onde chegar, tratando sua voz com a delicadeza de quem segura um vaso de louça chinesa Teco Cardoso toca uma flauta baixo que faz a diferença em Caipira, de Breno Luiz e Paulo Cesar Pinheiro. A viola e o baixo acústico são de Neymar Dias e o piano de André Mehmari. A canção Bom Dia, de Nana Caymmi e Gilberto Gil, é trazida para esse universo pela viola de Neymar, e tem um lirismo reforçado pelo clarinete de Proveta e o acordeom de Toninho Ferragutti. Mônica explica seu processo de escolha de músicas. "O problema é definir o que não vai entrar." Depois de trabalhar em outro projeto, como produtora, com o violeiro e compositor Paulo Freire, ela fez sua encomenda. "Pedi músicas e ele me mandou mais de 200, entre folclóricas e tradicionais. Meu desafio era chegar a um ponto que não seria o do disco regional, assim como eu jamais poderia fazer um disco de samba de raiz." Antes de fechar o álbum, o compositor Roque Ferreira ligou e fez uma das mais belas colaborações, com Baile Perfumado. "Ele cantou por telefone e me capturou." Alguns versos que a pegaram: "A dobra daquela estrada / de sofrimento enfeitada / é sombra de Sacerê / É por ali que eu chego / Onde perdi meu sossego / E a dor aprende a doer". A percussão é de Robertinho Silva. Água da Minha Sede, também de Roque, que Zeca Pagodinho tornou um hit, define o potencial de se fazer uma leitura. Ela é aqui outra canção, e tão bela quanto. MÔNICA SALMASO Sesc Vila Mariana. R. Pelotas, 141. Telefone: 5080-3000. 6ª (11) e sáb. (12), às 21h. Dom. (13), às 18h. Preço: R$ 40

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Anuncie
(19) 3736-3085
comercial@rac.com.br
Fale Conosco
(19) 3772-8000
Central do Assinante
(19) 3736-3200
WhatsApp
(19) 9 9998-9902
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por