'se eu fechar os olhos agora'

Minissérie da Globo ganha ares atemporais

Não à toa, a trama de Se Eu Fechar os Olhos Agora, nova minissérie da Globo, ganha toques atemporais apesar de ser ambientada na década de 1960

Da TV Press
07/04/2019 às 13:34.
Atualizado em 04/04/2022 às 10:42

A fragilidade e a artificialidade das relações sociais são temáticas que atravessam o tempo. Não à toa, a trama de Se Eu Fechar os Olhos Agora, nova minissérie da Globo, ganha toques atemporais apesar de ser ambientada na década de 1960. Com estreia prevista para abril, a produção se baseia em um grande jogo de aparências da população da fictícia cidade de São Miguel. “Abordo a forte repressão da época. A sociedade era controlada pelo patriarcado branco, que ditava a hipocrisia do jogo de aparências. São Miguel é um microcosmo do Brasil, das relações de poder e opressão. A discriminação, a intolerância com comportamentos que desafiam as regras e o racismo são questões atuais, cujas raízes estão no passado”, explica Ricardo Linhares, responsável pelo texto da minissérie. A produção é baseada no livro homônimo de Edney Silvestre, que venceu em 2010 o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e o Prêmio São Paulo de Literatura na categoria Estreante. A ideia de adaptar para a tevê partiu de Linhares. “Ele foi fiel ao argumento do livro, mas fez todas as modificações necessárias para criar um belo roteiro para uma obra dramatúrgica na tevê. O Ricardo sublinhou os temas do racismo e da intolerância do meu romance. Eu lia sempre muito curioso para saber como ele transformaria aquela história”, diz Silvestre. Lidando com uma trama pautada pelo mistério, o diretor Carlos Manga Jr. optou por seguir uma estética do cinema “noir” para a paleta de cores e a fotografia. “Optamos por conduzir a narrativa de uma maneira em que as coisas não são mostradas, são sugeridas. Assim, não entregamos tudo de uma vez ao público. Essa estratégia de dar pouca coisa para quem vê causa o que a gente chama de efeito côncavo, em que é preciso prestar atenção para entender. A história tem de atrair”, ressalta o diretor. A história é narrada através das lembranças de Paulo, interpretado por João Gabriel D’Aleluia/Milton Gonçalves. Ao lado do amigo Eduardo, papel de Xande Valois, Paulo encontra o corpo da jovem Anita (Thainá Duarte), à margem de um lago. Acusados de um crime que não cometeram, eles percebem que existe um mistério em torno do caso, envolvendo figuras importantes da sociedade de São Miguel, como o prefeito Adriano Marques Torres, a primeira-dama Isabel, o empresário Geraldo Bastos e sua esposa Adalgisa, vividos por Murilo Benício, Débora Falabella, Gabriel Braga Nunes e Mariana Ximenes, respectivamente. Por conta própria, os garotos iniciam uma perigosa investigação e acabam conhecendo o enigmático Ubiratan, de Antônio Fagundes, a quem pedem ajuda. “O encontro com essas duas crianças curiosas e cheias de vida é um ‘casamento’ interessante porque um complementa o outro. O Ubiratan dá uma certa maturidade aos dois e as crianças dão vigor a ele. É um trio de detetives bem curioso”, afirma Fagundes, que, antes de viver Ubiratan na minissérie, fez o “audiobook” do livro. “A história tem uma atualidade, embora se passe em outra década. É uma história fascinante, que o Ricardo Linhares conseguiu tornar ainda mais instigante. Ele descobriu outros caminhos que enriqueceram a minissérie”, completa. Juntos na vida real, Murilo e Débora interpretam marido e mulher no enredo de Linhares. Poderoso prefeito de São Miguel, Adriano Marques Torres aprendeu desde cedo a mandar e a ser obedecido. “A família Marques Torres toma conta de toda aquela cidade. Ele é um cara que nasceu dentro do poder”, afirma Benício. Já a primeira-dama Isabel faz um esforço enorme para cumprir com zelo seu papel de esposa, mãe e dona de casa. “É uma mulher que foi criada para ser a esposa perfeita, a mãe perfeita e ela cumpre esse papel. Eles parecem ser um casal realmente muito perfeito. Mas a minissérie vai mostrando para a gente que as pessoas não são realmente quem elas aparentam ser”, adianta Débora. Geraldo e Adalgisa são outro casal importante de São Miguel. Assim como boa parte da cidade, os dois também vivem uma relação conturbada e de aparências.

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