CULTURA

Memórias do grupo escolar

A história das primeiras escolas que surgiram em Campinas, algumas ainda no tempo do Império, será tema de palestras de dois historiadores no auditório do CCLA

Da Redação/[email protected]
23/06/2024 às 10:32.
Atualizado em 23/06/2024 às 10:32
O Colégio Culto à Ciência foi fundado por membros da Maçonaria em 1874, primeiramente como estabelecimento particular (Divulgação)

O Colégio Culto à Ciência foi fundado por membros da Maçonaria em 1874, primeiramente como estabelecimento particular (Divulgação)

A professora e doutora em Educação Maria Eugênica Castanho estudou na antiga Escola Normal de Campinas e sua turma, formada em 1963, continua se encontrando regularmente até hoje. Pouca gente sabe que o “Normal” do nome vem de um modelo da escola de Paris para formação de professores, que foi implantado no Brasil para servir de ‘norma’ para as instituições educacionais. Curiosidades como esta estão sendo resgatadas para a palestra que Maria Eugênia e o também professor universitário e doutor em Educação pela Unicamp Sérgio Castanho farão em 26 de junho (próxima quarta-feira), às 14h30, no Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA). 

A “História da Educação Escolar em Campinas” é o tema do evento que integra a programação mensal especial de palestras para promover vários aspectos da história da cidade, em celebração aos 250 anos de Campinas. Esses eventos, abertos e gratuitos, são realizados em parceria entre o CCLA e o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas (IHGGC). 

Sérgio Castanho explica que foram escolhidas cinco escolas de educação básica, criadas há mais de 100 anos, sendo que quatro delas funcionam até hoje. As mais antigas, inauguradas em 1874, foram os colégios Culto à Ciência e o Internacional (o único que não existe mais) e, pouco tempo depois, foi criada a Escola Correia de Melo (1881). Essas três nasceram quando o Brasil ainda era Império e as outras duas já vieram com a República: Grupo Escolar Francisco Glicério (1897) e Escola Normal, inicialmente como Escola Complementar (1903). “As escolas foram escolhidas por terem sido criadas dentro de um projeto comum modernizante e civilizatório, embora com fundamentos em crenças e filosofias diversas”, explicam os palestrantes.

EDUCAÇÃO, MEMÓRIA E TRADIÇÃO 

A Escola Correia de Melo se destinava à instrução popular e recebeu esse nome em homenagem a Joaquim Correia de Melo, farmacêutico formado pela faculdade do Rio de Janeiro e botânico radicado em Campinas. Segundo Maria Eugênia, o prédio foi projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo em uma área que ocupava todo o quarteirão em frente ao Mercado Municipal, de 1881 a 1963, quando foi demolido e a área transformada em terminal de ônibus urbano. Um novo prédio foi inaugurado em 1976, no Parque Universitário, onde funciona até hoje como a maior escola municipal da cidade. “Me sinto envaidecida por ter feito meu estudo primário ainda no antigo prédio dessa tradicional escola”, diz a professora. 

Já o colégio Culto à Ciência, fundado por membros da Maçonaria em 1874, nasceu como particular, de índole comunitária, somente tornando-se público (estadual) com o advento republicano. Castanho cursou o colegial (hoje, ensino médio) no Culto à Ciência, e conta que “a qualidade do ensino era muito boa, exigiase bastante do aluno, a disciplina era mantida, mas os alunos viviam felizes”. Ele relembra que ia para escola “com o bonde 9 Botafogo, sempre apinhado de estudantes, e quando chegava à escola, era tudo alegria”. 

Os republicanos que chegaram ao poder em 1889 logo fizeram reformas no ensino e uma delas foi a criação dos “grupos escolares”, públicos. O primeiro em Campinas e um dos primeiros no Estado de São Paulo foi o Grupo Escolar “Francisco Glicério” (1897), em prédio de Ramos de Azevedo, onde funciona até hoje na Avenida Moraes Sales. 

Em 1896, foi criado o Colégio Internacional por obra dos missionários presbiterianos norte-americanos George Morton e Edward Lane. “Essa escola, de iniciativa religiosa, era claramente um projeto iluminista”, comenta Sérgio Castanho, lembrando que, depois, esse colégio foi transferido para a cidade mineira de Lavras. 

Já a antiga Escola Normal foi transferida em 1924 – portanto, há 100 anos – para o imóvel na Avenida Anchieta, hoje com o nome de Escola Estadual “Carlos Gomes”.

PROGRAME-SE 

‘História da Educação Escolar em Campinas’ 

Quando: Dia 26/06 (próxima quarta-feira), às 14h30 

Onde: CCLA - Rua Bernardino de Campos, nº 989, Centro, Campinas 

Entrada Gratuita 

Informações: Tel.: (19) 3231 2567

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