TRIBUTO

Memória Viva no Inhotim

Quatro anos da morte de Tunga e sua arte continua presente no museu, o maior a céu aberto do mundo

Da Agência Anhanguera
14/06/2020 às 11:22.
Atualizado em 29/03/2022 às 08:25
Tunga na remontagem da galeria True Rouge, a primeira do Instituto Inhotim dedicada à obra do artista, um dos mais emblemáticos do País (Daniela Paoliello/Divulgação)

Tunga na remontagem da galeria True Rouge, a primeira do Instituto Inhotim dedicada à obra do artista, um dos mais emblemáticos do País (Daniela Paoliello/Divulgação)

Com quase 14 anos de existência, a criação do Instituo Inhotim se deve em parte ao artista Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, mais conhecido como Tunga. Falecido em 6 de junho de 2016, o artista foi decisivo na criação do Instituto, ao incentivar o idealizador Bernardo Paz a colecionar arte contemporânea. Tanto que, ao se manifestar na data, por meio das redes sociais do Instituto, Paz afirmou que Tunga foi um grande amigo. "Talvez o melhor. Foi quem mais me ajudou a fazer o Inhotim. Ele queria muito que desse certo." O Inhotim, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, abriga uma das maiores coleções do artista pernambucano com obras desde o início da década de 1980 até os anos 2000. Os trabalhos estão nas Galerias True Rouge e Psicoativa Tunga, ambas compreendendo um espaço de cerca de 2.500 m² no Instituto. Outra obra, uma das primeiras incorporadas ao acervo, é Deleite (1999), em meio aos jardins. Em 2002, Tunga foi o primeiro artista a receber uma galeria projetada especialmente para receber uma de suas obras: True Rouge (1997). Foi nela que aconteceu um dos principais momentos de celebração dos 10 anos do Inhotim dedicado ao artista, em 2016: a apresentação da performance na galeria, coordenada por Lia Rodrigues. O artista está, realmente, na gênese do Instituto. Dez anos depois, era inaugurada a maior galeria do Inhotim: a Psicoativa Tunga, com 2.200 m², com a presença de autoridades, curadores e amantes da arte. Performances (ou instaurações, como o artista definia) foram realizadas para inaugurar as obras. O pavilhão abriga 21 obras do artista, entre elas, À la lumière des deux Mondes, (2005), que já ocupou a pirâmide do Louvre, em Paris, e Ão (1980), presente no acervo do MoMa (Metropolitan Museum of Art), de Nova York. O projeto de todo o espaço, de autoria do Escritório Rizoma Arquitetura, permite ao visitante ver as obras por vários ângulos, na medida em que se percorre o espaço expositivo; ao mesmo tempo, é possível ver a natureza ao redor em 360 graus. Na época da inauguração, em depoimento ao Inhotim, Tunga afirmou: "Inhotim é um somatório de experiências. Proporcionar esse tipo de experiência do que acontece no mundo, hoje, na visão de diversos artistas, essa visão plural, termina nos dando o que é o núcleo central que a gente procura, o núcleo central dessa vida contemporânea, tão ligada àquilo o que ainda há de mais arcaico no sujeito, quanto aquilo o que há de vir no ser humano." Escultor, desenhista e artista performático, Tunga é considerado uma das figuras mais emblemáticas da cena artística brasileira. Foi o primeiro artista contemporâneo e o primeiro brasileiro a ter uma obra exposta no icônico Museu do Louvre em Paris. Tem obras em acervos permanentes de museus como o Guggenheim de Veneza, o MoMa, de Nova York, além das galerias dedicadas à sua obra no Inhotim. Para criar seus trabalhos, Tunga investigava áreas do conhecimento como literatura, psicanálise, teatro e ciências exatas e biológicas. Utilizava em suas esculturas e instalações materiais como correntes, fios elétricos, lâmpadas, feltro e borracha. Além disso, sua obra era carregada de simbolismo, com uso de ossos, crânios, dedais e agulhas.Nascido em Palmares, Pernambuco, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Santa Úrsula. Filho do escritor Gerardo de Mello Mourão, Tunga conheceu o modernismo brasileiro muito cedo. Iniciou sua carreira nos primeiros anos da década de 1970. Na época, fazendo desenhos e esculturas. Recebeu o Prêmio Governo do Estado por exposição realizada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, em 1986. No ano seguinte, realizou o vídeo Nervo de Pratafeito em parceria com Arthur Omar. Em 1990, recebeu o Prêmio Brasília de Artes Plásticas e, em 1991, o Prêmio Mário Pedrosa da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) pela obra Preliminares do Palíndromo Incesto, entre outros.

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