'o outro lado do paraíso'

Marieta e as muitas maldades da vilã Sophia

Tempo para família e amigos, só aos domingos. Mas a atriz carioca, de 71 anos, já está acostumada com essa entrega ao papel da vez, como comenta nesta entrevista.

Estadão Conteudo
Estadão Conteúdo
13/03/2018 às 10:51.
Atualizado em 23/04/2022 às 05:44

"Sophia representa poder e dinheiro, valores da sociedade atual", diz (Divulgação)

Clara, a mocinha vingadora vivida por Bianca Bin na novela das 9, O Outro Lado do Paraíso, na Globo, não é a única responsável pelas baixas de personagens na trama. Com sua tesoura assassina em punho, a vilã gananciosa Sophia, interpretada por Marieta Severo, tem dado sua contribuição na diminuição do elenco. Marieta tem cumprido uma rotina puxada de gravações todos os dias. Tempo para família e amigos, só aos domingos. Mas a atriz carioca, de 71 anos, já está acostumada com essa entrega ao papel da vez, como comenta nesta entrevista. Sua personagem, Sophia, transita em todos os núcleos da novela. Imagino que esse seja um dos motivos para você ter uma rotina de gravação tão intensa. Agora menos, porque os núcleos estão diminuindo (risos). Conforme as vinganças vão sendo realizadas, não tenho de ir mais, por exemplo, à casa do delegado, já não posso corromper o juiz, porque ele está sendo desmascarado. Acho que é por isso que estou em casa hoje. Esse volume de cenas para a personagem já era previsto? Sim, entrei sabendo, o Maurinho (Mendonça Filho, diretor) conversou comigo, me explicou que era uma vilã e que uma das características dela é que fica espalhando as maldades por todos os lugares. Me preparei bastante para isso, inclusive fisicamente, para trabalhar horas em pé, no salto alto, fiz bastante exercício. Você fez uma vilã também em Verdades Secretas, mas a Sophia está num outro grau de vilania, diferente da Fanny. Em Verdades Secretas, a Fanny ia para a amoralidade. O ponto em comum entre essas duas personagens é o dinheiro ser a mola mestra da vida. E acho tão contemporâneo, tão atual, principalmente no Brasil, falar disso que faço a Sophia com muito prazer. Me custa, dói, porque tenho de falar as coisas que Sophia fala, com esse humor maligno dela. Mas, ao mesmo tempo, acho tão importante mostrar através dela esses valores que agora estão imperando na sociedade, que são o poder e o dinheiro. Em nome do dinheiro, se faz tudo. E acho que Sophia expressa isso tão bem. Tenho muito retorno (nas ruas) de 'Meu Deus, como você está má', ou 'Dona Nenê, você está muito má'. Já estão deixando um pouco a Dona Nenê de lado. Como Sophia retrata a sociedade atual, ela traz à tona também a questão da impunidade? Sim, ela integra uma parte da elite brasileira que não quer saber de nada. Dane-se o mundo e eu ficarei impune, não vou pagar pelos meus crimes. Acho que a novela tem isso, toca em tantos temas importantes, e toca com uma fantasia livre, desvairada, que é a do folhetim, adoro isso. Você vê retrocesso na sociedade hoje? Sim, é nítido. O que sei é que as coisas são cíclicas, vai para frente, vai um pouco para trás. Até porque essa memória fica nas pessoas de uma maneira ou de outra. As conquistas sociais, de comportamento. Tira a lei que foi criada, acaba aquele benefício, vota no não sei o que lá, dá o maior medo, porque eles votam coisas que a gente nem sabe. Então, eles vão desmontando as conquistas, mas o que me dá alento é que as coisas que estão plantadas vão ressurgir em algum outro momento. Você não apaga. Não estou só falando no sentido social, as conquistas de comportamento, das mulheres. As mulheres, meu Deus, que retomaram o movimento feminista, essa garotada, fico babando de alegria. Porque tinha uma época que era cafona ser feminista: 'mulher é contra o homem'. Não é contra, não, entende direito qual é o discurso.

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