Mariana que morou por 8 anos em Campinas, dos 16 aos 24, afirma que apresentar sua música no Brasil e na cidade é uma emoção especial
Cantora e compositora brasileira afirma que é especial apresentar seu trabalho no Brasil: Viver fora dá maior liberdade de criação (Tigu Guimarães/Divulgação)
Longe dos clichês que reduzem o Brasil ao samba e futebol, a cantora e compositora brasileira Mariana da Cruz, conhecida artisticamente como Da Cruz, radicada há 13 anos na Suíça, abre amanhã em Campinas, no Echos Stúdio Bar, a turnê de lançamento no País do CD Eco do Futuro, o quinto de sua discografia, acompanhada da Banda Da Cruz, composta por músicos suíços. Mariana que morou por 8 anos em Campinas, dos 16 aos 24, afirma que apresentar sua música no Brasil e na cidade é uma emoção especial. “Moro e canto na Europa, mas sou brasileira, minhas raízes estão aqui. Minha voz tem a carga da minha vida aqui e lá fora. Cantar, mostrar minha música aqui é muito forte e especial”, afirma a cantora que está em Campinas desde segunda-feira e conversou por telefone com a reportagem do Caderno C. O som dançante de Da Cruz, além de Campinas, passa em maio por São Carlos, Ribeirão Preto, Belo Horizonte (MG) e Salvador (BA). Mariana foi para a Europa há 19 anos, passou um período em Londres, para dominar o inglês e depois foi para Portugal, onde conheceu o músico e produtor suíço Ane Hebeisen, o principal integrante do Swamp Terrorists, grupo pioneiro na cena industrial/electrônico de seu país. “O Pub onde trabalhava como garçonete, me cedeu uma noite para cantar música brasileira. Foi bem e me deram uma segunda. Lá conheci o Ane, que tinha uma banda de rock e trabalhava com som eletrônico. Ele me propôs fazer uma fusão que misturasse a música brasileira tradicional, a batida africana, que sempre prezei, com a música eletrônica. Gostei da proposta e criamos a Banda Da Cruz, com músicos suíços”, conta Mariana. A parceria resultou em beats fortes com os poderosos e sensuais vocais da cantora, embalados por muito groove. Com o seu trabalho independente a banda conquistou reputação no cenário musical global, tanto de público quanto de crítica. Da Cruz apresenta nessa turnê o repertório das 14 músicas do álbum, todas compostas por ela. A banda é formada por Ane Hebeisen na programação eletrônica, Pit Lee na bateria, Oliver Husmann e Ch. Sommerhalder nas guitarras, Daniel Durrer no sax e Nicklaus Hürny no trompete. Segundo Mariana, fora do Brasil ela tem mais liberdade de criação. “Posso fazer inovações, aproveitando outros sons, que conheci em países de língua portuguesa, como Cabo Verde, Angola, Moçambique.” Mariana lembra que esteve com a banda no Brasil em 2014 apresentando o terceiro disco, Sistema Subversiva. “Mas foi uma turnê modesta, em que fizemos pequenos shows em clubes e bares em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraty. Foi tímida, mas a experiência nos estimulou a investir mais no mercado brasileiro e fazer a turnê no novo CD”, afirma. As letras do CD Eco do Futuro falam de um país que está prestes a perder o sorriso, do racismo oculto, da fenda que separa as elites políticas das pessoas comuns, da revolta contra a injustiça econômica e também do amor em tempos difíceis. “São os testemunhos de uma mulher negra de origem humilde, mas que acredita que o Brasil vai ser um País melhor, e que posso colaborar para isso”, coloca. “Eco do Futuro é um disco decisivamente urbano”, define a cantora, que já lançou o álbum na Europa e EUA.“Meu som é eclético e marcado por fusões musicais do pop com o jazz e com a música eletrônica global. Da Cruz é a colisão de vários elementos que parecem incompatíveis à primeira vista", finaliza a artista. SAIBA MAIS Mariana da Cruz é a sétima filha de uma trabalhadora da roça de algodão e de um cozinheiro. Nasceu e cresceu no município de Paranapanema, São Paulo. Não tinha dinheiro para investir em aulas de música ou em discos, mas sua mãe era uma apaixonada pelo rádio e cantava muito bem. Foi assim que ela se encantou pela música e se mudou para Campinas, aos 16 anos, para trabalhar e tentar a vida como cantora. Depois foi para São Paulo e logo em seguida atravessou o oceano. A cantora vive há 13 anos em Berna, na Suíça, mas nunca deixou de lado suas origens, sua família e seus amigos. Faz questão de passar um tempo no Brasil e pelo menos uma vez por ano desembarca no País para ficar perto de quem gosta. “Preciso me sentir acolhida e próxima de minhas raízes”, diz. A discografia da banda conta com os álbuns Nova Estação (2007), Corpo Elétrico (2008), Sistema Subversiva (2011), Disco E Progresso (2014) e Eco do Futuro (2017). AGENDE-SE O quê: Lançamento do CD Eco do Futuro da Banda Da Cruz + discotecagem com DJs Xegado e Cygarrão Quando: Amanhã, às 20h30 (abertura da casa às 19h) Onde: Echos Estúdio Bar (Rua Agostinho Pattaro, 54, Barão Geraldo, fone: 3102-8900) Quanto: Quinta Free com nome na lista até às 17h. Na hora, R$ 5,00