ARTES

Marcelo Moscheta abre exposição Erosão Diferencial

A mostra, que fica em cartaz até 1º de maio, reúne dez trabalhos do artista feitos entre 2011 e 2016 que nunca foram exibidos na cidade

Fábio Trindade
27/03/2017 às 21:17.
Atualizado em 22/04/2022 às 19:48
Marcelo Moscheta usa ferramenta para dar forma a uma de suas obras; abaixo, as criações Linha Tempo-Espaço (foto menor) e Miragem (Divulgação)

Marcelo Moscheta usa ferramenta para dar forma a uma de suas obras; abaixo, as criações Linha Tempo-Espaço (foto menor) e Miragem (Divulgação)

O artista plástico Marcelo Moscheta, nascido em São José do Rio Preto, mas radicado em Campinas desde 1995, não esconde: quando se trata de produzir arte, é uma pessoa reclusa. Prefere ficar sozinho com seus pensamentos e inspirações para desenvolver novas obras. “Até tive assistente, mas hoje não tenho mais. Prefiro assim”, explica. Por isso, abrir a intimidade de seu ateliê ao público é um desafio e tanto que o artista começa a enfrentar nesta terça-feira, quando inicia no Museu de Arte Contemporânea de Campinas (Macc), às 19h, a exposição Erosão Diferencial. A mostra, que fica em cartaz até 1º de maio, reúne dez trabalhos do artista feitos entre 2011 e 2016 que nunca foram exibidos na cidade; o “diferencial” do título é relativo ao fato de Marcelo levar seu ateliê particular para uma das salas da instituição, onde produzirá, em tempo real, novas obras sob a supervisão do público. “Mais do que ver os trabalhos prontos no começo do museu, eu quero que as pessoas vejam como funciona a dinâmica de um ateliê. E o público vai pode entrar nele, sentar comigo, bater um papo. É um acesso ao artista, de forma direta, porque eu quis fazer algo que partisse de uma ideia de generosidade, de compartilhar”, diz. Moscheta adianta que, entretanto, não conseguirá ficar diariamente no Macc, mas “estarei lá praticamente todos os dias, digamos assim.” Criar essa relação entre artista e público, mais do que ajudar o artista a desenvolver um lado a que ele não está acostumado, tem como objetivo transformar o museu em um lugar vivo, em suas palavras. Moscheta afirma isso devido ao cenário das artes plásticas em Campinas, que ele tem percebido como precário. “Eu só estou conseguindo fazer essa exposição porque tive apoio do ProAC, um programa de ação cultural que não é do município, mas do Estado. E a própria situação do Macc é muito precária. O museu não consegue oferecer nenhum pessoal para montagem, tive que comprar tinta, comprar lâmpada, se eu quiser um prego eu tenho que trazer. Então eu tenho que produzir o museu inteiro para conseguir ter a exposição”, desabafa. “E essa estrutura precária é demasiada aqui em Campinas. Tanto que as obras já foram expostas até na Dinamarca e nunca tinha conseguido mostrá-las em Campinas.” Por situações como essa é que o artista diz que fazer esta exposição em sua “cidade do coração”, pela primeira vez, é basicamente “como um ato de resistência, até pela forma como estou fazendo, que é uma forma colaborativa. Eu tenho muitos voluntários trabalhando comigo, no sábado eram umas dez pessoas me ajudando no museu, pessoas que queriam estar lá. Então eu queria repensar esse papel de como lidamos com os espaços públicos, e como a comunidade artística consegue ajudar a cidade, já que a acidade não nos oferece praticamente mais nada.” Legado Como a exposição ficará em cartaz na cidade por pouco mais de um mês, Moscheta acredita que vai conseguir produzir uma série nova. “É algo bastante colaborativo, porque chamei estudantes de artes, artistas da cidade e amigos, assim todos nós conseguimos desenvolver esse projeto. O que é gerado no ateliê é muito rico, então o material no fim, tenho certeza, será muito interessante.” O artista plástico afirma que seu trabalho é sempre pensado na relação que a humanidade constrói com a paisagem. “Então trago muitos lugares inóspitos, isolados, com muitos que nascem de uma viagem minha. Eu os rearranjo, mostrando o tempo e o espaço entre o homem e as ruínas. Vejo assim porque acredito que o homem seja o autor das transformações mais bruscas nas paisagens.” Por isso, o artista diz que a geografia é a ciência que mais dialoga com seu trabalho. “Converso muito com coordenadas. E o público vai ver isso.” AGENDE-SE O quê: Exposição Erosão Diferencial, de Marcelo Moscheta Quando: Abertura nesta terça-feira, às 19h; Visitação de quarta-feira a 1º de maio, terças a sábados, das 10h às 18h; quintas, das 10h às 22h; domingos e feriados, 9h às 12h. Onde: Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti - Macc (Rua Benjamin Constant, 1633, Centro, Campinas, fone: 2116-0346) Quanto: Entrada franca

Assuntos Relacionados
Compartilhar
Correio Popular© Copyright 2025Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por