CINEMA

Maestro campineiro Carlos Gomes vai virar filme

Produtora campineira TAO ganhou prêmio concedido pela Ancine em parceria com o governo italiano

Delma Medeiros
14/07/2013 às 12:50.
Atualizado em 25/04/2022 às 08:54

Partitura Rasgada - Antônio Carlos Gomes é o título do projeto premiado de um longa-metragem sobre a vida do maestro e compositor campineiro que escreveu seu nome na história da música operística mundial. O projeto da TAO Produções Artísticas, produtora campineira comandada por Teresa Aguiar e Ariane Porto, conquistou o grande prêmio da Agência Nacional de Cinema (Ancine), para desenvolvimento de projeto de autor não iniciante, num programa de cooperação entre a Ancine e a Direzione Genereale Per Il Cinema (DGC) da Itália.

“O prêmio foi anunciado anteontem, dia do aniversário de Carlos Gomes. Quase caí das pernas. Entramos no edital, mas com toda humildade, competindo com grandes nomes do cinema nacional e conseguimos. O anúncio sair dia 11 de julho, para nós, foi um sinal de que vai dar tudo certo”, afirma Ariane Porto.

O longa integra um projeto bem mais ousado — Bravo Maestro! Projeto Viva Carlos Gomes —, que prevê ainda uma minissérie televisa, a montagem de uma ópera sobre a vida do compositor e atividades educativas. O objetivo é concluir o projeto global até 2016, ano em que o compositor completaria 180 anos. A data coincide com os 50 anos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que inclui o projeto em sua série de ações comemorativas.

O argumento do filme, criado pelos roteiristas Ariane Porto e Ricardo Grynspan, foi selecionado para participar de um evento em Roma, onde serão desenvolvidas parcerias entre os dois países para a produção do filme. “Vamos para Roma no segundo semestre fazer a integração com o pessoal de lá e montar a equipe artística”, informa Ariane, que assina a codireção do filme com Teresa Aguiar. “Mas por se tratar de uma coprodução, possivelmente teremos também um diretor italiano”, explica. A expectativa é iniciar agora a parte de produção e começar a rodar o longa em 2014.

O prêmio pelo projeto é de 30 mil euros. “O Brasil oferece pouco estímulo para o desenvolvimento de projetos, que muitas vezes levam anos para ser concluídos e sem apoio financeiro. Esses editais são fundamentais no sentido de suprir essa carência. Eles cobrem essa lacuna”, avalia.

Para a soprano Niza de Castro Tank, uma das colaboradoras na concepção do projeto global, a notícia chega em boa hora. “Fico contente em saber disso. Uma prêmio sério como esse sair para um projeto sobre Carlos Gomes, compositor quase esquecido em Campinas, é um ótimo sinal. Agora o maestro poderá receber um pouco do reconhecimento que merece. É um empurrãozinho para a concretização do projeto grandioso que a Teresa e Ariane pretendem”, diz Niza. “Além disso, conheço a competência delas. Tenho certeza que vai sair um filme bonito e bem feito.”

Carlos Gomes não foi só o maior compositor brasileiro, mas também o único não europeu que alcançou o sucesso na era de ouro da ópera, ombreando com Verdi e Puccini. “Ele brilhou na segunda metade do século 19 não apenas entre os amantes da música clássica e acadêmicos, mas também entre as pessoas comuns. Por outro lado, sua trajetória foi marcada por tragédias e dificuldades. Desse amálgama de glória e dor, luta e sucesso, tendo como pano de fundo os costumes e conflitos da época, pode ser extraído um potente drama histórico que resgata a vida e obra de um dos mais ilustres brasileiros de todos os tempos, capaz de emocionar plateias de todo o mundo”, resume Ariane.

Projeto Bravo Maestro

Segundo Ariane Porto, o projeto Bravo Maestro foi criado com a missão de prestar homenagem a este ícone da música operística mundial. Além do longa, prevê uma minissérie televisiva, com a expansão e aprofundamento do longa metragem, abordando mais detalhes sobre a obra do compositor e sobre o que ele viu e viveu em suas andanças pelo Brasil; uma ópera sobre a vida do maestro; e material educativo, que visa a aproximar as novas gerações do personagem e da obra do maestro.

“Para isso serão desenvolvidos conteúdos educativos, em mídias tradicionais, para distribuição em escolas e eventos comemorativos; e formatos digitais, de modo a atingir os mais variados públicos pela internet e redes sociais”, explica. Sobre a ópera, Ariane diz que os autores da música e libretos ainda estão sendo avaliados, assim como os participantes. "Mas com certeza a equipe será composta por brasileiros e italianos" , adianta, citando que a expectativa é estrear a ópera no Teatro de Ópera Carlos Gomes, que tem início de construção previsto para 2014.

A idealização e concepção geral do projeto é de Ariane e Teresa Aguiar, com contribuição de Niza de Castro Tank. A produção está a cargo da TAO Produções Artísticas. “Para viabilizar esta operação complexa e extensa, várias instituições e empresas estarão envolvidas”, informa Ariane. Entre as que já aderiram estão a Unicamp; o Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA) e o Museu Carlos Gomes; a Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA); e o Conservatório Carlos Gomes.

Serão convidadas a participar também a Academia Campinense de Letras (ACL) e a Associação Brasileira Carlos Gomes de Artistas Líricos (Abal). O secretário de Cultura, Ney Carrasco, também já manifestou a disposição da Secretaria em participar. 

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