sintonia com a natureza

MACC recebe exposição 'Raízes' de Lara Matana

Com curadoria de Fábio Cerqueira, a mostra reúne 20 obras de parede, de laminados, quatro esculturas e uma instalação, tudo em madeira

Delma Medeiros
18/06/2019 às 12:06.
Atualizado em 30/03/2022 às 20:24

O Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (MACC) recebe a exposição Raízes, da artista plástica Lara Matana, com seu foco na “sustentabilidade e no resgate da humanidade”, nas palavras de Lara. Com curadoria de Fábio Cerqueira, a mostra reúne 20 obras de parede, de laminados, quatro esculturas e uma instalação, tudo em madeira e se divide nas séries Fractal, Pescador de Luz, Sermão do Monte, Ópticos e as esculturas.  Lara conta que esteve trabalhando nos últimos 2 anos para montar a exposição. “O processo é bem demorado, exige muita dedicação e investimento, já que não podia vender as peças, senão nunca conseguiria montar a exposição”, explica Lara, citando que duas das peças foram vendidas, mas com a condição de serem disponibilizadas para a mostra. Segundo a artista cada peça demora de 30 a 90 dias para ser concluída. Ela utiliza madeira de resíduos de laminadoras para montar suas obras, com espessuras diferentes. “A lâmina faqueada tem pontos 6 ou 7 de espessura, menos de um milímetro. Já a multilaminada é mais grossa, tem entre 2,5 e 3 milímetros de espessura”, explica Lara que tem parceria com laminadoras de Mato Grosso, estado onde morou por quase 30 anos e onde iniciou este trabalho. Ela adianta que o preço das peças varia de acordo com o tamanho e grau de dificuldade na confecção. “Algumas lâminas são tão pequenas que é preciso usar pinça, é um processo bem artesanal mesmo.” Lara trabalha em harmonia com a natureza, buscando inspiração nas cores e formas e bebendo na fonte da espiritualidade. Suas experiências foram sempre calcadas na busca daquilo que está mais profundamente ligado com a nossa natureza fundamental. É através da prática da meditação que ela busca conectar-se com seu espírito. "A composição de Lara está intimamente ligada à prática milenar que procura unir corpo físico e alma para alcançar uma consciência essencial. A transferência desta sua relação com o próprio espírito para a matéria resulta em impactantes obras abstratas, cheias de movimento, num entrelaçamento de cores e profundidades", avalia o curador Fábio Cerqueira. Sua busca pela confluência material-espiritual incorpora também uma admiração a uma das formas de vida mais harmônicas que existem em relação ao planeta e tudo que nele habita: as árvores. E é na essência destas que Lara se aprofunda para buscar a matéria prima perfeita para fazer emergir sua arte. “Acredito na humanidade. Homem feliz não mata nem desmata”, afirma Lara. Para o curador, a exposição convida o visitante a efetivar este estado de contemplação, criando suas próprias conexões com as cores, formas e materiais, dando seus próprios significados àquilo que vê. A artista Natural de Andradina (SP), Lara Donatoni Matana iniciou sua jornada nas artes plásticas através das tintas e pincéis em 1992, voltando seu olhar para o abstrato a partir de 1995, ano também em que passou a utilizar-se de diferentes materiais e cores. Autodidata e com uma intuição apurada, aos poucos buscou seu aperfeiçoamento em cursos livres de arte contemporânea com artistas renomados, como Fátima Seehagen, Jussara Age, Edílson Viriato e Iftahr Peled. A partir de 2000, lançou-se em uma busca das poéticas em abstração formal, descobrindo nas possibilidades intrínsecas da madeira a sua verdadeira matéria prima de trabalho e também uma bandeira de engajamento pela sustentabilidade. Há mais de 15 anos dedica-se ao estudo contínuo de técnicas de escultura e todas as formas possíveis e algumas intangíveis de trazer a arte natural existente em cada restolho de lenha que trabalha. Ao longo de sua carreira já participou de 20 exposições individuais e coletivas no eixo – Cuiabá/ São Paulo/Rio de Janeiro e Curitiba, e também em Miami e Paris. Em 2007 tornou-se imortal da Academia Brasileira de Belas Artes, assumindo a cadeira número 42 de escultora. Em 2008, por unanimidade, teve sua elevação de grau para a cadeira número 2 da Academia, cujo patrono é o pintor Henrique Bernardelli. Em fevereiro de 2011 foi convidada a expor na coletiva brasileira na França Caligrafia das artes Brasileira, em Bussy Saint Martin, Paris. Depois de quase 30 anos morando em Cuiabá (MT), mudou-se para Valinhos (SP) em 2014, onde construiu um espaço integrado de suas atividades: o estúdio de yoga, a marcenaria, o ateliê e a galeria de arte, onde está exposto seu acervo. A ideia é proporcionar uma experiência de vivência, meditação e conexão entre homem, arte e natureza. AGENDE-SE O quê: Exposição Raízes, de Lara Matana. Quando: Abertura, hoje, às 19h. Até 28/7, terça, quarta e sexta, das 10h às 18h; quinta, das 10h às 22h; sábado, das 10h às 15h Onde: Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti – MACC (Rua Benjamin Constant, 1.633, Centro) Quanto: Entrada franca.

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