kintsugi, 100 memórias

Lume Teatro apresenta novo espetáculo

Após estreia e temporada no Sesc Paulista, em SP, o Lume Teatro, sediado em Campinas há 34 anos - traz para sua cidade o espetáculo

Delma Medeiros
16/10/2019 às 12:02.
Atualizado em 30/03/2022 às 14:44

Após estreia e temporada no Sesc Paulista, em São Paulo, entre maio e junho deste ano, o Lume Teatro – Núcleo Interdiciplinar de Pesquisas Teatrais da Unicamp, sediado em Campinas há 34 anos – traz para sua cidade o espetáculo Kintsugi, 100 memórias, de hoje a sexta-feira, no Galpão do Sesc Campinas. O espetáculo passou também pelo FILO (Festival Internacional de Teatro de Londrina-PR) e pelas cidades de Bauru (SP), Fortaleza (CE) e Florianópolis (SC).  Com dramaturgia do carioca Pedro Kosovski, direção do argentino Emilio García Wehbi, e desenho sonoro de Janete El Haouli e José Augusto Mannis, o espetáculo coloca em cena os atores-pesquisadores do Lume Ana Cristina Colla, Jesser de Souza, Raquel Scotti Hirson e Renato Ferracini. Kintsugi, 100 memórias parte dos limites da teatralidade para tratar de um tema comum: a memória, apresentada como um exercício do presente, partindo da vontade no ato de lembrar. Por meio da autoficionalização desconstruída, histórias pessoais e coletivas (do próprio grupo e de pessoas pesquisadas pelos atores) são apresentadas crises passadas, erros cometidos, cicatrizes de cada história. Kintsugi, 100 memórias propõe um reencontro com a dor como ato de superação. “Foi um processo criativo diferente de todos os que eu já vivi. Nós conversamos muito, improvisamos algumas vezes, fizemos mapas enormes, montamos um grande quebra-cabeça e só depois fomos para a cena”, coloca Raquel Scotti Hirson. “Começamos a pesquisa em cima da Doença de Alzheimer, não apenas a patologia em si, mas como uma metáfora do esquecimento em geral, da situação política nacional e etc. Com o tempo, fomos nos aprofundando na questão do esquecimento, a metáfora do esquecimento, e aí finalmente chegamos na memória e nas memórias que a gente gostaria de esquecer. E focamos mais nisso, nas memórias dolorosas que a gente não esquece. Acabamos chegando em três pilares da pesquisa, sempre com este foco em memórias que gostaríamos de esquecer, mas não conseguimos: a do plano pessoal, as memórias do grupo (da trajetória do Lume mesmo) e as memórias do plano social, atentando para os problemas sociais e como estamos nos repetindo historicamente, como hoje vivemos este retrocesso político com um sistema que tem um olhar fascista mesmo”, aponta Renato Ferracini. “Então acabamos seguindo pelos caminhos das memórias-sombra, que são dolorosas e difíceis de esquecer. Mesmo sem querer, ela se mantém, como uma cicatriz. E quando a gente olha para ela acaba revivendo ou relembrando aquilo que deixou a cicatriz. Por isso também que chegamos ao Kintsugi, uma memória de algo que se quebra, se recompõe, mas que deixa as cicatrizes, os trincos. Assim, fizemos diversas improvisações em cima de memórias pessoais e coletivas, e a partir delas fomos criando o espetáculo”, completa Ferracini. Kintsugi, ou a beleza da imperfeição, é uma técnica japonesa de restaurar cerâmicas danificadas com uma mistura de laca e pó de ouro, deixando, muitas vezes, o objeto restaurado mais valioso do que era antes do processo. A técnica consiste em não esconder, mas evidenciar os reparos. Além da restauração, se tornou uma filosofia de aceitação do imperfeito, de aceitar as falhas e encará-las de maneira positiva. AGENDE-SE O quê: Kintsugi, 100 memórias Quando: De hoje (16) a sexta (18), às 20h Onde: Galpão do Sesc Campinas (Rua D. José I, 270/333, Bonfim, fone: 3737-1500) Quanto: De R$ 5,00 a R$ 17,00 (à venda no portal sescsp.org.br/campinas e na bilheteria da unidade, de 3ª a 6ª, das 8h às 21h30; sábado e domingo, das 9h30 às 18h)

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