O pintor, considerado um dos principais paisagistas brasileiros, tem seu centenário celebrado na Academia Campineira de Letras e Artes das Forças Armadas
Manlio Moretto em seu ateliê, em maio de 2006: engenheiro da extinta Light, ele percorreu o País e registrou paisagens, igrejas, povoados... (Cedc/RAC)
Considerado o mestre do paisagismo brasileiro, o pintor paulistano Manlio Moretto (1917-2013), completaria cem anos hoje. Para prestar uma justa homenagem ao pintor, seu centenário será celebrado em solenidade na Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes da Forças Armadas, com apresentação do curta-metragem 'Manlio Moretto', de 21 minutos, realizado em 1995, com participação do artista e de Eduardo Ostergren (1915-2007, professor de pintura de vários artistas de São Paulo) e de Duron Grull, engenheiro que trabalhou com Moretto na Companhia Energética de São Paulo (Cesp). O documentário é dirigido por Fernando Figueirinhas, que também é autor do livro 'Manlio Moretto', publicado em 1999 pela Editora Arte & Ciência. Nascido em São Paulo em 1917 e graduado em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade São Paulo, onde aprendeu desenho arquitetônico com Francisco Prestes Maia, seu único mestre. Ao formar-se, começou a trabalhar na Light, empresa pela qual se aposentou em 1977. Nos anos 50, levado pela inclinação artística e pela profissão de engenheiro da extinta Light, percorreu o Brasil de Norte a Sul, registrando paisagens, igrejas, povoados, cenas ribeirinhas e outras imagens de um Brasil colonial e bucólico. Esses esboços, registrados em cadernos de campo (cerca de 50 no total), viraram quadros em nanquim e aquarela. Em 1994, aposentou-se pela Companhia Energética de São Paulo (CESP) para se dedicar somente à pintura. Em 1997, mudou-se para Campinas, onde construiu um ateliê no fundo do quintal de sua casa, no bairro Flamboyant. Sua primeira exposição individual ocorreu em 1974, no Instituto de Engenharia de São Paulo. Segundo o pesquisador Fernando Figueirinhas, Manlio Moretto foi um dos grandes representantes do realismo e um dos principais paisagistas brasileiros. “Ele é considerado um dos grandes mestres contemporâneos da pintura acadêmica realista no mundo”, afirmou Figueirinhas em reportagem anterior sobre o artista. Ele citou ainda que Moretto criou uma técnica que permanece única entre os retratistas, que consiste na aplicação de uma camada de verniz sobre a obra finalizada, o que lhe confere tonalidade e brilho característicos. A contribuição de Moretto para a história da paisagem e arquitetura brasileiras é enorme. Ele retratou em torno de 110 cidades de diversos estados brasileiros, em tamanhos e técnicas diversas, como cerca de 3 mil miniaturas a nanquim, além de aquarelas e óleos sobre eucatex. A maioria dos desenhos e pinturas é identificada com o nome do lugar e a data em que foi feita. Quando não há identificação, são cenários criados mentalmente pelo pintor, batizadas por ele de “Morettópolis”. Em entrevista para o Caderno C em junho de 2006, o pintor disse: “Eu não pinto somente aquilo que vejo, mas também o que gostaria de ver.” A solenidade tem introdução do presidente da Academia, Ronald Santiago, e a palestra será ministrada por Figueirinhas. Será apresentado ainda uma tela em óleo de Moretto, mostrando uma paisagem romântica brasileira e distribuído um catálogo de luxo, em quatro cores, com tiragem limitada de 30 exemplares. AGENDE-SE O quê: 'O Mestre do Paisagismo Brasileiro - Manlio Moretto' Quando: neste sábado (25), às 9h Onde: Academia Campineira de Letras, Ciências e Artes das Forças Armadas (Av. Marechal Deodoro, 525, Botafogo) Quanto: entrada franca