Pouca idade, muito talento

Ludovick Tshiswaka domina nove instrumentos musicais e já tem até fãs famosos

Com apenas 10 anos, Tshiswaka é curioso pelos sons, habilidoso e autodidata

Cibele Vieira/[email protected]
11/11/2022 às 17:49.
Atualizado em 11/11/2022 às 17:49
Ludovick Tshiswaka é curioso pelos sons, habilidoso e autodidata, (Rodrigo Zanotto)

Ludovick Tshiswaka é curioso pelos sons, habilidoso e autodidata, (Rodrigo Zanotto)

O baixo é seu instrumento preferido até agora. Mas ele também toca - e bem - violão, guitarra, bateria, teclado, ukulele (uma espécie de cavaquinho), cajon (instrumento de percussão em forma de caixa), bongô (pequenos tambores) e escaleta (pequeno teclado de sopro). E acalenta o sonho de aprender a tocar violino e saxofone. Tudo isso com apenas dez anos de idade. Ah, ele já tem 14 composições próprias, uma delas gravada como single e disponível nas plataformas musicais. Ele é Ludovick Ferreira Kalungo Tshiswaka, campineiro, filho de pai congolês e mãe brasileira, morador do bairro São Bernardo, que sonha em ser músico e produtor cultural.

Suas redes sociais contabilizam 107 mil seguidores, entre eles alguns famosos como Flea (baixista da banda californiana Red Hot Chilli Peppers) e Tom Morello (da banda Rage Against The Machine). Apesar de tanto sucesso, o jovem músico acompanha muito pouco essas redes porque não tem celular, objeto usado em casa com muito controle. "Trocamos as horas de celular por brincadeiras, futebol, música, estudo e muita interação familiar", conta o pai Serge Tshiswaka, que é educador e enfermeiro de formação, responsável pelo conteúdo do Instagram do garoto.

Em dezembro, Ludovick fará uma participação especial na gravação do novo DVD de Thalles Roberto, cantor e compositor brasileiro, conhecido pelo seu trabalho na música cristã contemporânea. O pequeno músico tocará guitarra acompanhando algumas canções do álbum. Questionado sobre o que acha de toda essa exposição, ele se limita a dizer, com sorriso tímido, que tudo o que quer "é tocar as pessoas com a música, porque ela traz muita paz". E acrescenta: "toco porque gosto mesmo". Entre seus estilos preferidos estão o soul, o groove e o pop rock.

Música em casa

"O objetivo é que tudo seja uma grande diversão", diz o pai Serge. Ele veio do Congo para o Brasil há 15 anos, por um intercâmbio para fazer mestrado na PUC-Campinas, onde se especializou em saúde mental na área de enfermagem. Sua ideia inicial era ficar apenas cinco anos no País, mas os planos mudaram quando conheceu a esposa, a nutricionista Juliene Tashiswaka. Desse encontro nasceram Ludowick, de dez anos, e Naomi, de oito. "Já fazíamos músicas para eles quando ainda estavam na barriga e desde bebês são estimulados com instrumentos musicais e outras artes", diz Serge, que já escreveu um livro compartilhando dicas com os pais que querem incentivar a prática musical nos filhos.

A iniciação musical de Ludovick veio das brincadeiras e acesso aos instrumentos. O pai é percussionista e toca bateria e violão, sendo acompanhado por alguns amigos que frequentavam a casa da família ensinando alguns acordes aos pequenos. Logo observaram que o garoto, além de ser curioso, tinha bom ouvido, aprendia rápido e se revelou autodidata, sempre querendo avançar nos ensinamentos. Assim, novos instrumentos foram incorporados e colocados à disposição para brincadeiras. Além de tocar e ouvir em casa, a família participa ativamente da banda da igreja evangélica "Família da Fé", onde Ludovick ensaia semanalmente. Por isso, o estilo gospel está bem presente em suas composições.

"A conexão que a música cria entre pais e filhos é incrível e isso eu procuro incentivar outros pais a buscarem", diz Serge. Ele não se cansa de repetir sobre o quanto a música ajuda no desenvolvimento da criança, nos aspectos de cognição, socialização e integração, além de fortalecer a disciplina.

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