ESTREIA

Longa 'O Amante da Rainha' é baseado em fatos históricos

Longa-metragem de Nicolaj Arcel indicado ao Oscar deste ano está em cartaz em Campinas

João Nunes
30/03/2013 às 15:01.
Atualizado em 25/04/2022 às 22:29
Cena do filme dinamarquês 'O Amante da Rainha', de Nikolaj Arcel (Divulgação)

Cena do filme dinamarquês 'O Amante da Rainha', de Nikolaj Arcel (Divulgação)

O título em português, 'O Amante da Rainha' (En Kongelig Affære, Dinamarca, Suécia, República Tcheca 2012), de Nicolaj Arcel, antecipa o que veremos: um caso de traição amorosa em meio à realeza. E, logo na primeira sequência, Carolina está escrevendo uma carta aos filhos, aos quais ela não vê há muito. Portanto, sabemos desde o prólogo que ela está longe do lugar onde vivia.

Então, em flashback voltamos ao passado quando a jovem princesa britânica, Carolina Matilde (Alicia Vikander), de 15 anos, é obrigada a se casar com o rei Cristiano VII (Mikkel Boe Følsgaard, ótimo), da Dinamarca, mesmo sem conhecê-lo. E o inevitável acontece, pois ela apaixona-se secretamente pelo médico da realeza Johann Friedrich Struensee (Mads Mikkelsen).

Diz-se o inevitável porque até quem está de fora sentiria desprezo por esse rei tosco, ridículo, infantilóide, incompetente e grosseiro. Só para se ter uma ideia, ele mal conhece a noiva, que está interessada em lhe mostrar os dotes, e interrompe aos gritos um concerto dela ao piano. E, desde logo, o interesse sexual de ambos quase não existe. Que surja um amante não necessariamente bonito, mas gentil e elegante, parece ser a melhor solução para todos. Ainda mais que o rei adora o médico e o respeita.

O filme ficaria na superfície desse drama que reúne o tradicional triângulo amoroso não fosse o fato de que o médico almeja uma revolução social. Por exemplo, criar condições higiênicas para que doenças não se proliferem — estamos em pleno século 18 — e promover uma vacinação geral na população. Ou, no mínimo, eliminar o insuportável mau-cheiro da cidade provocado pela falta de esgoto. Ocorre que, não só a realeza, mas a nobreza toda com seus cargos políticos querem distância do povo.

Para que tudo saísse a contento para todos, rei e rainha deveriam viver em paz governando um país que descobriu as ideias iluministas por meio do referido médico que se materializavam em ações como eliminar a escravidão, abolir a censura, acabar com o privilégio dos nobres, entre outras. E, então, teria havido uma revolução. Mas rainha e médico tornam-se amantes e os muitos conflitos e interesses (pessoais e políticos) explodem.

O filme não ambiciona buscar algum tipo de linguagem inovadora para sua narrativa. Ao contrário, segue uma trilha bem convencional, mas é eficiente naquilo que se propõe, ou seja, contar bem uma boa história. Isto significa que a direção consegue unir estes dois temas (amor e política) sem discursos ou panfletos. Na verdade, os dramas pessoais da rainha são tão intensos quanto os do povo, de modo que se misturam em uma simbiose consistente.

Claro que esta história real chamou a atenção fora da Dinamarca. O filme foi indicado ao Oscar deste ano, depois de ter ganhado dois prêmios no Festival de Berlim, em 2012: ator para Mikkel Boe Følsgaard e roteiro. Mas o filme tem outros atributos, como os belos figurinos, a fotografia e a reconstituição de época.

Sim, são elementos técnicos obrigatórios para se concretizar um bom cinema, mas a menção se justifica para que se tenha dimensão do tamanho da produção. O resultado se vê na tela: uma história cheia de reviravoltas belíssimamente encenada que aconteceu de fato e mudou um país. 

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