Produção estreia nesta quinta-feira (19), mas será exibido nesta quarta (18) à noite em pré-estreia em alguns cinemas de Campinas
Cena do filme 'Insurgente', que tem direção de Robert Schwentke ( Divulgação)
Não há nada mais anódino que o marrom. Pois este é o melhor adjetivo para definir 'A Série Divergente: Insurgente' (Insurgent, Estados Unidos 2015), de Robert Schwentke, que estreia nesta quinta-feira (19), mas será exibido nesta quarta (18) à noite em pré-estreia em alguns cinemas de Campinas. Os diversos tons dessa cor com a predominância do escuro (que fica ainda mais escuro no 3D), somados ao também insignificante cinza (que, por ironia, está na moda) dizem mais sobre o filme do que qualquer sinopse. Robert Schwentke e o diretor de fotografia Florian Ballhaus podem considerar este comentário um elogio, pois, se estamos num futuro impreciso na cidade de Chicago devastada por guerra e há um governo totalitário, tal tratamento fotográfico como linguagem lhe cai bem. Correto. Mas por que cores tão inexpressivas atrairiam tantas pessoas para um filme que, além de tudo, reúne amontoado de repetições na temática e nos muitos clichês que se espalham pela narrativa? Eis um dilema quase sem respostas. Tentemos entender. O universo futurista sempre atraiu, em especial jovens, mas, atualmente (assim como tons de cinza) virou moda. Mesmo que não se entenda direito do trata, mesmo que a ambientação pareça imprecisa, mesmo que não saibamos quem são aqueles personagens, qual a gênese deles nem para que vivem.Importa que exista uma aura de fantástico misturada ao tecnológico e, em meio a tudo isto, umas pitadas de guerra, ideologias opressivas e alguém que se sobressai como herói capaz de romper com as amarras. Neste caso, heroína. Beatrice “Tris” Prior (a boa Shailene Woodley) tem poderes, se machuca um tantinho — não o suficiente para desistir —, passa por inúmeras provas, se vê em situações-limites um sem número de vezes e, claro, supera tudo.O maior incômodo vem da ambientação. A Chicago devastada mais parece lugar algum. Talvez a atração esteja no viés futurista que tenta nos levar para um universo do qual não partilhamos no cotidiano e, por isto, fascina. E, convenhamos, a autora da trilogia homônima, Veronica Roth, se leva a sério demais. Não há um único sorriso. Tudo tem de ser tenso, perigoso, complicado. Um pouco de humor (como nos filmes de heróis) caberia muito bem. Mas Roth quer parecer séria. No entanto, o sofrimento da heroína é incapaz de comover — por mais que a atriz seja boa (não se trata de incompetência dela). Assim como não convence aquele ritual todo de confrontos que nunca param. Tris está sempre fugindo, ao lado de Quatro (Theo James) e do irmão meio panaca Caleb Prior (Ansel Elgort), ou sendo algemada, ou acuada por algum troglodita. Por fim, acaba presa sob a pressão de Jeanine Matthews (uma Kate Winslet canastrona como nunca). Ocorre que a vilã quer a heroína para realizar umas experiências. Escrito a seis mãos a partir do livro, o roteiro é frágil, mas não tem muito que fazer, como não há antídoto contra a famigerada trilha sonora genérica e onipresente assinada por Joseph Trapanese. Impressiona a sensação de que já ouvimos aquilo em muitas outras produções e impressiona como era isso mesmo o que desejavam os produtores. Como era exatamente este o filme que queriam ter feito. Bom para eles.