No filme, o filho 'mau' do deus Odin é o melhor de Thor - O Mundo Sombrio, que estreia hoje
Se o critério de avaliação de 'Thor - O Mundo Sombrio' (Thor - The Dark World), de Alan Taylor, for a produção grandiosa inteiramente cercada de efeitos especiais e — sim — se é por isso que o espectador se interessa na hora de escolher um filme-pipoca, vá correndo ao cinema. Uma produção com muitos milhões no orçamento só pode ser grandiosa, explodir na tela e, consequentemente, impressionar (clique aqui e confira a programação de cinema).E se o espectador quer mesmo se divertir (direito inalienável que lhe cabe) não só pelo espírito de ação e aventura que se vê no filme, mas pelo humor impregnado nele, há também um punhado de boas piadas — conteúdo obrigatório nas produções atuais do gênero —, outras nem tanto (aliás, até bem infantis, mas que os adultos adoram).Tenho a impressão — e aqui vai um comentário bem particular — que a plateia de hoje se vê no dever de rir até mesmo nos dramas (basta frequentar com assiduidade as salas de cinema para conferir). E o longa da Disney atende perfeitamente a essa premente necessidade do público. Há piadinhas bem bobocas, mas isso não importa; o importante é garantir o riso a qualquer custo. Menos mal que são piadas leves e familiares que o cinema americano sabe fazer tão bem (caso de Thor no metrô de Nova York).Se, no entanto, o espectador desejar algo mais do que o simples passatempo, não há muito que 'Thor - O Mundo Sombrio' possa oferecer além do que se viu no filme anterior, 'Thor' (Kenneth Branagh, 2011). Não me refiro, obviamente, aos fãs das HQs da Marvel, que as reverenciam como algo sagrado — direito que, claro, também lhes cabe. Mas uma coisa é enxergar como fã, outra é ter olhar distanciado e sem nenhuma identificação com o assunto (meu caso).Curiosamente, me diverti com o anterior e senti enorme má vontade em acompanhar as novas peripécias desse super-herói que usa estranho instrumento de trabalho (um martelo com poderes mágicos). Sei, não dá para ser levado a sério, mas nem estou me referindo a isso; a questão é outra. De novo os irmãos se confrontam: o santo e virtuoso Thor (Chris Hemsworth) e o mau sem nenhum caráter Loki (Tom Hiddleston).E se há algo bom neste filme é a capacidade de Loki em se transmutar em outros personagens. Rende boas piadas, permite fazer um merchandising de Capitão América (futuro lançamento do mesmo estúdio), torna-se o mais interessante ponto dramático do filme (o único na verdade) capaz de definir o desfecho e, por fim, serve para anunciar o terceiro produto da série. Visto assim, Loki vira o dono do pedaço.Sobra para o herói bonzinho (quem ainda acredita em heróis bonzinhos?) lutar pela amada Jane Foster (Natalie Portman), que passa por maus momentos, sendo mal vista até pelo sogro Odin (Anthony Hopkins). E Jane, que, no papel de mortal, trabalha como física, de repente ganha uns poderes extras deixando a tarefa mais interessante na terra para o cientista louco Selvig (Stellan Skarsgard) — outro que se destaca. Trilha sonoraE como não poderia deixar de ser, a trilha sonora de Brian Tyler ressoa histérica e onipresente (outra obrigatoriedade das produções do gênero). Ela embala todos os passos dos personagens, das piadinhas, ao romance e, claro, as lutas. Por que, sim, há lutas. Malekith (Christopher Eccleston) retorna “para levar o universo de volta às trevas”, segundo a sinopse oficial. Com aquela voz do computador de '2001 - Uma Odisséia no Espaço', sem o charme do HAL 9000, o império do mal faz caretas, ameaça, se contorce, enfrenta, ataca e se esforça. Mas quem é que pode com o martelo de Thor?Por fim, aqui segue um aviso de serviço do jornal: não saia da sala antes de ver todos os créditos (longuíssimos, diga-se). O final só aparece depois deles. Nada que o espectador não possa ter imaginado, mas é o “the end” oficial de 'Thor - O Mundo Sombrio'. Para os fãs ou para quem almeja só duas horas de entretenimento, boa diversão.