Para celebrar o 240º aniversário de nascimento da inglesa, autora de 'Orgulho e Preconceito', a editora Landmark lança 'Jane Austen - Obras Inacabadas', em edição de luxo bilíngue
Capa da obra 'Jane Austen - Obras Inacabadas', edição de luxo bilíngue ( Divulgação)
O ano de 2015 marca o 240º aniversário de nascimento de Jane Austen, a inglesa autora de obras como 'Orgulho e Preconceito' e 'Razão e Sensibilidade' que, ainda hoje, é considerada um dos grandes nomes da história literária, tanto pelos críticos, pelos acadêmicos quanto pelo público. Os seis romances escritos por ela são amplamente conhecidos, mas Jane Austen possui diversos outros textos além dos já citados e também de 'Emma', 'Mansfield Park', 'Persuasão' e 'A Abadia de Northanger'. Mais do que isso, há obras que ela deixou pelo caminho, justamente o que a editora Landmark resgata em 'Jane Austen - Obras Inacabadas', edição de luxo bilíngue, e com capa dura, que acaba de ser lançada no Brasil. O livro traz as duas novelas inacabadas de Jane Austen: 'Os Watsons', que a autora deliberadamente não quis acabar, e 'Sanditon', que teve apenas os primeiros capítulos escritos pouco antes de sua morte. Os leitores contam também com 'Projeto de um Romance', trabalho curto, de cunho satírico, escrito em 1816, mas publicado em forma completa pela primeira vez por R. W. Chapman em 1926. Considera-se que, nesta obra, há o relato mais importante do que Jane Austen entendia como sendo seus objetivos e sua visão pessoal como romancista, incluindo uma forte exposição sobre “o que evitar” ao escrever. Por último, há os capítulos originais de 'Persuasão', o último romance completo escrito por ela — e lançado em 1818, um ano depois da morte da escritora. “Os textos apresentados não são uma reedição literal de qualquer edição prévia, mas o mais próximo ao que Jane Austen, em meu entender sobre as evidências disponíveis, pretendia escrever”, afirma a introdução da obra, escrita pelo biógrafo, crítico, editor e especialista em literatura inglesa do século 19 Reginald Brimley Johnson (1867-1932) — o texto foi elaborado para o volume 'Sanditon, The Watsons, Lady Susan and other Miscellanea', lançado em Londres, em 1934. Entre as inúmeras obras produzidas por Johnson que o tornaram referência em Jane Austen, há a compilação dos romances da inglesa publicada em 1894 em dez volumes. 'Sanditon', como dito, ficou inacabado simplesmente porque Jane Austen morreu, em 1817, do Mal de Addison. A história situa-se em uma cidade à beira-mar e seus temas dizem respeito à nova sociedade de consumo especulativo, quase como anunciando as grandes convulsões sociais provenientes da Revolução Industrial. “O texto, creio, não pode nem mesmo ser chamado de um primeiro rascunho. É mais o início de um simples esboço, pode até ser descrito como notas taquigráficas de um conto, onde todos os detalhes, possivelmente até a conclusão ou o fio principal da trama, ainda têm que ser determinados”, analisou o crítico Johnson. Já 'Os Watsons' foi escrito em Bath por volta de 1803 e, provavelmente, segundo diversos levantamentos feitos sobre a vida e obra da escritora, foi abandonado depois da morte de seu pai, em janeiro de 1805. “Após a publicação de 'Mansfield Park', ela retornou os personagens e o assunto desse interessante fragmento, mas circunstâncias pessoas novamente forçaram pelo menos uma mudança drástica no enredo: evitar reflexões sobre uma cunhada benquista” , avaliou Johnson. De acordo com o livro, vários escritores, desde o século 19, tentaram completar o livro, em um total até agora de nove complementações. A mais famosa delas é a realizada em 1850 pela sobrinha da autora, Catherine Anne Hubback (1818-1877), sob o título 'The Younger Sister'.Insatisfação Na parte final de 'Obras Inacabadas', o tema é o romance 'Persuasão'. Jane Austen, antes de enviar seu último livro para a impressão, se mostrou insatisfeita com os dois capítulos finais e decidiu reescrevê-los. As páginas manuscritas originais, no entanto, foram entregues a Anna Austen Lefroy, sobrinha de Jane Austen, e posteriormente publicadas por seu irmão James Edward Austen-Leigh como parte da segunda edição de sua obra biográfica 'Memoir', em 1871. “Podemos aprender (com os capítulos originais) mais sobre seu consumado talento artístico e maravilhosos poderes de autocrítica. O romance completo que, quando o escreveu, deixara-a satisfeita e tinha sido planejado para impressão, continuou a ser objeto de cuidadosa meditação, e as reflexões de uma noite a convenceram de que poderiam ser melhorados ainda mais”, concluiu o crítico.