A ideia, conta a autora, é permitir que o leitor faça um passeio pelas florestas, explorando detalhes e curiosidades dos macacos que habitam as matas brasileiras
Uma das magens do livro Primatas do Brasil, de Cristina Rappa e Heloisa Turini Bruhns, que conta com centenas de fotos de autoria de Luciane Salete Panisson, Adriana Cruz e Fabio Colombini ( Divulgação)
Em tempos de caça ilegal e fotos de elefantes, leões e rinocerontes mortos exibidos como troféus, dar visibilidade aos animais não é apenas louvável, mas primordial para a conscientização de que o mundo não é habitado — ou deveria ser — apenas por seres humanos, como muitos parecem pensar atualmente. Os que trabalham para mudar isso sabem da difícil missão que os acompanhará enquanto seguirem este caminho, algo, entretanto, que nem de longe os tiram de suas metas. Prova disso é o lançamento do livro Primatas no Brasil - Cada Macaco no seu Galho (240 pág., R$ 49,90), uma publicação da Avis Brasilis Editora, de Vinhedo, que foge dos padrões do que normalmente ilustra as prateleiras por aí. Com acabamento impecável, bilíngue (inglês e português) e com ricas imagens e ilustrações, a obra, como dito, tem exclusivamente o objetivo de dar voz ao mundo animal ao detalhar, com muito cuidado, as diferentes espécies encontradas nos biomas do País e a relação delas com o homem e a natureza, além de suas ameaças e exemplos de conservação. “A biodiversidade brasileira surpreende, assim como a relação do homem com o macaco, que muitos ainda ignoram. Os animais precisam ter seu espaço no mundo, e a diversidade de primatas e suas características tão diferentes surpreenderam até a mim, que pesquisava o assunto exclusivamente para escrever o livro”, explicou Cristina Rappa, jornalista que divide a autoria da obra com a escritora Heloisa Turini Bruhns, autora do livro A Busca pela Natureza (Ed. Manole, 2009); e a ambientalista Lívia Botár, fundadora do Projeto Mucky, de Itu, instituição que resgata e cuida de primatas. Foram meses de estudos, pesquisas e conversas com especialistas até Cristina finalmente começar a escrever junto com as colegas, essas, mais familiarizadas com o assunto. “É um trabalho feito a muitas mãos, afinal, além de nós, o livro conta com 200 fotografias (de Luciane Salete Panisson, Adriana Cruz e Fabio Colombini) e 200 ilustrações (de Tomas Sigrist). E isso, no fundo, só deixa o trabalho mais rico, completo”, lembra Cristina. A ideia, conta a autora, é permitir que o leitor faça um passeio pelas florestas, explorando detalhes e curiosidades dos macacos que habitam as matas brasileiras. Para isso, o livro foi dividido em quatro partes: o primeiro capítulo faz um diálogo entre a natureza e a cultura para discutir a relação que os humanos estabelecem com o mundo animal; o segundo fala sobre biomas e mostra as características das diferentes espécies que os habitam; em seguida, é apresentado à complexidade de ameaças, como incêndios, caça, comércio ilegal, rodovias etc e, para finalizar, exalta as iniciativas e os projetos de sucesso de preservação dessas espécies, como o Mucky, que completou 30 anos em 2015. “Nunca quisemos fazer um livro científico. Assim, ele pode ser apreciado e entendido pelo público em geral. Qualquer um que tenha interesse na diversidade do Brasil vai gostar e entender a importância de respeitar esses animais. Claro que estudantes, pesquisadores, ONGs, podem fazer um ótimo uso da publicação, tanto que, por isso, ela é bilíngue, pois sabemos da quantidade de entidades internacionais interessadas em conhecer os nossos biomas”, afirma Cristina. O livro, ressalta ainda a autora, só pôde ser feito com tamanha qualidade porque houve patrocínio, no caso pela Tetra Pak, por meio da Lei Rouanet. “Sabemos que obras assim são raras, por isso é importante empresas apoiarem essas causas. E o fato de ter patrocínio ainda ajuda na distribuição do livro, pois uma boa parte da tiragem foi distribuída em Itu, na Prefeitura e em escolas, pois é a cidade do Projeto Mucky.” O livro pode ser adquirido diretamente no site da editora, www.avisbrasilis.com.br