Livro resgata importância da Catedral Metropolitana de Campinas

Ao longo dos 248 anos de Campinas, a cidade foi se formando através e a partir dos seus espaços urbanos, que, para além de sua fundamental função social, representam a história e a identidade do município. A explicação é da arquiteta e historiadora campineira Ana Villanueva, que recorre à data festiva para lançar o seu livro "Arquitetura Neoclássica em Campinas - A Catedral Nossa Senhora da Conceição: desenho e conexões (1807-1883)" (Editora Appris), no qual desenvolve um amplo estudo arquitetônico sobre a Catedral Metropolitana de Campinas, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição. O lançamento acontece hoje, no Museu de Imagem e Som (MIS), das 16h às 19h.

O livro de 422 páginas é resultado da tese de doutorado em História da Arquiteta pela Unicamp, que decidiu resgatar o valor que a Catedral tem, não só na arquitetura, mas como símbolo de Campinas. A construção acompanhou mais de sete décadas da história do município, entre 1807 e 1883, quando foi inaugurada. "Ela não é só importante para a cidade ou o estado, como também para o país. A Catedral é o maior monumento do Brasil construído em taipa de pilão", explica a arquiteta ao citar a milenar técnica que utiliza terra como matéria-prima. Por causa disso, a construção, muito maior do que as outras edificações feitas com o mesmo método, foi bastante desafiadora. Em determinado momento durante o período de construção, parte do monumento caiu. Uma das explicações, na época, era sobrenatural. "Diziam que uma grande serpente habitava a cidade, embaixo da terra, e quando ela ficava brava e se mexia, tudo desmoronava", conta ela, divertindo-se ao lembrar da lenda local. Todo esse resgate histórico é descrito no seu livro.

Ana divide a obra em três partes: na primeira ela analisa a linguagem arquitetônica a partir do desenho da fachada principal da Catedral, um dos seus principais focos de estudo; a segunda parte é dedicada à história, analisando como a tradição baiana com resquícios barrocos e a arquitetura neoclássica vista nas construções da Corte no Rio de Janeiro influenciam Campinas; a última parte revela conexões artísticas da Catedral com a arte encontrada na Itália, na França e em Portugal. A arquiteta espera que a publicação sirva de material de estudo futuramente para outros profissionais.

"A Catedral é maior que Campinas"

Sobre o resgate histórico da importância da igreja, a arquiteta reforça que este olhar para o passado é importante para o nosso presente e lamenta que a Catedral não seja valorizada como deveria. "O centro de Campinas e seus monumentos se configuram em registros da nossa história e da nossa identidade, seja como município ou como sociedade campineira. A Catedral é o maior de todos esses monumentos e acredito que é maior, inclusive, que a própria cidade". Ainda segundo ela, a construção é fundamental para que a população possa olhar para a própria cidade com orgulho. "O símbolo mantém na memória das pessoas a referência de onde ela é, quem ela é", explica. 

Um de seus objetivos com o lançamento do livro é justamente trazer mais olhares para esta discussão e resgatar a importância do monumento no cenário nacional e, especialmente, regional. "A Catedral é um legado para as gerações futuras. Hoje vivemos tempos em que as coisas são muito rápidas e efêmeras, nada é permanente. Mas a arquitetura tem essa função de colocar você em um espaço e momento e lembrar quem você é", defende.

PROGRAME-SE

Lançamento do livro "Arquitetura Neoclássica em Campinas"

Quando: quinta-feira, 14/07, das 16h às 19h

Onde: MIS - Rua Regente Feijó, 859, Centro

Entrada franca