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Laura Cardoso: Uma vida preenchida

Aos 90 anos, Laura Cardoso tem uma energia que parece não caber em si. Algo que se reflete diretamente no espaço que conquistou dentro da trama de O Outro Lado do Paraíso

Da TV Press
30/03/2018 às 22:06.
Atualizado em 23/04/2022 às 09:09
A consagrada Laura Cardoso, contratada para uma participação breve na novela, acabou caindo nas graças do autor, do diretor e do público (Divulgação)

A consagrada Laura Cardoso, contratada para uma participação breve na novela, acabou caindo nas graças do autor, do diretor e do público (Divulgação)

Aos 90 anos, Laura Cardoso tem uma energia que parece não caber em si. Algo que se reflete diretamente no espaço que conquistou dentro da trama de O Outro Lado do Paraíso. Na pele da cafetina Caetana, a atriz iria participar apenas de alguns capítulos da novela, até acontecer a morte de sua personagem, prevista na sinopse. Mas ela caiu nas graças do público e do autor Walcyr Carrasco. Com isso, sua presença na trama é constante. O que Laura mais gosta, no entanto, é a possibilidade de compartilhar conhecimento com os colegas do elenco. “A juventude precisa da experiência dos veteranos, mas os veteranos também aprendem com a juventude. Existe uma troca. Eu dou um pouco do que sei e recebo um pouco do que trazem”, analisa. Uma das atrizes pioneiras da televisão brasileira, Laura integrou o elenco de teleteatros, séries e novelas na década de 1950 na TV Tupi. Depois atuou em emissoras como Excelsior, Band e Record, até estrear na Globo em Brilhante, de 1981. O trabalho como atriz sempre foi tão intenso que se confunde com a história da tevê e com a sua própria. “Como trabalho desde menina e amo minha profissão, juntou a Laura atriz com a Laura mulher, avó, mãe e bisavó”, orgulha-se. Mas o segredo para tanta vitalidade nem ela sabe revelar. “Eu sou uma indisciplinada. Não tenho hora para dormir, não faço dieta. Quando estou com fome, eu como. Nunca tive esse negócio de cumprir regras”, estabelece. A princípio, você iria fazer apenas uma participação em O Outro Lado do Paraíso, mas sua personagem acabou permanecendo na história? Isso foi uma surpresa para você? Não esperava por isso, pensei que faria uns 20 ou 25 capítulos e depois a personagem iria embora. Dei sorte porque o Walcyr Carrasco (autor) gostou, o público gostou e o diretor Mauro Mendonça Filho também. Trabalho para mim é presente, é vida, é continuação. É tudo. Fico emocionada e feliz com o carinho das pessoas. É o reconhecimento do nosso trabalho. Sua personagem é uma cafetina que comanda um bordel e está sempre disposta a dar conselhos para as meninas que emprega, quase sempre com toques de humor. Como construiu esta mulher? Eu sou uma pessoa observadora. Adoro ficar entre as pessoas para observar os gestos, o riso, a vida. Isso tudo nos dá uma bagagem para fazer uma personagem como esta. Além disso, gosto de perceber o que meus colegas estão fazendo em cena porque são gente de primeira linha. E acho que sou um pouquinho como a minha personagem, quando se trata da liberdade que Caetana tem. O meu sentido de liberdade é grande. O perfil da Caetana exige uma maquiagem mais carregada. Você se sente à vontade com a caracterização da personagem? Eu curto para personagem. Para mim, não. Eu trabalho desde os 15 anos pintando a cara. Quando posso, fico de cara lavada. Acho a maquiagem uma arte que modifica seu olhar, seu sorriso e seu rosto. A maquiagem é muito importante e séria. Respeito muito o que a equipe faz. Depois de mais de 60 anos de televisão, o que você ainda tem vontade de fazer como atriz? Eu quero trabalho, quero vida. Um personagem é sempre um presente do autor. Nunca sou eu que quero fazer uma mulher má ou a mulher linda. Eu quero uma personagem, seja ela qual for. Até hoje, você trabalha bastante e se mantém no ar com frequência. O que faz nas horas vagas? Leio, hábito que tenho desde muito pequena. Também gosto muito de teatro, cinema e assistir a documentários sobre a vida das pessoas. Estou lendo o livro da Fernanda Torres que é muito bom. Tenho um monte de livros comprados que ainda não li. Não ligo para quem escreveu, mas sim para o que está escrito. Guimarães Rosa, por exemplo, é sempre bom.

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