Banda mineira aposta em álbum dançante, neste que é o sétimo de sua carreira
A banda mineira Jota Quest tentou resgatar suas influências da black music — especialmente o funk — no CD 'Funky Funky Boom Boom' (Sony Music), lançado este mês. Sem grande êxito. O disco não traz referências do funk com pegadas de jazz e soul de James Brown, tampouco a releitura brasileira feita por Tim Maia e Jorge Ben. As batidas são dançantes, mas são mais pop do que nunca. De vantagem, um repertório somente de inéditas que encerra o jejum de cinco anos desde de seu antecessor, 'La Plata'. Durante esse hiato, foram lançados apenas álbuns comemorativos e ao vivo.Sétimo disco do grupo, 'Funky Funky...' segue a linha pop rock com a qual eles despontaram há duas décadas, apesar de não assumirem. “Singles do Jota são pop, mas se você ouvir o disco inteiro vai ver que a maioria é black music. As pessoas ficam com 'Só Hoje', mas o 'Discotecagem' (lançado em 2001) é 70% black. Neste, a gente resgatou um pouco mais”, afirma o baixista PJ, frisando a aposta do grupo na mistura do funk norte-americano com o suingue brasileiro. “Sempre deu certo. Não é como misturar o funk como música russa.”Exceto a discussão de gênero, importante dizer que o disco está sofisticado com algumas participações de peso. O norte-americano Jerry Barnes, conhecido por trabalhos com Chic, Aretha Franklin e Stevie Wonder, produziu o álbum, e o paulistano Adriano Cintra (ex-integrante do CSS) foi o coprodutor. As músicas 'Mandou Bem' e 'Imperfeito' contam com o guitarrista e produtor Nile Rodgers, que já trabalhou com Madonna, David Bowie e Daft Punk. “O Jota sempre foi fã do Chic, tocávamos muito no início da carreira e há três anos tivemos o prazer de tocar junto num show em São Paulo. O Jerry era o baixista e produtor musical, substituindo o Bernard Edwards, que morreu em 1994. Foi aí que o conhecemos e fizemos o contato com Nile Rodgers”, conta PJ.Participam ainda da gravação o percussionista brasileiro radicado nos Estados Unidos, Mauro Refosco; o duo eletrônico paulista Click Box, de Marco AS. e Pedro Turra; e os norte-americanos Dom Harris (arranjos de metais e trompete), Selan Lerner (piano) e Bashiri Johnson (percussão). A faixa 'É de Coração' foi composta em parceria com Xande de Pilares e 'Jota Quest Convidou' com Seu Jorge, Pretinho, Gabriel Moura e Leandro Fab. PolêmicaEnfim, um trabalho de inéditas com cara de celebração. Misturaram samba com reggae e funk, mas tudo com jeitinho bem pop. O destaque maior talvez fique no encarte, que já causou polêmica no Rio Grande do Sul. A tela 'Martini Miss', de Mel Ramos, importante representante da pop art norte-americana, ganhou uma bela reprodução sob a direção de arte do designer e fotógrafo mineiro Antônio Andrade. Retrata uma garota pin up nua sentada dentro de uma taça.“Achei que fosse implicar com a moça, mas não, foi com a taça”, diz PJ. Um cartaz com essa ilustração convidando ao show que Jota Quest faria em Porto Alegre na próxima semana foi censurado após ser colocado em 20 táxis-lotação. A Empresa Pública de Transporte e Circulação da capital gaúcha entendeu que fazia alusão à bebida e direção. Os cartazes foram trocados.Márcio Buzelin, Marco Túlio Lara, Paulinho Fonseca, PJ e Rogério Flausino farão o lançamento oficial da turnê 'Funky Funky Boom Boom' apenas no ano que vem. Antes disso, porém, chegará aos fãs um duplo vinil e o videoclipe da música de trabalho, 'Mandou Bem'.