ENTREVISTA

José Wilker fala sobre 'Giovanni Improtta' no Cine PE

Filme é baseado no personagem criado por Aguinaldo Silva para a novela 'Senhora do Destino', da Globo

João Nunes
correiopontocom@rac.com.br
30/04/2013 às 17:49.
Atualizado em 25/04/2022 às 18:09

José Wilker, diretor e ator do filme 'Giovanni Improtta', durante coletiva de imprensa (Divulgação)

No teaser de Giovanni Improtta, que abriu na sexta-feira (24) o 18o Cine PE – Festival do Audiovisual de Recife, a ordem é rir. Ao apresentar o filme no palco, o diretor e protagonista José Wilker incentivou o público a se divertir. E na coletiva de imprensa no dia seguinte, a produção distribuiu um marcador de livro intitulado “humôrmetro”, convidando os jornalistas a optarem pelo riso. Mesmo assim, aos jornalistas, o ator disse que seu filme não é comédia.

A postura causou surpresa porque o público de Recife, tradicionalmente animado, riu muito pouco desta adaptação do romance 'Prendam Giovanni Improtta', de Aguinaldo Silva, que estreia dia 17 de maio nos cinemas. Quem associou o nome do filme à telenovela 'Senhora do Destino' (2004/2005, Rede Globo) acertou. Este, vivido pelo próprio Wilker, era o alívio cômico da novela, entre outras razões, por tentar falar empolado e quase sempre errado.

Aos jornalistas o ator contou que o personagem fazia tanto sucesso que ele era parado na rua para ouvir pessoas interessadas em lhe sugerir frases, palavras e comportamentos ao personagem — mais uma prova de que Improtta continha inequívoco traço de comédia.

Bem, se não é comédia, o que é o filme 'Giovanni Improtta'? O diretor diz que buscou a ironia. “Minha intenção não era ser engraçado; não queria o registro sisudo, mas a ironia”, afirma. Apesar disso, ele concorda que o personagem, assim como a direção de arte, o figurino, a maquiagem e a interpretação estão longe do realismo.

Os argumentos de Wilker podem até ser considerados, mas não há como não dizer que o filme não seja comédia. Claro que é. Ele faz tudo para parecer engraçado, insiste em falar errado, mesmo nas palavras e expressões mais absurdas (como saunica, em vez de sauna; ou cabaço em vez de bagaço), e gesticula exageradamente.

E, como não poderia deixar de ser (ou não seria comédia brasileira), investe na famigerada escatalogia — que até se suporta em filmes adolescentes com Bruno Mazzeo e Marcelo Adnet, mas não em um longa indicado para adultos.

Wilker defende Giovanni por ele ser baseado em personagem real, uma figura típica do Rio que quer ascender socialmente por ser bicheiro. Ou seja, tem dinheiro, mas não status.

Em seguida, o ator ironiza um comentário feito fora da coletiva de que o filme seria “mais do mesmo”. Segundo ele, “essa frasezinha” é um elogio, pois considera síntese dos personagens que fez ao longo da carreira e do cinema nacional.

O ator também se incomodou que alguém tenha dito que o personagem é “televisivo”. Ele diz ter passado a vida tentando entender o que é televisivo e que evitou transformar o filme em chanchada. “Não é meu gênero de trabalho”, se defendeu, completando que seu filme reflete 500 anos de tragicomédia da história brasileira, que mistura corrupção e outras mazelas, o que o torna atual.

José Wilker contou que quando foi convidado a fazer a telenovela se apresentou ao diretor com uma mentira: a de que havia pesquisado e estudado o personagem e que ele falava errado — o bordão que se tornou famoso era “felomenal”. Depois, se arrependeu da mentira e pediu para regravar as cenas, mas Agnaldo Silva tinha visto e gostou.

Ele diz que o episódio mostra que sua carreira foi uma sucessão de acasos e que nunca batalhou para dirigir. No caso de 'Giovanni Improtta', Cacá Diegues seria o diretor, porém este o convidou para assumir o posto. “Foi acidental. Tenho cinco roteiros na cabeça, mas não sei se vou dirigir outro filme”, finaliza.

O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DO FESTIVAL

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