SERÍ(E)SSIMA

Joaquim de Almeida: um dos camaleões de Hollywood

O ator português, que tem papel de destaque na série 'A Rainha do Sul', tem cerca de 100 filmes no currículo: ele conversou com a coluna no set da série, noTexas

Fábio Trindade
09/07/2016 às 16:49.
Atualizado em 22/04/2022 às 23:33
Don Epifanio, vivido pelo ator português Joaquim de Almeida, abre mão do comando do cartel da fronteira entre México e Estados Unidos em 'A Rainha do Sul' (Divulgação)

Don Epifanio, vivido pelo ator português Joaquim de Almeida, abre mão do comando do cartel da fronteira entre México e Estados Unidos em 'A Rainha do Sul' (Divulgação)

'A Rainha do Sul', produção que vai ao ar às quintas, às 22h30, no canal 'Space', é antes de mais nada uma série sobre mulheres poderosas que, por motivos muito diferentes e particulares, chegaram onde estão — no topo do narcotráfico da fronteira entre Estados Unidos e México. A principal delas é Teresa Mendoza, vivida pela brasileira Alice Braga, uma ex-cambista que se tornou a responsável por chefiar o mercado de entorpecentes. Mas, apesar do domínio feminino, um homem se destaca no mesmo patamar que elas nesse difícil negócio: Don Epifanio Vargas, ex-comandante do cartel e candidato a governador do Estado de Sinaloa, no México. Ele era o chefe de Guero (Jon Ecker), namorado de Teresa que foi assassinado por traição e a colocou na mira dos criminosos. Exatamente por isso, Epifanio, por vê-la como uma filha e para não matá-la, obriga Teresa a fugir para Dallas, no Texas. O que ele não imaginava era que ela daria de cara com sua ex-mulher Camila Vargas (Veronica Falcón), justamente quem assumiu o cartel em seu lugar. Um encontro que marcou o começo da carreira trilhada por Teresa que, como ela mesma diz, se tornou a rainha do “maior império de drogas do hemisfério ocidental”. Joaquim de Almeida, um dos grandes camaleões de Hollywood, é quem dá vida a Don Epifanio — mais um poderoso personagem para seu vasto currículo de figurões. O ator português de 59 anos, que fala cinco idiomas, começou a atuar na década de 80 e, desde então, fez cerca de 100 filmes na Europa, nos Estados Unidos e em diversos países da América do Sul ao lado de estrelas como Harrison Ford, Gene Hackman, Robert Downey Jr., Salma Hayek, Kim Basinger, Antonio Banderas, Vin Diesel e Sandra Bullock. Para citar alguns de seus longas, Joaquim pôde ser visto como Bucho em 'Desperado' (1995), de Robert Rodriguez; foi o terrível Hernan Reyes de 'Velozes e Furiosos 5: Operação Rio' (2011); entrou em confronto direto com Harrison Ford em 'Perigo Real e Imediato' (1994); como Nick Martinez de teve um affair com Kim Basinger em 'Vidas que se Cruzam' (2009), e foi o chefe de Sandra Bullock em 'Especialista em Crise' (2015). No Brasil, Joaquim ainda foi Sherlock Holmes em 'O Xangô de Baker Street' (1995). A carreira na TV também é intensa. Foi Ramon Salazar na série '24 Horas' e já participou de produções como 'Bones' (Raphael Valenza), 'Once Upon a Time' (Rei Xavier), 'The Mentalist' (Gabriel Porchetto), 'Wanted' (Capitão Manuel Valenza), 'Parenthood' (Matthew Biscali), entre outras. “Eu costumo interpretar homens que são invencíveis. Em 'Queen of the South' a situação é diferente, os poderes do Don Epifanio são limitados, principalmente porque ele tem diante dele uma mulher mais esperta e melhor do que ele no que faz, que é ser líder de um cartel”, afirma Joaquim em conversa com a coluna em Dallas. “Sem contar que a série é bem divertida, mesmo se tratando drogas. Também é violenta, claro, mas há respiros muito interessantes. É um estilo que eu gosto.” A Serí(e)ssima visitou as locações de 'A Rainha do Sul' no Texas e teve uma longa conversa com o ator, que deu detalhes de seu personagem e do que esperar da produção. Don Epifanio, ao mesmo tempo em que tenta ser governador, quer encontrar Teresa e destruir o império de Camila para poder assumi-lo de novo. “O problema é que ela é muito inteligente, faz acordos importantes com os colombianos para conseguir as drogas e inicia uma guerra com outro cartel. Eu, como candidato, tenho meu poder restringido, já que não posso mais agir deliberadamente, e é aí que começam os problemas”, diz Joaquim. Além de ser um personagem diferente para seu currículo, e numa série que tem recebido grandes elogios, o ator conta que aceitou fazer Don Epifanio assim que leu o episódio-piloto, porque a história o pegou. “Eu não faço só mais um cara mau. Aqui, todos são vilões. Mais do que isso, o excitante é que são mulheres fazendo papéis que normalmente são desempenhados por homens”, explica. Há outro motivo ainda para Joaquim estar na série: ele sempre foi fã de Arturo Perez-Reverte, autor do livro best-seller 'La Reina del Sur', no qual a série é baseada. “Eu fiz o primeiro filme baseado em um de seus livros, 'El Maestro de Esgrima' (1992), na Espanha há mais de 20 anos. É um bom filme e eu conheci o Arturo. Desde então, passei a ler todas as suas obras e a acompanhar todos os filmes que eram inspirados em seus livros. Eu acabei de ler um, inclusive.” Mesmo sendo europeu, um português de Lisboa, Joaquim diz que não se intimida mais em dar vida a personagens latinos, já que “fiz tudo nessa vida”, como ele lembra. “Eu já fui cubano, fui colombiano, fui mexicano, fui boliviano, já fui tanta coisa, já fui europeu algumas vezes, italiano, francês, raramente português (risos), que não vejo problema em ser um líder de um cartel latino”, brinca o camaleão. “O engraçado é que, muitas vezes, em aeroportos, as pessoas acham que eu sou de qualquer lugar, menos português. Sempre acham que sou da América do Sul. Quando digo de que sou português, já ouvi coisas do tipo: ‘nossa, que legal. Mas português do Brasil ou de Portugal?’”, conta, às gargalhadas. *O JORNALISTA VIAJOU A CONVITE DO CANAL SPACE

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