MEMÓRIA

J. Toledo - na Trilha do Surrealismo

Exposição na Escola Comunitária de Campinas relembra o artista plástico, escritor e fotógrafo J. Toledo

Delma Medeiros
delma@rac.com,br
02/03/2019 às 09:00.
Atualizado em 04/04/2022 às 22:06

A Galeria de Arte Francisco Biojone, da Escola Comunitária de Campinas, está iniciando a sua programação de 2019 com uma mostra muito especial, do artista plástico, escritor e fotógrafo Jota Toledo (1947 - 2007), cronista por anos do jornal Correio Polular. J. Toledo – na Trilha do Surrealismo, apresenta obras emprestadas do acervo de seu irmão José Luiz de Arruda Toledo, e faz um recorte de trabalhos que vão da década de 60 até os anos 80, abrangendo várias técnicas - um desenho, 12 óleos sobre tela, nove aquarelas (inéditas no espaço), sete fotografias e sete obras da sua última produção, as Tolegrafias, nome que ele dava às suas infogravuras. Entram ainda na mostra retratos e fotografias feitas por amigos de Jota, como o artista modernista Flávio de Carvalho, o pintor Egas Francisco, entre outros. “Faz dez anos que realizamos uma exposição do Jota e vimos que era o momento de promovermos outra. Como o intuito da galeria da escola é possibilitar aos alunos o contato com movimentos e artistas diferenciados, percebemos que já era hora de realizar uma segunda exposição, trazendo à tona a temática surrealista”, coloca Tina Gonçalez, curadora da exposição. “Por outro lado também é necessário marcar o percurso de um artista como foi o Jota, possibilitando que a obra dele não caia no esquecimento.” Segundo Tina, esta exposição ganha um significado a mais porque, por uma triste coincidência, na parte final da organização do evento, Diane Petty, inspiradora e companheira do dia a dia do artista por vários anos morreu. Tina cita ainda que algumas das obras presentes nesta mostra não estiveram na edição anterior. A partir das teorias psicanalíticas, o movimento surrealista foi formulado como um novo pensamento poético, lançado no manifesto escrito por André Breton em 1924. Com o objetivo de ultrapassar os limites da realidade, uma nova concepção de representação do mundo e do ser humano foi posta em cena pelo viés da estranheza, da transgressão da verdade sensível, da razão, da imaginação e do absurdo. Em oposição à cultura tradicional e aos valores morais definidos na sociedade, o processo criativo previa, de acordo com uma das normas propostas por Breton, a exaltação dos mitos, das fábulas e dos sonhos. “Foi nesse contexto que Jota Toledo trilhou a sua produção artística, denotando a influência de artistas como Salvador Dalí, Magritte, De Chirico, entre outros”, destaca Tina. A produção pictórica que marcou uma grande parte da sua carreira foi dando lugar para as obras fotográficas e literárias, indicando uma mudança de postura técnica sem, no entanto, abandonar a temática que o consagrou. Segundo especialistas, Jota Toledo foi um dos poucos artistas genuinamente surrealistas do Brasil. Sobre Toledo Aluno de Sergio Milliet – que o apresentou ao movimento surrealista -, Jota teve uma formação cultural relevante que permitiu que iniciasse sua trajetória artística aos 14 anos. Natural de São Paulo e morando em Campinas desde a década de 60, cercou-se de amigos com quem dividia sua cultura e humor. Contava também com o apoio incondicional de sua família e, posteriormente, de sua companheira Diane Petty. Era amigo de personalidades marcantes como o arquiteto e artista modernista Flávio de Carvalho, a poetisa e dramaturga Hilda Hilst, o escritor Jorge Amado, entre tantos outros a quem chamava carinhosamente de “compadre” e “comadre”. Publicou vários livros, entre eles Flávio de Carvalho – o comedor de emoções (1994), com prefácio de Jorge Amado; A Divina com mídia – crônicas bizantinas (1996), com apresentação de capa de Ignácio de Loyola Brandão, Dicionário dos suicidas ilustres (1999), com prefácio de Roosevelt Cassorla; e Dois uísques em Cafarnaum (2006), uma coletânea de textos publicados com exclusividade no jornal Correio Popular. Em vida ele realizou exatas 99 exposições – incluindo uma retrospectiva no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, em 1970. Sua centésima exposição foi Tolegrafias, uma homenagem póstuma realizada no Espaço CPFL Cultura, em Campinas em 2008.    AGENDE-SE O que: J. Toledo – Na Trilha do Surrealismo (Coleção de José Luiz de Arruda Toledo) Quando: até 23 de abril, de segunda a sexta, das 8h às 18h Onde: Galeria de Arte Francisco Biojone, da Escola Comunitária de Campinas (Rua Egberto de Arruda Camargo, 650, Jardim Notre Dame, fone: 3758-8500) Quanto: entrada franca

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