Um pouco do processo criativo e do universo mágico da escritora, poetisa e dramaturga pode ser conferido a partir deste sábado na Ocupação Hilda Hilst: até 21 de abril, data de nascimento da escritora
Casa do Sol de Hilda Hilst ( Cedoc/RAC)
“Quero ser lida”, repetia sempre Hilda Hilst (1930-2004), sem, contudo, abrir concessões na sua forma de produzir literatura. Um pouco do processo criativo e do universo mágico da escritora, poetisa e dramaturga pode ser conferido a partir da deste sábado (28) na Ocupação Hilda Hilst, a 22ª edição da série promovida pelo Instituto Itaú Cultural, de São Paulo e cuja exposição permanece em cartaz até 21 de abril data de nascimento da autora. A ocupação consiste em exposição e atividades paralelas como apresentações de peças baseadas em seus textos, leituras de suas obras, visitas monitoras à Casa do Sol — chácara em Campinas onde a escritora viveu por quase 40 anos e produziu a maior parte de sua obra —, além de show com o cantor e compositor Zeca Baleiro. “A série Ocupações homenageia artistas que são referências em suas áreas de atuação, seja literatura, música, artes plásticas, cinema. E para abrir a série este ano escolhemos a Hilda Hilst, uma escritora que tem uma trajetória especial na literatura brasileira, tanto pessoalmente como em sua escrita”, explica Claudiney Ferreira, gerente de Audiovisual e Literatura do Itaú Cultural e integrante da curadoria, feita em conjunto com o Instituto Hilda Hilst (IHH). “A Hilda foi uma mulher especial, que sempre soube marcar seu espaço, nunca aceitou ser relegada a uma posição menor”, reforça Daniel Fuentes, presidente do IHH. Para montar a Ocupação, especialmente a mostra expositiva, a curadoria contou com material do acervo do IHH — que está em processo de organização e digitalização com patrocínio do Itaú Cultural —, e do Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (Cedae) da Unicamp. “Há um universo infinito ao redor da Hilda. A primeira dificuldade foi encontrar o foco específico da exposição”, diz Fuentes. Segundo os curadores, nesta 22ª mostra da série, Hilda Hilst “não é apresentada, se apresenta”: tudo que está no espaço expositivo foi criado, sentido e escrito por ela. “A exposição é toda na primeira pessoa. Tem fotos, desenhos dela, manuscritos, trechos de seus diários, anotações sobre seu cotidiano e processo de criação, gravações dela falando, e um audiovisual de gravações em super 8 feitas por meu pai (José Luís Mora Fuentes) na década de 1970”, informa Fuentes. Hilda tem cerca de 40 títulos publicados, centenas de artigos impressos em jornais — por anos foi colunista do Correio Popular —, entrevistas, peças de teatro. Mas, para a exposição, a curadoria centrou em cinco títulos. “Não daria para abarcar toda a obra dela, então pensamos em títulos que não poderiam ficar de fora, que são emblemáticos de sua produção”, diz Ferreira. São apresentados os originas das obras 'Kadosh' (1973), 'Júbilo, Memória, Noviciado da Paixão' (1974), 'A Obscena Senhora D' (1982), 'Com Meus Olhos de Cão' (1986) e o 'Caderno Rosa de Lori Lamb' (1990), revisado e comentado pela escritora. “Com o intuito de assimilar o clima da Casa do Sol, criamos alguns ambientes de imersão. A Hilda era obsessiva com relação a listas, por exemplo, fazia lista dos nomes de seus cachorros, de artistas que se suicidaram, de amigos, escritores de referência, de compras do mercado, contas pagar. Em outro espaço, pode-se conferir as anotações que ela fazia dos sonhos que tivera na noite anterior; ou manipular perguntas que ela se fazia. A proposta é que as pessoas conheçam a obra e a pessoa Hilda Hilst”, afirma Ferreira. AGENDE-SE O quê: Ocupação Hilda Hilst - Exposição Quando: neste sábado (28), às 11h. Até 21/4, de terça a sexta, das 9h às 20h;sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h Onde: no Itaú Cultural (Av. Paulista, 149, Estação Brigadeiro do Metrô, São Paulo, fone: 11-2168-1776/ 1777) Quanto:entrada franca