O escritor nasceu em Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899 e morreu 86 anos depois, em Genebra, em 14 de junho de 1986: um dos autores do boom latino
Jorge Luis Borges em sua casa, em Buenos Aires, Argentina: foto de 1983 (Christopher Pillitz/Divulgação)
Jorge Luis Borges nasceu em Buenos Aires no dia 24 de agosto de 1899 e morreu 86 anos depois, em Genebra, em 14 de junho de 1986 - há exatos 30 anos. Mais conhecido por seu contos e ensaios, um dos autores do boom latino e criador de obras como 'O Livro dos Seres Imaginários, 'Ficções' e 'O Aleph, além do conto 'A Biblioteca de Babel', Borges deixou também uma vasta obra poética. Parte de seus textos foram reunidos no volume 'Poesia', traduzido por Josely Vianna Baptista e editado pela Companhia das Letras. Selecionamos um poema do volume, que, esgotado, é encontrado com sorte em sebos. Um Amanhã Louvada seja a misericórdia De Quem, completos meus setenta anos E selados meus olhos, Salva-me da venerada velhice E das galerias de precisos espelhos Desses dias iguais E dos protocolos, molduras e cátedras E da assinatura de incansáveis papéis Para os arquivos do pó E dos livros, que são simulacros da memória, E me prodiga o animoso desterro, Que talvez seja a forma essencial do destino argentino, E o acaso e a jovem aventura E a dignidade do perigo, Conforme opinou Samuel Johnson. Eu, que sofri a vergonha De não ter sido aquele Francisco Borges que morreu em 1874 Ou meu pai, que ensinou a seus discípulos O amor à psicologia e não acreditou nela, Esquecerei as letras que me deram alguma fama, Serei homem de Austin, de Edimburgo, da Espanha, E buscarei a aurora em meu ocidente. Na ubíqua memória serás minha, Pátria, e não na fração de cada dia. (Publicado em 'O Ouro dos Tigres', em 1972)