ARTE DE RUA

Grafiteiros colorem muro de um quilômetro em Campinas

O objetivo foi transformar o muro, repleto de pichações, em um espaço onde militantes do movimento do grafite pudessem deixar a sua marca

Cecília Polycarpo
26/04/2015 às 16:21.
Atualizado em 23/04/2022 às 15:36
A enorme obra, de pelo menos 100 artistas de rua, demorou um dia todo para ser feita (Camila Moreira/AAN)

A enorme obra, de pelo menos 100 artistas de rua, demorou um dia todo para ser feita (Camila Moreira/AAN)

Grafiteiros de diversas cidades do Estado se reuniram neste domingo (26) em Campinas para colorir um muro de um quilômetro de extensão da sede do Terminal Industrial, Cargas e Logística de Campinas (Ticlog), no Techno Park. A enorme obra, de pelo menos 100 artistas de rua, demorou um dia todo para ser feita. O objetivo foi transformar o muro, repleto de pichações, em um espaço onde militantes do movimento do grafite pudessem deixar a sua marca. A direção do Ticlog forneceu parte do material para a confecção dos desenhos, além de alimentação e infraestrutura para os artistas.O tema das pinturas foi livre- a inspiração guiou cada grafiteiro ou crew (nome dado a grupo de grafiteiros). Segundo a organização do evento, agora o muro é o terceiro maior grafitado de São Paulo. E não foi difícil juntar o batalhão de grafiteiros para participar da ação. "Quando fomos soltando a notícia do tamanho do mundo, diversas pessoas foram confirmando presença no evento. Não é comum oferecerem uma área tão grande para nós" , disse um dos organizadores, Murilo Henrique Moraes, conhecido nas ruas como Guri. Segundo ele, a divulgação da ação ocorreu por Facebook e Whatsapp, em grupos de grafiteiros conhecidos de São Paulo.Guri contou que partiu de um grupo de grafiteiros de Campinas a ideia de pedir para pintar muro do Tiglog. "A gente pediu para um dos diretores e ele topou. Depois fizemos algumas das reuniões só para decidir como seria o evento e a infraestrutura que eles ofereceriam. Mas a empresa nos deixou livres para fazermos qualquer coisa" . Ainda segundo o artista de rua, aos poucos, os grafiteiros estão ganhando espaço em muros de prédios privados e públicos, e sendo convidados para alegrar as cidades. "É um movimento lento, mas muita gente está perdendo o preconceito" .Os artistas de outras cidades começaram a chegar logo cedo, por volta das 7h30. Foi distribuído um espaço de cerca de cinco metros quadros para cada um dos convidados fazer uma figura, e cerca de dez metros quadros para quem quisesse fazer letras de grafite. Amilton Júlio, de 32 anos, conhecido na zona norte de São Paulo como Mister Peu, veio a Campinas com a sua crew, a SP Urban. O grupo fez vários desenhos, mas todos com inspiração no submundo das ruas. "Fizemos um projeto só, mas com várias imagens. Nosso plano é usar o relevo do muro para dar feito nas letras. E eu vou grafitar um rato" , disse Mister Peu.Uma carpa vermelha e amarela, estilizada, foi a escolha de Leandro Souto, de 32 anos, que assina com o codinome Crânio. O artista de Campinas afirmou que conhece a organização do evento e não pensou duas vezes em comparecer. "É difícil reunir tanta gente assim. Precisa de organização, infraestrutura. Ações assim são raras" , afirmou. Crânio disse que, até então, o maior muro que havia pintado com outros grafiteiros fica em Hortolândia, de 600 metros de extensão. Novata no grafite, Elisa Prietro, de 30 anos, era uma das poucas meninas no evento. "Estou aprendendo ainda, por isso estou fazendo aos poucos. Pedindo opinião do pessoal" , falou.Johnny de Oliveira Assis, 26 anos, decidiu desenhar o próprio rosto no muro. "Quando soube que era um dos maiores do Brasil, achei que não deveria só assinar um desenho. Decidi deixar minha cara aqui" .

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