ENTREVISTA

Glória Kalil em entrevista: Chic é ter conteúdo

Empresária e consultora de moda enfatiza a importância de respeitar o estilo pessoal

Karina Fusco
26/05/2013 às 21:53.
Atualizado em 25/04/2022 às 14:31
Metrópole entrevista Glorinha Kalil (AAN)

Metrópole entrevista Glorinha Kalil (AAN)

A empresária e consultora de moda Gloria Kalil visitou Campinas na última terça-feira, 21. Ela era uma das profissionais convidadas para o Encontro do Luxo, realizado na Via Appia e que contou também com a participação do hair stylist Celso Kamura, o cabeleireiro oficial da presidente Dilma Rousseff, que abriu o evento falando brevemente sobre imagem. Gloria, que é autora de vários livros, entre eles Chic: um Guia Básico de Moda e Estilo, Viajante Chic, Alô Chics! e Chic(érrimo), falou sobre moda, estilo, etiqueta e elegância para cerca de 700 pessoas e fez questão de enfatizar que o estilo deve se sobressair ao que consideramos moda.

Para ela, moda e informação são conceitos que caminham juntos em tempos de sociedade globalizada. “Basta dar uma volta no shopping ou acompanhar as redes sociais para saber o que está sendo usado”, ressaltou. Na passagem pela cidade, ela ainda afirmou que não é necessário comprar roupas o tempo todo nem gastar muito para estar bem-vestido. “O pretinho básico, por exemplo, basta ter um no guarda-roupas. O que a mulher precisa fazer é atualizá-lo a cada dois ou três anos”, orientou.

Quando o bate-papo seguiu para o aspecto do comportamento, Gloria defendeu que a própria sociedade trata de dar as respostas e criar as regras que devem ser seguidas para resolver as necessidades que surgem no dia a dia.

Metrópole – Nos dias de hoje, o que é estar na moda?

Gloria Kalil – Estar na moda é estar informado. De uns tempos para cá, a moda deixou de ser algo restrito e passou a estar relacionada também a comportamento e individualidade. Acredito que a palavra “estilo” é tão ou mais importante do que o termo “moda”. Porque estilo é escolha e moda é oferta. E saber optar por essa ou aquela peça de roupa está dentro da pluralidade da moda.

O estilo, então, deve se sobressair sempre?

Todo mundo tem seu estilo. Eu sei qual é o meu, assim como todos conhecem o seu. Ao se preparar para sair de casa, a pessoa escolhe a roupa que mais a representa e que traduz como ela quer ser vista. Com o cabelo, cada um sabe o corte que lhe cai bem. E com o vestuário acontece a mesma coisa. No passado, a moda era bastante exclusiva, atingia primeiramente a elite. No entanto, a partir da década de 1990, foram as ruas que passaram a inspirar os estilistas e isso possibilitou incluir todas as camadas sociais. E, então, a moda passou a ser expressão pessoal em vez de expressão de classe.

Qual a importância da aparência na sociedade atual?

Ela tem um peso enorme, mas não basta ter boa aparência; é necessário ter conteúdo. Aliás, é preciso cuidar do conteúdo como se cuida do visual. Quando há equilíbrio entre esses dois pontos, é possível ser chique.

Como você avalia o mercado de luxo no Brasil?

Ele está se estabelecendo e isso quer dizer que ainda não tem tradição por aqui. O Brasil está tendo grande visibilidade e, com isso, tanto nós temos mais acesso a gastronomia, viagens, produtos e serviços luxuosos, quanto as grandes marcas estão de olho no País. Porém, deve-se pontuar que a noção de luxo é muito variada. As pessoas estão conhecendo os produtos desse segmento e, quanto mais conhecem, mais exigentes ficam.

É possível estar bem-vestido sem gastar demais?

Sim. Para estar bem-vestida, a pessoa não precisa gastar muito dinheiro, mas, sim, ter informação, que é diluída. Basta ver que as lojas populares trabalham com a informação de moda correta. Ninguém mais vende roupa. Todos vendem moda. Hoje em dia, basta dar uma volta no shopping e acompanhar as redes sociais, como o Facebook, para saber o que está sendo usado. Aí, cada consumidor analisa se aquilo o representa. Se não for o caso, deve recusar em nome do estilo.

E a moda sustentável? Qual sua opinião sobre ela?

É uma ideia interessante e luxuosa. Acredito que, atualmente, a roupa sustentável é cara porque poucos fazem, ainda que seja óbvio que todos temos que cuidar do planeta e dessa questão da sustentabilidade. Porém, penso que, a partir do momento em que for obrigatório seguir por esse caminho, a oferta de peças nessa linha será bem maior e o preço, mais baixo.

E o que o futuro reserva para a moda?

A moda do futuro vai depender da tecnologia, porque todas as formas já foram utilizadas e as releituras com suas adaptações já foram feitas. Esperamos tecidos novos, com novas possibilidades, como botões que você aperta e a cor se altera.

O que muda em relação ao comportamento numa época em que as redes sociais ditam novas maneiras para as pessoas se relacionarem?

Para tudo se estabelecem códigos. As regras aparecem para resolver problemas que a sociedade cria e, com isso, vão se organizando respostas surgidas por determinadas situações. Um bom exemplo é os convidados de um casamento darem presentes em dinheiro para noivos que já têm casa montada. Não tem nada mais deselegante na vida do que pedir dinheiro. Além do mais, presente não se pede. Para resolver esse problema, apareceram as listas de viagens, de cotas de lua de mel. A sociedade sempre trata de dar a solução.

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