Entrada Gratuita

Fúlvia Gonçalves expõe suas memórias na mostra "Territórios da Memória"

A artista plástica criou três séries nos dois últimos anos, num total de 40 quadros, que serão exibidos pela primeira vez em Campinas

Cibele Vieira/ [email protected]
19/07/2023 às 13:17.
Atualizado em 19/07/2023 às 13:17
Obras da exposição "Territórios da Memória" (Divulgação)

Obras da exposição "Territórios da Memória" (Divulgação)

Fúlvia tem uma história marcante em Campinas, tanto na vida acadêmica, onde ficou por mais de 30 anos, quanto na produção artística. E prestes a completar 86 anos, ela se renova mais uma vez e cria três séries com 40 quadros que serão exibidos entre 21 de julho e 31 de agosto na Galeria Rose Malveira, no Jardim Chapadão. "Tenho memória de muitas coisas passadas, que se tornam presentes. Pinto as 'gentes', suas emoções, fases e cotidianos", diz ela, bastante lúcida e sempre ativa. 

Usando uma técnica peculiar, a artista conta que faz um empaste na tela e, na superfície ainda úmida, usa o cabo do pincel para fazer os desenhos. Depois de secar, ela lixa e pinta com tinta acrílica. Foi assim que produziu - nos últimos dois anos - os quadros da série "Humanidades II" (12 telas de 0,80m X 0,80m) onde a figura humana prevalece; a série "Semente de Eternidade" (18 quadros na medida 1m X 0,70m), em que grandes sementes são apresentadas como cápsulas que eternizam a existência em impressão digital; e a série "Estantes de Humanidade" (dez telas de 0,40m X 0,40m), em que percorre memórias retratando a criatura humana em momentos particulares. 

O curador da exposição, Jorge Coli, comenta que "a arte de Fúlvia Gonçalves retrata uma humanidade subterrânea, como se estivesse em um estado de gestação, em constante transformação e evolução. Cada tela, aparentemente clara, conduz a um mundo oculto, repleto de mistérios e potencialidades". Para ele, que também é artista plástico e crítico de artes, "a pintora capta o ser humano em um estágio inicial, como se estivesse mergulhado nas profundezas da terra, conectado às suas raízes mais profundas. Parecem espectros potenciais, seres em formação. Suas pinturas evocam um sentimento de renascimento, de uma humanidade que se reinventa constantemente".

Nessa mostra, Jorge Coli diz que a artista "nos convida a refletir sobre a transcendência do tempo e a conexão profunda que compartilhamos com o ciclo interminável da vida". A técnica da artista "combina acordes de cores e texturas sutis para transmitir emoção e profundidade. Seu estilo cativa o espectador, levando-o a uma jornada introspectiva, onde é possível contemplar a beleza e a complexidade da existência. E convida-nos a explorar os mistérios da humanidade e a refletir sobre nosso papel neste mundo em constante transformação, contemplando a natureza cíclica da existência e a reconhecer a beleza e a fragilidade de nossas jornadas individuais".

A Galeria Rose Malveira foi inaugurada no dia 1º de abril em Campinas e a paulistana que empresta seu nome ao novo ponto de arte e cultura da cidade explica que convidou Fúlvia para expor ao ser despertada por uma de suas séries de pinturas. "Era uma série sobre a humanidade e sua transformação, por isso quis saber, do ponto de vista de uma mulher artista e tão experiente, qual seu olhar sobre a evolução humana. Ela falou tão poeticamente que, por encantamento, quis conhecer suas obras. As cores, as formas, suas palavras estão todas aqui na galeria me fazendo refletir sobre meu papel nesse mundo tão cheio de possibilidades!", relata Rose. 

Evolução pelos tempos 

Fúlvia Gonçalves mora em um apartamento no Centro de Campinas, onde mantém um pequeno ateliê. "O que me vem na cabeça eu vou fazendo, tenho uma mapoteca lotada de desenhos que vou criando", revela. Ela gosta de trabalhar na prancheta (e não no cavalete), e suas produções contemporâneas lhe rendem convites para expor pelo menos uma vez ao ano. Questionada sobre que tipo de mensagem gostaria que a atual exposição passasse ao público, ela respondeu que nunca gostou de conduzir, mas que aprecia muito a interação do espectador com suas obras, ficando sempre atenta aos comentários feitos. Sobre seu estilo, afirma que é uma pintora contemporânea, mas gosta de mudar as técnicas. 

A artista é a única de Campinas com obra no acervo do Museu do Louvre, em Paris (uma série de três quadros onde retrata a Monalisa dentro de um pote transparente com a etiqueta "eternidade"). Participou de exposições em vários países e acumula prêmios nacionais e internacionais. Em Campinas, além de expor, foi cofundadora do Instituto de Artes da Unicamp, onde deu aulas até se aposentar. Nascida em Pedreira (SP), filha de uma modista e um funcionário da Companhia Mogiana, Fúlvia tem dois irmãos: Gláucia, com quem mora hoje, e Lauro Péricles Gonçalves, que foi prefeito de Campinas nos anos 1970. A família passou por várias cidades em função da profissão do pai até chegar em Campinas, onde a artista se dedicou ao trabalho entre o ateliê e à docência na Unicamp.

PROGRAME-SE

Exposição "Territórios da Memória"

Quando: abertura na sexta-feira, 21/7, às 18h; visitação até 31 de agosto, de terça a sexta, das 10h às 18h e sábados das 9h às 13h

Onde: Galeria Rose Malveira - R. Celso Egídio de Souza Santos, 407, Jardim Chapadão

Entrada Gratuita

Informações: Whatsapp (19) 9 8821-2736 ou Instagram: @galeriarosemalveira

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