JOGO

Fomos no Escape Room, e quase conseguimos

Dica: se você nunca entrou numa Escape Room, junte um grupo de novatos também. É mais legal aprender todo mundo junto

Fábio Trindade
08/10/2016 às 22:00.
Atualizado em 22/04/2022 às 22:12
Ambientes onde ficam os jogadores são ricos em detalhes e escondem inúmeros mistérios: emocionante corrida contra o relógio (DIVULGAÇÃO)

Ambientes onde ficam os jogadores são ricos em detalhes e escondem inúmeros mistérios: emocionante corrida contra o relógio (DIVULGAÇÃO)

E, agora, por onde eu começo? Calma, caro leitor, não estou falando deste texto. Escrever aqui é fácil perto da ideia de ser trancado numa sala onde só se sai após desvendar inúmeros enigmas num curto espaço de tempo. Mais do que isso, são charadas que você não tem ideia de onde estão, como funcionam, o que elas representam e por qual caminho seguir. Por isso, quando se entra numa Escape Room, a primeira pergunta que surge, involuntariamente, é: Por onde começo? Você está ali, em pé, num lugar estranho, cheio de aparatos e escritos que, num primeiro momento, não significam nada, não fazem sentido. Você olha para os lados, tateia alguns objetos, tenta fazer um reconhecimento que, no fundo, também não quer dizer nada. Não há nada familiar ali. Sem contar que, no fundo, o mais interessante de um jogo de enigmas é que nem a resposta para aquela pergunta inicial ajuda muito. Saber o início de um puzzle não significa que seus problemas acabaram. Eles só começaram. Claro que nem todos passam por isso. Por exemplo: "Duzentos dólares por seis minutos de diversão?" Questiona Leonard (Johnny Galeck) ao encarar – e vencer – sua primeira Escape Room na aclamada série The Big Bang Theory. Ele, Amy (Mayim Malik) e Raj (Kunal Nayyar) foram levados ao jogo por Emily (Laura Spencer), que lhes convenceu a participar da brincadeira ao contar que eles entrariam numa sala com diversos enigmas e teriam que resolvê-los em até uma hora para poder escapar dela. Um desafio que nenhum cientista, obviamente, recusaria. Quem acompanha a série, porém, sabe que eles não são simples mortais. São gênios capazes de criar engenhocas inimagináveis. Por isso, como resultado ao embarcarem na sala, e como dito, encontraram a chave que os libertaria em seis minutos, deixando a brincadeira bastante sem graça. Ninguém poderia imaginar que eles decifrariam coordenadas complicadíssimas em segundos, encontrariam objetos escondidos num piscar de olhos e saberiam exatamente o que fazer, apesar da total falta de dicas, assim que pisassem na sala. Como explicado, a ideia é justamente soltar um grupo de amigos naquele labirinto de puzzles para eles quebrarem a cabeça até tudo começar a fazer sentido. E, mesmo assim, nem sempre conseguir chegar ao resultado final. Amy, assim como qualquer ser humano, fez a bendita pergunta ao pisar na sala: "Nós começamos por onde?", tendo como resposta de Emily que "precisamos procurar as dicas espalhadas pela sala". A diferença é que eles descobriram tais pistas rápido demais e tudo fluiu além do aceitável. A questão é: se você não é um super gênio a altura de Amy, Leonard e companhia, você não vai repetir essa façanha ao tentar sair de uma Escape Room. Afirmo isso por experiência própria – o início do texto, aliás, deixa isso claro. Tal jogo, que nasceu no Oriente mas logo virou febre no mundo todo, finalmente chegou a Campinas e a reportagem experimentou as duas salas já disponíveis por aqui. Elas estão no Challenge Room, local especializado no assunto, localizado no Cambuí, que tem feito a alegria das pessoas que não tem medo de desafios. Apesar de bastante conhecido, era a primeira vez deste que vos escreve num jogo assim. São Paulo conta com inúmeras escape rooms, mas o interesse nunca foi forte o suficiente para procurar uma. Por isso, decidir encarar tal aventura aqui em Campinas seria estar preparado para o novo, o inusitado, o estranho. "E se eu não conseguir escapar", é a pergunta que surge antes daquela no início. Bom, a chance de isso acontecer, sinto dizer, é grande. Mas tirando a frustração, alguém te resgata de lá e vida que segue. Não a mesma vida de antes, já que tudo aquilo, prepare-se, te despertará uma enorme vontade de se arriscar de novo, e de novo, até desbravar e vencer aqueles enigmas que riem da sua cara. Você quer rir deles também. O jogo A primeira sala é uma biblioteca, envolta numa história chamada O Manuscrito Voynich, enquanto a segunda, Ameaça Nuclear, como o nome diz, exige que os participantes desativem uma bomba que ameaça o mundo (há uma terceira, tendo o circo como tema, prestes a ser lançada). Mas como marinheiro de primeira viagem, faço uma dica importante: quanto menos o jogador souber, mais interessante fica. As equipes que entram na sala para tentar escapar podem variar de 4 a 10 pessoas. A minha tinha quatro. É pouco. Duas delas, conhecidas ali, naquele momento. Para sair, somente com um bom trabalho em equipe, pois há muitas coisas para se resolver. Entrosamento faz toda a diferença e demora um tempo até engatar um mesmo raciocínio. Tanto que, depois de enfrentar a biblioteca, tudo fluiu muito melhor na Ameaça Nuclear, bem mais difícil que a primeira – e com uma pegada de raciocínio também diferente. Enquanto a primeira é feita de dicas, a segunda consiste mais em tarefas – deixando a experiência de sair das salas muito diferente uma da outra. Do grupo, apenas uma pessoa já tinha participado de uma Escape Room, e isso também fez diferença. As comparações com a tentativa anterior aconteciam o tempo todo, o que pode tirar um pouco o encanto de quem está ali na primeira vez. Mas já tendo feito, é inevitável. Tanto que comparações foram frequentes por todo o grupo na segunda sala, mas neste caso todos sabiam o que estava sendo falado. Portanto, dica número dois: se você nunca entrou numa Escape Room, junte um grupo de novatos também. É mais legal aprender todo mundo junto. Seis pessoas é o ideal e nada de pânico, as dicas estão ali na sua frente. As que não estiverem, podem ser encontradas após vasculhar cada canto – mais uma dica. E, se em último caso, nada funcionar, há um telefone na sala que lhe permite pedir ajuda. A vontade é sair perguntando, mas quanto mais pedidos, menos pontos no final. Arrisque-se. Agende-se: O quê: Challenge Room Onde: Rua Doutor Emílio Ribas, 147, Cambuí, Campinas, fone: 3307-6236 Quando: Diariamente, das 10h às 22h (início do último grupo) Quanto: R$ 69 por pessoa (sem promoção) Reservas: [email protected] Classificação: Menores de 13 anos só podem jogar acompanhados de um adulto responsável. Há pacotes para empresas e escolas e a opção de realizar o desafio em inglês.

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