ALTERNATIVA

Filmes indicados ao prêmio da Academia não são os mais populares

"Interestelar", "Operação Big Hero", "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", "Debi & Lóide 2" e "Guardiões da Galáxia" foram os filmes mais vistos no ano passado

Da France Press
21/02/2015 às 17:30.
Atualizado em 24/04/2022 às 00:19
A série "Jogos Vorazes" começou em março de 2012 com o primeiro filme (Divulgação)

A série "Jogos Vorazes" começou em março de 2012 com o primeiro filme (Divulgação)

A força do cinema independente é maior do que nunca este ano na cerimônia do Oscar, com sete das oito produções indicadas a melhor filme dentro deste gênero, mas a bilheteria não reflete o gosto do público, que prefere grandes produções."Interestelar", "Operação Big Hero", "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1", "Debi & Lóide 2" e "Guardiões da Galáxia" foram os filmes mais vistos no ano passado nos Estados Unidos, mas os grandes favoritos a vencer o principal prêmio do cinema americano são "Boyhood" e "Birdman".O primeiro, dirigido por Richard Linklater, e o segundo, do mexicano Alejandro González Iñárritu, são filmes autorais, que superam uma arrecadação de 115 milhões de dólares combinados.O mesmo acontece com outros indicados a melhor filme, "Whiplash", "Selma" e "A Teoria de Tudo", enquanto "O Jogo da Imitação" e "O Grande Hotel Budapeste" tem uma arrecadação um pouco melhor, acima de 150 milhões cada, mas nada excepcional em um mundo de grandes produções.A exceção que confirma a regra é "Sniper Americano", filme de Clint Eastwood sobre a guerra do Iraque que conseguiu um grande sucesso nos Estados Unidos, um país fanático por histórias bélicas que envolvem seus soldados, onde conseguiu 300 dos 400 milhões de dólares arrecadados.O analista Jeff Bock, da empresa Exhibitor Relations, afirma que "muitas vezes a audiência ignora as melhores interpretações porque sente mais atração por 'blockbusters'"."Este ano, os candidatos ao Oscar são projetos muito pessoais, que oferecem ótimos papéis para os atores e atrizes, mas que não chegam necessariamente a um público grande", explica à AFP. Indicados deixados de lado O gosto do grande público ficou bem claro no fim de semana passado, a menos de 10 dias da grande premiação da indústria do cinema americano.Espectadores de todo o mundo se esqueceram dos indicados ao Oscar e invadiram os cinemas para assistir "Cinquenta Tons de Cinza", um drama erótico massacrado pela crítica e que arrecadou mais de 266 milhões de dólares em todo o planeta."Boyhood", que fez história na indústria cinematográfica por ter sido rodado em 12 anos e deixar evidente a necessidade de financiamento de projetos de baixo orçamento - custou apenas 4 milhões de dólares - ficou longe de um resultado expressivo nas bilheterias.Apesar da aclamação da crítica e de ter recebido seis indicações ao Oscar, o filme arrecadou apenas 43.000 dólares nos Estados Unidos no último fim de semana. Desde sua estreia no país, o filme obteve pouco mais de US$ 25 milhões de bilheteria.Um dos atores do filme, Ethan Hawke, indicado ao Oscar na categoria coadjuvante, defende a presença dos filmes "indie" na disputa com as grandes produções nas premiações de Hollywood. "Os prêmios são a forma que a indústria tem para a promoção. São importantes porque nos permitem seguir lutando e fazer que o cinema independente seja parte da cultura popular", declarou o ator no dia em que foi indicado.  Independentes em alta  O paradoxo não é uma novidade na história do Oscar. Basta lembrar de 2010, justamente quando a Academia ampliou de cinco para até 10 o número de candidatos a melhor filme, com o objetivo de garantir a representação do gosto do público.O favorito dos espectadores era "Avatar", uma superprodução de ficção científica de James Cameron que arrecadou 2,788 bilhões de dólares nas bilheterias, um recorde para um filme candidato.Mas o grande vencedor foi "Guerra ao Terror", uma história sobre três soldados americanos na guerra do Iraque, dirigido por Kathryn Bigelow, ex-mulher de Cameron, que arrecadou apenas 49 milhões de dólares."Crash: No Limite" (2006), "Onde os Fracos Não Têm Vez" (2008), "O Artista" (2012) e "12 Anos de Escravidão" (2014) também venceram o Oscar de melhor filme, apesar das bilheterias modestas.Com os dados sobre a mesa, produtores independentes como o poderoso Harvey Weinstein - que promoveu este ano "O Jogo da Imitação", "Um Santo Vizinho" e "Era Uma Vez em Nova York" - apoiam as decisões da Academia."Partiu meu coração que Amy Adams não tenha sido indicado por "Grandes Olhos", mas Marion Cotillard sim conseguiu (por 'Dois Dias, Uma Noite'), e este filme é incrível, mas não foi indicado a melhor filme. Isto é o que torna o jogo interessante", afirmou no início do mês em Sundance, o festival de cinema independente por excelência.

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