CRÍTICA

Filme 'Homem-Formiga' estreia nesta 5ª: herói sem pretensão

Baseado nas histórias em quadrinhos, longa-metragem de Peyton Reed diverte com inteligência: ator Paul Rudd (também coroteirista) empresta carisma ao herói

João Nunes/Especial para o Correio Popular
correiopontocom@rac.com.br
16/07/2015 às 10:00.
Atualizado em 28/04/2022 às 16:51

Cena do filme 'Homem-Formiga', que tem direção de Peyton Reed ( Divulgação)

'Homem-Formiga' (Ant-Man, EUA, 2015), de Peyton Reed, prova uma vez mais que na arte não importa o gênero, mas a qualidade do resultado final. Não existem gêneros, temas ou ideias ruins; existe a má execução. Como não sou nem um pouco ligado a HQs, eu não esperava nada do filme que estreia hoje nos cinemas.E, sem ser obra-prima (nem próximo disso), 'Homem-Formiga' surpreende positivamente pela falta de pretensão na abordagem do que seria um personagem menor (pelo menos na minha visão de leigo) em relação aos famosos heróis a que nos acostumamos ver nas telas. A despretensão não significa pouco investimento dos estúdios Marvel no projeto. Mas tem-se a impressão de que os produtores decidiram colocar uma tropa de choque na rua a fim de transformar um personagem aparentemente modesto (além de tudo, venal, pois é um ladrão) em produto de peso. E conseguiram. Paul Rudd (também coroteirista) empresta carisma ao herói por ser bom e versátil ator. Ele nos convence e desperta empatia desde a primeira e ótima sequência na qual leva porradas na despedida da cadeia. E, depois, emenda série de gags, diálogos e situações que conquistam o espectador. A razão está no esmero da produção (como é bom ter bastante dinheiro!), que inclui efeitos especiais de extrema qualidade (o movimento das formigas, por exemplo) e em todo aparato tecnológico e técnico (a fotografia de Russell Carpenter), a música mais ou menos padrão de Christophe Beck, mas, pelo menos tem sutilezas e permite pausas; e, por fim, o humor. Não piadas, mas situações que provocam riso. E nisto há remissão a 'Os Vingadores' (Joss Whedon, 2012), não por acaso citado explicitamente com a aparição de Sam Wilson/Falcon (Anthony Mackie), pois o Homem-Formiga foi um dos fundadores destes no universo da HQ. Costumo ser avesso a roteiros escritos por muita gente, pois implica em excesso de opiniões e, comumente, geram equívocos. Entretanto fui derrotado pela minha lógica, pois a partir do original de Stan Lee, Larry Lieber e Jack Kirby, nada menos que seis pessoas escreveram e colaboraram com o roteiro. E funcionou, o que reforça minha opinião sobre o esforço da produção para, a partir da despretensão, se superar. A história não foge ao óbvio. No entanto, e o mais importante, abriu possibilidade de brincar com os clichês — como Paul Rudd faz o tempo todo. Apesar de ladrão, seu Scott Lang se assume como tal e se dá o codinome de “bom ladrão”. E tem um objetivo quase banal: ver a filha que está com a mãe e um padrasto chato e policial (que ironia) trapalhão (Bobby Cannavale). Mas a filha não se importa; para ela, o pai é um herói. E há o cientista louco, Hank Pym (Michael Douglas), que trabalhou o projeto do homem-formiga no laboratório; o alucinado Darren Cross (Corey Stoll), pronto para explodir o mundo (obsessão dos vilões); e a mocinha Hope Van Dyne (Evangeline Lilly), com quem Scott Lang se dará bem. Ou seja, tudo como deve ser. Com a diferença de que o filme não se leva a sério e isto funciona como trunfo. Não bastasse, há um ótimo coadjuvante, Michael Peña, como o personagem latino Luis. O segredo: tenha orçamento de milhões de dólares em mãos, disponha de bons roteiristas que escrevam inteligentes diálogos, use referências da hora (muito boas as piadas sobre 'Titanic'), acrescente o humor esperto, misture tudo e leve ao forno.O resultado é um filme divertido, bem realizado e criativo, como demonstra a luta no autorama — grande sacada e um dos melhores momentos. PS: espere terminar os créditos, pois há duas boas cenas-bônus.

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