Roupas expostas são desde o início da carreira do cantor com o grupo Secos e Molhados
A ousadia, irreverência e brilho dos figurinos usados pelo cantor Ney Matogrosso desde o início da carreira com o grupo Secos e Molhados, marco revolucionário da música popular brasileira, podem ser conferidos e relembrados na exposição "Cápsula do Tempo: identidade e ruptura no vestir de Ney Matogrosso", em cartaz a partir desta segunda-feira (11) no Senac Campinas. A abertura será marcada pelo talk show "Interpretando Ney Matogrosso", com o carnavalesco Milton Cunha, curador da exposição, e a fotógrafa oficial do artista, Rita Vicente, além de docentes da área de moda do Senac.A mostra, que estreou em agosto do ano passado no Senac Santo Amaro e já passou por outras unidades, encerra em Campinas sua temporada no Estado de São Paulo, seguindo depois para o Rio de Janeiro e outros estados brasileiros. Em Campinas, a exposição conta com 15 figurinos e objetos originais como sapatos, colares e adereços usados pelo artista, restaurados pela equipe da Modateca do Senac Santo Amaro. Os trajes estão expostos em manequins feitos especialmente com as medidas e feições do cantor.“Há algum tempo o Ney buscava uma pessoa ou instituição para doar seus figurinos, porque não tinha mais como guardá-los de forma adequada. Num contato com o pessoal da Modateca do Senac, decidiu fazer essa doação”, conta Milton Cunha, amigo, cenógrafo e figurinista do cantor, que o indicou como curador da mostra. Segundo Cunha foram dois anos de trabalho de restauro e catalogação dos figurinos, até concluir a exposição que inaugurou na unidade Santo Amaro o Espaço Ney Matogrosso.“Para abarcar todas as fases da carreira do Ney, criei as cápsulas do tempo e separei a exposição — que no total têm 45 figurinos — em três ilhas”, explica Cunha. A primeira leva o nome de "Pérola: o ser e a moda". “Nela entram os toureiros de Saint-Laurent, as placas de Paco Rabanne, a modelagem justa de Ocimar Versolato. A coleção de trajes do Ney dialoga com várias referências das grandes coleções de roupa”, afirma Cunha. Nesta série, as cápsulas são de cor mostarda. "Neandertal: de volta ao lugar onde tudo começou", mostra o Ney orgânico, selvagem. “As peças desta série utilizam cordas, ossos, folhas, sisal, sementes, cocares. Nos anos 70 Ney retomava as origens da humanidade, antecipando a onde étnica e ecológica que invadiria a moda e os costumes na década de 80”, diz o curador, citando que aqui as cápsulas são azuis. A terceira série é "Farol: a sina de ser espelho", em cápsulas vermelho cereja. “Esta é a ilha do brilho, dos espelhados, lamês, glitter, strass, paetês, colares, é a luz sinalizadora de quem nasceu pra brilhar.”A bibliotecária do Senac Campinas, Tarciana de Souza Barbosa Migotto, informa que a Modateca da unidade Santo Amaro se transformou numa espécie de museu Ney Matogrosso, mantendo em exposição permanente 220 peças, entre figurinos, acessórios, material de palco. As peças doados pelo cantor ficam disponíveis para pesquisas no Espaço Ney Matogrosso, na biblioteca do Centro Universitário Senac - Campus Santo Amaro, na Capital, para estudantes e pesquisadores de moda. “A Modateca é um espaço de pesquisa e preservação histórica. Essa coleção mostra a importância da criatividade e da cultura ligadas à MPB”, diz Tarciana. Segundo ela, a parceria nasceu do desejo de criar um espaço que preservasse as memórias do artista e da cultura nacional e se tornasse fonte viva de pesquisa. ServiçoO quê: Exposição "Cápsula do Tempo: identidade e ruptura no vestir de Ney Matogrosso"Quando: Abertura hoje, às 19h30 (inscrições pelo site: www.sp.senac.br/campinas). Até 9/12, de segunda a sexta, das 8h às 21h; e sábado, das 8h às 17hOnde: Senac Campinas (Rua Sacramento, 490, Centro, fone: 2117-0600)Quanto: Entrada franca