O evento — que começou no dia 20 e termina hoje em Pelotas (RS) — conta com quatro alunos de música da Unicamp que se apresentaram com trompetes, percussão e canto lírico
Marilia Carvalho, cantora lírica, e Pierre Macedo de Souza, percussionista, são dois dos estudantes da Unicamp selecionados para o festival — um dos maiores eventos de música de concerto da América Latina (Divulgação/Paulo Rossi)
Marilia Carvalho, moradora em Campinas, vinha há três anos tentando participar do Festival Internacional de Música, promovido pelo Sesc de Pelotas (RS). Ela foi selecionada este ano, logo após se formar em canto erudito pela Unicamp, e está entusiasmada com o aprendizado adquirido. O Festival, que está na 13ª edição, é um dos maiores eventos de música de concerto da América Latina, promove cursos de especialização musical conduzidos por um quadro de 50 professores — músicos renomados de diferentes partes do mundo — que compartilham seus conhecimentos com um grupo de mais de 350 jovens alunos selecionados.
Entre os bolsistas selecionados — vindos de 19 Estados do Brasil e do Distrito Federal, além de países como Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Porto Rico e Uruguai —, estão outros três alunos da Unicamp. Pierre Macedo de Souza, que é estudante de percussão erudita, e seu amigo Bruno Almeida de Carvalho, que cursa trompete erudito, também participam pela primeira vez do Festival e fazem uma apresentação hoje à tarde, tocando com um grupo formado por nove músicos vindos de Campinas, Goiânia e de Pelotas. Também participa do evento Gustavo Henrique de Souza Moraes, outro estudante de trompete erudito na Unicamp. Os três são de Bragança Paulista e estão morando em Campinas desde o início da faculdade.
O FESTIVAL
O 13º Festival Internacional Sesc de Música termina hoje à noite (dia 31), com um concerto especial no Largo do Mercado Público, em Pelotas (RS), encerrando uma programação de 63 apresentações artísticas gratuitas em vários espaços públicos, além dos cursos de especialização musical iniciados no dia 20. Foram montadas classes de especialização musical em violino, viola, violoncelo, contrabaixo, harpa, flauta, oboé, clarinete, fagote, trompa, trompete, trombone tenor e baixo, tuba, saxofone, eufônio, percussão, canto lírico, piano, composição e choro. Elas foram conduzidas por professores convidados de diversas nacionalidades e diferentes partes do Brasil. Ao todo, foram 12 países representados.
EVOLUÇÃO TÉCNICA
Desde que soube desse Festival há três anos, eu vinha tentando participar, conta Marilia. O método de inscrição é o envio de um vídeo com uma interpretação de livre escolha na área pretendida, que passa pela avaliação dos professores. No caso de Marilia, ela enviou um canto lírico. Desde que chegou como bolsista ao evento, já participou de várias apresentações públicas com acompanhamento de pianistas e hoje, no encerramento, atuará também em um recital de canções de Câmara.
O maior aprendizado que Marilia trará na bagagem é a evolução profissional. "Participamos de masterclass com alunos de vários locais e aprendemos muito, recebemos dicas de técnicas vocais dos especialistas, é um crescimento incrível", comenta. Além de ter contato direto com profissionais de alto nível — considerada uma oportunidade rara nesse meio —, chamou sua atenção "o ambiente tranquilo, colaborativo e acolhedor, onde não há espaço para disputas, mas sim para um aprendizado profundo".
Ela é paulistana e mudou para o distrito de Barão Geraldo, em Campinas para estudar e, hoje, já formada, pretende permanecer na cidade, onde há alunos de canto erudito. Embora saiba das dificuldades da carreira de cantor lírico no Brasil — ela é soprano —, pretende conciliar carreira educacional com a de cantora e, para isso, este ano começa a cursar a Academia de Ópera do Teatro São Pedro, na Capital paulista. Para essa nova etapa, leva a experiência em várias óperas montadas durante o curso na Unicamp.
A PERCUSSÃO DO CHORO
O estudante do 5˚ ano de Música — Percussão Erudita da Unicamp, Pierre Macedo de Souza, veio de Bragança Paulista para estudar em Campinas. Esta é sua primeira participação no Festival e, para ser selecionado, enviou um vídeo, com o amigo Bruno, do trompete, com a composição que ele chama de "choro sambado". Hoje, no encerramento do Festival, eles se juntam a um grupo regional para nova apresentação.
A primeira experiência musical de Pierre foi na fanfarra da escola pública onde estudava, em Bragança, aos 12 anos de idade. Passou por banda marcial e depois integrou, por cerca de dez anos, a Lyra Bragança, um projeto social criado por Marcos Bonan, ex-integrante da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). "Foi ali que tive as primeiras noções técnicas de percussão, conheci o lado erudito da música, pude vivenciar outros instrumentos e isso me influenciou para cursar essa área na Unicamp.” Depois de se formar, ele pretende manter a atividade como professor e sonha em integrar uma orquestra. Atualmente, ele participa de grupos de música popular que se apresentam em várias cidades paulistas.
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