Filme de Sérgio Rezende tem Mateus Solano na pele de juiz que combate o tráfico
Mateus Solano como Vitor, inspirado no magistrado Odilon de Oliveira (Divulgação )
Não é oportunista (foi escrito há quatro anos e baseado em história real), mas oportuno. A frase de Sérgio Rezende, diretor de Em Nome da Lei, na coletiva de lançamento do thriller, em São Paulo, indica claramente por onde trafega o filme. A ressalva serve porque, sim, há claramente atualização do roteiro e da abordagem para os dias atuais, especialmente em relação à atuação de Sérgio Moro, juiz da operação Lava Jato — até a foto do cartaz com Mateus Solano, o protagonista, faz remissão ao magistrado paranaense. E, em diversos momentos, os diálogos dão pistas de que estão falando de um sujeito conhecido nacionalmente e que despertou amores e ódios pelo País. “Ele é vaidoso”, “não escuta ninguém”, “quer aparecer mais que o próprio fato” — são expressões (citação livre) intimamente ligadas a Moro. Esta é a única carta do filme. Se funcionar para o público, parabéns à produtora Mariza Leão, que acertou mais uma vez. Se for o contrário, não há nada a reclamar, pois motivos não faltam. Rezende dirigiu outras produções de gênero e, portanto, conhece a gramática e sabe das muitas dificuldades a serem enfrentadas. O primeiro senão é o excesso de didatismo do roteiro, especialmente nos diálogos — todos corretos como informação, mas parece que há juízes e advogados falando palavras e expressões do complexo idioma do direito aos ouvidos dos atores. Só para corroborar com o argumento, os melhores diálogos não têm a ver com Direito, mas com pessoas de carne e osso que, não por acaso, estão na mais significativa cena do filme protagonizada por Sílvio Guindane. Além de um belíssimo trabalho de ator, de uma não menos bela fotografia e com trilha adequada para criar a atmosfera que a cena pede, há alma naquilo que os atores falam e vivenciam. Muitos diretores concordariam com Rezende por prescindir de preparação de ator. Pois, pode se falar o que quiser dos preparadores (há bons argumentos contra ou a favor), mas é nítida a diferença para pior de um filme que não teve o trabalho desse profissional e do que teve. E este é outro dos problemas de Em Nome da Lei: uma mise-en-scène pouco convincente que não atende à demanda do thriller. E, embora seja suspense com toques policiais e de ação, gêneros que pedem edição acelerada, a montagem segue a cartilha, mas um problema o precede. Não adianta inúmeros cortes para determinar o ritmo, se a encenação não der apoio para que estes sejam bem feitos de modo que o espectador nem os perceba. Resta a história real. Vitor (Mateus Solano), jovem juiz chega à pequena cidade da fronteira paraguaia disposto a desmontar o esquema de contrabando e tráfico de drogas da região, controlado pelo mafioso Gomez (Chico Diaz). Ele conta com a colaboração da procuradora Alice (Paolla Oliveira) e da equipe do policial federal Elton (Eduardo Galvão). Falta liga ao suspense. O romance entre o juiz e a procuradora não funciona, assim como vários momentos que se repetem (depoimentos, mandados de prisão, operações abortadas). Uma pena. O filme não corresponde à boa história real do juiz mato-grossense Odilon de Oliveira, inspiração do roteiro. AGENDE-SE Em Nome da Lei está em cartaz em Campinas e região nas salas Cineflix Galleria, Cinemark, Cinépolis, Cinesystem, Kinoplex, Moviecom, Multiplex e Top Cineplex Prado 4.