peças mínimas, olhar máximo!

Exposição "Mínimo Múltiplo Comum" abre neste sábado em Campinas

Quem visitar a mostra, no Ateliê de Criatividade, vai exercitar o foco nos detalhes para enxergar o que é importante

Cibele Vieira/ [email protected]
28/10/2022 às 09:59.
Atualizado em 28/10/2022 às 09:59
"A Flauta Mágica", de Silvia Matos, remete à ópera homônima encenada em Campinas há 31 anos, trazendo memórias do passado e instigando a pensar em projetos do futuro (Divulgação)

"A Flauta Mágica", de Silvia Matos, remete à ópera homônima encenada em Campinas há 31 anos, trazendo memórias do passado e instigando a pensar em projetos do futuro (Divulgação)

Pequenas em tamanho, gigantes em significado. Assim são as obras que participam da exposição "Mínimo Múltiplo Comum", que abre neste sábado, 29, com uma proposta diferente: todas as peças são pequenas, para serem olhadas por cima, mas com atenção. A artista plástica Silvia Matos, que cedeu seu Ateliê de Criatividade para sediar a mostra, explica que "as peças minúsculas exigem um olhar mais atento, fazem com que as pessoas prestem atenção, se concentrem nas pequenas coisas. Isso vai contra a nossa rotina atual, influenciada pela internet, onde tudo é rápido, é superficial, basta uma olhada geral sem foco. Queremos que o visitante tenha essa experiência de estar atento aos detalhes, perceba que menos é mais".

A exposição tem esculturas, quadros, montagens, móbiles e objetos diversos, criados pelo coletivo chamado Antropoantro, atuante há mais de 20 anos e que reúne artistas independentes para semanalmente discutirem questões relacionadas à arte contemporânea. Participam com obras nesta montagem Inêz Fernandes, Lalau Mayrink, Olivia Niemeyer, Tina Gonçalez, Silvia Matos e Vane Barini.

Silvia Matos, que também é curadora, lembra que "as coisas mínimas têm potência máxima e em comum para as integrantes do grupo Antropoantro. É o que mostramos nesta exposição planejada e discutida online nesse tempo de afastamento e recolhimento causado pela pandemia".

Quem for visitar a exposição terá a oportunidade de dar uma olhada também no "Museu dos Que Já Foram" instalado nos jardins do Ateliê, como homenagem às vítimas da covid-19. Criado em fevereiro de 2021, o espaço aberto é formado por peças que foram se decompondo com o tempo e receberam um tratamento especial. Muitas esculturas da década de 1980, peças antigas e outros objetos foram instalados ao lado do tronco seco da amoreira que morreu, "mas todos mantêm sua beleza", diz Silvia.

Quando menos é mais

Uma maquete da ópera "A Flauta Mágica", encenada em Campinas em 1991, nas versões adulta e infantil, está na exposição. O cenário foi produzido por Silvia Matos, que construiu a maquete para estudar detalhes com os integrantes da apresentação. É a primeira vez que a peça é exibida publicamente. "Uma ópera é composta de música, de gestos, cenários e pode ser pensada a partir de uma maquete que organize tudo isso. Pequenas figuras nos remetem, se olharmos de perto, a espetáculos máximos, trazendo tanto memórias do passado quanto projetos do futuro", afirma.

Uma minibiblioteca também poderá ser observada na mostra, na estante de Olivia Niemeyer. São centenas de livros mínimos com escritos e desenhos. "É possível pegá-los, desdobrá-los e apreciar os seres que os povoam, como letras de um livro escrito pelo seu olhar. Mudá-los de lugar, de prateleiras, abrir, fechar e imaginar o que poderia conter alguns vazios e transparência", propõe a autora.

A situação da fome no Brasil também está presente na mostra, em uma provocação da artista Lalau Mayrink, que criou centenas de pequenas pedrinhas de argila montadas como um prato de comida em uma mesa posta. A obra recebeu o título de "Não me julgue pelas aparências" e critica a falta de alimento para a população mais pobre. Os dois anos contaminados pelo vírus da covid, de tamanho mínimo, também foram lembrados pela artista Vane Barini, que preencheu luvas cirúrgicas com enchimento de travesseiro e as montou sobre uma base de acrílico "como se contasse nos dedos o futuro".

Outra obra, também interativa, foi criada por Inêz Fernandes, combinando peças aleatórias de formatos e materiais bem diferentes, que podem ser manuseadas pelos visitantes, interferindo nas montagens. E Tina Gonçalez criou duas peças grandes instaladas na parede, mas com uma escultura mínima, feita em um giz de apenas dois centímetros, combinada às palavras sob o título: "eu quero o mínimo para falar".

PROGRAME-SE

Exposição "Mínimo Múltiplo Comum"

Quando: abertura no sábado, 29/10, das 11h às 16h, e visitação aos sábados (5,12,19 e 26) de novembro, das 10h às 13h

Onde: Ateliê de Criatividade Silvia Matos - R. Aristides Lobo, 1016, Cidade Universitária

Entrada Gratuita

Informações: Tel.: 3287-5594 ou Instagram: @silviamatosateliecriatividade

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